Capítulo 05

Dylan 

Antes de eu abrir os olhos os aperto um pouco mais imaginando que tudo o que eu vi agora a pouco foi apenas uma ilusão, duas crianças e a mulher que uma vez me fez desejar mais do seu corpo e a única em que um dia eu fui atrás. Mas vozes no que parece ser o quarto do hospital me fazem continuar ainda fingindo o meu "desmaio" o quão vergonhoso é isso? Eu desmaiei quando me deparei com a ideia de uma possível criança ser minha, os olhos que eu lembro ser verdes tão a marca registrada da minha família não deixam margem para dúvidas, eu sempre acreditei que Nadine não era uma mulher de muitos "amores" e o fato de eu ter tirado a sua virgindade comprova isso, e ter a certeza disso não me faz duvidar que essa criança é minha filha, mesmo se a minha deusa se negasse a dizer a verdade eu saberia. 

E ter a absoluta certeza disso me faz querer desmaiar outra vez, ainda bem que estou deitado, ouço Nadine contando como "nos conhecemos" e ela confirma o que eu já sabia, que a menina é a minha filha, nessa hora eu tenho vontade de me levantar como o flash pra saber se o meu pequeno bebê está bem, filha… que p0rra de mundo e esse em que eu sou pai…. E de uma menina. 

Já posso ouvir os meus amigos me zuando e ver os meus cabelos ficarem brancos antes do tempo, se bem que eu já estou perto dos quarenta… Eu tenho uma filha… e ela é tão parecida com ela …. Um sentimento estranho toma conta de mim, mas eu o afasto, não posso, agora não posso pensar no que não devo. 

Nadine,  a mulher que um dia foi a minha deusa por uma madrugada inteira que nos rendeu uma menininha, narra a sua chegada até aqui, eu fico louco em pensar que alguém pode querer machucá-las, mas sinto que ela ainda não está contando tudo, o padrasto bêbado infelizmente nos dias de hoje perante a lei tem a guarda legal da sua irmã, e ela fugir complicou um pouco o processo que eu poderia mover, mesmo que ela tenha fugido de um homem bêbado que queria machucá-la a justiça não veria com bons olhos o fato de ela não ter provas, não, não podemos contar com vizinhos, eu sou advogado a muito tempo para saber que não se pode confiar em testemunha, eles mudam de opinião a todo tempo, porque hoje em dia ninguém ajuda ninguém sem algo em troca. 

– É feio ficar ouvindo conversa de adulto – uma voz infantil extremamente doce sussurra em meu ouvido me assustando, mas disfarço a tempo e Nadine e sua amiga Antonella estão bastante concentradas em uma conversa para lá de horrível para uma criança de sei lá quantos anos, mas acredito que seja uns dois anos mais velha que Matheo, Olho para a menininha tão parecida com a Nadine os olhos castanhos e os cabelos pretos um pouco bagunçado como se ela tivesse acabado de acordar  e olhando um pouco mais notei que ela está de pijama com várias joaninha, mas pela tamanho não acredito que seja filha dela, ate porque a mulher que um dia chamei de deusa parece ser muito mais nova que Antonella.  

– Mas eu sou adulto – Sussurro de volta, um pouco ofendido confesso, não é possível que uma criança que não deve ter nem saído das fraldas vai querer me humilhar desse jeito. 

– Adultos não desmaiam como uns molengas – ela diz tão petulante quanto lembro ser a irmã, me pego imaginando se a pequena bebê será como elas e sorrio porque gosto dessa ideia.

– Eu não desmaiei – Eu digo e ela me olha como se eu fosse um palhaço – eu apenas estou cansado, adulto trabalha e eu trabalho muito. 

– Minha irmã também trabalha muito e não dorme por aí – ela diz colocando uma mãozinha na cintura me desafiando a mentir outra vez, então ouço um soluço de Nadine e olho em sua direção preocupado, ela conta como não quer perder a irmã para o padrasto, eu me sinto um idiota por não poder ajudá-la, com certeza na queda eu bati a cabeça, porque eu sou Dylan Foster e sempre sei o que fazer. A menininha me olha com os olhos assustados e tristes e isso mexe com um órgão que eu já não sabia que ele funcionava a um bom tempo, há mais de quinze anos para ser mais exato – Porque a minha irmã está chorando? 

– Não sei menina – eu digo em um suspiro, e então quando a minha deusa me nota e eu me deparo com os olhos castanhos tão diferentes de quando eu a conheci me causa algo novo dentro de mim,  antes eles tinham chamas, fome de viver, agora além das lágrimas eu vejo cansaço, dor e tristeza imediatamente sinto uma imensa vontade de colocá-la no colo e arrancar toda dor dela.

 Pigarreio quando ela limpa as lágrimas provavelmente para que eu não note, mas já foi tarde, Antonella se afasta um pouco só então noto que estou em uma cama ao lado da cama onde o bebê dorme tranquilamente com uma máscara acredito que de oxigênio, inalação não sei ao certo em seu rosto. 

Eu sou pai deste ser humano tão pequeno, que parece tão frágil, sento na cama e fico a encarando por um tempo, imaginando tudo o que elas devem ter passado de ruim, eu não queria ser pai, mas agora que eu sou me imagino como seria ter acompanhado tudo de perto, ela parece se assustar com algo mexendo as mãozinha e p0rra eu me assusto também pensando que aconteceu algo grave olho para as duas em busca de resposta e elas negam me indicando que está tudo bem. 

– Se ela não tiver a naninha dela enquanto dorme, ela se assusta– a menina sussurra para mim, e a irmã dá um leve sorriso confirmando o que a pequena joaninha diz, sim joaninha é um bom apelido para quem veste um pijama ridículo desses. 

– Eu não vou perguntar se ela é minha filha Nadine, eu sei que é – Digo encarando seus olhos assustados, não sei medir as palavras, então vou direto ao ponto. 

– Por favor não a tire de mim – É a primeira frase que eu a ouço dizer em minha direção, e ela acreditar que eu posso tirar a nossa filha dela me deixa enfurecido, mas diante de tudo o que ela está passando é um pouco compreensível que esteja assustada. 

– Eu sei como resolver o seu problema– começo a contar ela arregala os olhos, enquanto conversava com a menininha eu fiquei imaginando vários cenários para tudo o que elas passam acabar bem, e tudo o que eu consegui não foi de fato uma solução pensando só nela. 

– E como você vai resolver o meu problema? Estava fingindo um desmaio e ouvindo a nossa conversa? – ela pergunta engolindo em seco e não olhei para Antonella para saber que está me repreendendo com o olhar. 

– Vamos nos casar, só assim você conseguirá a guarda da sua irmã, e eu mantenho a vida de vocês estável– eu digo olhando para a minha filha, ainda não consegui pronunciar isso em voz alta, talvez se eu falar vai tornar tudo mais real ainda, e fico imaginando se eu estou preparado para tamanha responsabilidade.  

– Está me dizendo que para eu resolver toda a minha vida eu serei forçada a casar  com você?– Nadine pergunta em um rosnado de raiva, aí está  um pouco da mulher brava que eu conheci.

– Sim, é exatamente isso – digo dando de ombros – Foi o seu padrasto que nos forçou a fazer isso, e eu só vou poder ajudar se você estiver casada comigo. 

– Inacreditável — ela esbraveja colocando as mãos no rosto como se não acreditasse no que acabou de ouvir e Antonella coloca uma mão em seu braço 

– Acredite, eu também fui forçada a um casamento que eu não queria, e hoje eu sou a mulher mais feliz do mundo – ela diz sorrindo e se aproxima – É um segredo não conte a ninguém. 

A Nadine a olha desconfiada, e logo o bebê chama a nossa atenção novamente, ela corre para pegá-lo, o seu cheiro quando se aproxima um pouco de mim toma as minhas narinas, ela está exatamente igual, somente com uma curva mais acentuada, o que está a deixando mais gostosa ainda, hora errada para pensar nisso. 

Ela tira a máscara do bebê e pega a criança em seu colo com tanto amor e carinho que eu sinto vontade de me juntar a elas em um abraço em família… é isso que eu quero e vou fazer delas três a minha família, ou eu não me chamo Dylan put0 Foster. 

Não, sem o put0.

Agora é só, Senhor Dylan Foster.

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