Vou até o fim desse mistério

Eu sabia que era totalmente loucura e impossível, mas eu sentia, naquela casa algo tão familiar, como se já tivesse estado ali, não apenas isso, aquela casa me passava sentimento de lar. Parecia que havia morado e sido muito feliz naquele lugar. Não fazia a mínima ideia do que estava acontecendo. Rodava a casa inteira de forma nostálgica. Nunca estive tão feliz de entrar em um lugar. Será que enlouqueci de vez? Ou não é a primeira vez que perco a memória?

— Hey! Que loucura é essa? Como aconteceu isso? E porque você está rodando a casa emocionada? Você está chorando? Já veio aqui? Estava zoando comigo e conhecia o médico? — Gaby perguntou totalmente confusa com o fato de eu está com os olhos marejados olhando cada detalhe da casa.

— Tenho a sensação que nos conhecemos mas não me lembro de onde. Também tenho a sensação bem estranha que esse lugar é onde eu deveria está. Loucura, né? Tenho uma sensação de carinho por toda essa casa. Como se eu tivesse passado momentos incríveis aqui. Uma espécie de nostalgia. Entretanto, assim como o médico, eu não consigo me lembrar de nada sobre esse lugar, apenas uma sensação — Eu confessei sentando no sofá confusa. Pensando de onde poderia ter vindo todos esses sentimentos e essa ideia. Como eu sabia o endereço do lugar?

— Você enlouqueceu de vez. Só isso explica toda loucura que está dizendo. Como diabos você sente tudo isso? Nunca sequer tinha colocado o pé no nordeste. Deve ser do trauma. Você está tão em choque pelo que aconteceu entre você e Arthur, toda a traição. Que sua mente está procurando refúgio e criando sentimentos como forma de escape. Precisamos marcar uma terapeuta para você urgente. — Gaby disse já olhando para o celular, procurando a terapeuta que cuidou de mim anteriormente devido aos sonhos. Passei anos fazendo terapia para tentar entender porque um homem rondava meus sonhos desde pequena, minha mãe achou diversas vezes que eu tinha sido abusada e não lembrava, os sonhos eram parte do trauma para ela, mas.... a terapeuta descartou, como também não achou nada que pudesse indicar o motivo dos sonhos. Eram apenas sonhos. Aparentemente.

— Tatia? Aí Meu Deus! O que fez aqui? Eu sabia que conhecia esse cheiro. Não sei como não pensei em você assim que entrei aqui. — Uma mulher elegante, de cabelos longos e ruivos, disse ao entrar na sala e correu para né abraçar .

— Desculpa, mas acho que está me confundindo com alguém. Me chamo Melissa, tudo bem. — Expliquei me afastando um pouco dela. Esse nome, Tatia, não foi o mesmo que o Henry havia usado no hospital? Será que é uma ex-namorada dele? Pareço com alguém que não está mais em sua vida? Tantas perguntas.

— Ah. Certo. Você ainda é a Melissa. De toda forma, me chamo Freya. Tudo bom? — Freya se apresentou estendendo a mão.

Quando iria pegar sua mão, senti uma dor de cabeça forte e fina. Cai no chão de joelhos. Pareceu um filme passando na minha cabeça. Eu e Freya estávamos nos apresentando, nessas memórias que surgiam, diferente de hoje, nossas roupas eram vestidos longos, parecia um vestido medieval? Antigo. Estavamos nessa mesma casa, alguns móveis haviam mudado. O que mais me chamou a atenção foi uma pintura que estava no quadro da casa, de tudo que havia lembrado, aquela pintura era a única coisa que estava embaçada.

Nem ao menos havia percebido que tinha desmaiado, até acordar em uma cama desconhecida, com uma enorme dor de cabeça. Parecia que algo tinha batido nela com força. Olhei aí redor do quarto, encontrei Gaby olhando pela janela.

— Procurando sua vergonha na cara? Sinto dizer que não vai encontrar. Ela foi para muito longe, fez muito tempo. Aceite. — Brinquei vendo a forma que ela olhava para o horizonte, parecendo preocupada.

— Sua idiota. Você vai me matar do coração ainda. Não deveríamos ter saído daquele hospital. Como você se sente? — Gaby perguntou parecendo realmente preocupada.

— Estou bem. Quando senti a dor de cabeça, me veio uma espécie de lembrança com a Freya. Como se já tivessemos nos conhecidos antes, mas parecia uma festa a fantasia pelas roupas que usávamos. Eram bem parecidas. Vestidos do tipo medieval, sabe? E também foi nessa casa que se passou a lembrança. Será que não é a primeira vez que perco a memória? — Perguntei confusa com a situação.

— Se você realmente conhecia esse lugar, essas pessoas. Você não se apresentou para elas como Melissa, sim como Tatia, eles todos te chamam assim quando te encontram. A duvida maior para mim, como você conhecia tudo isso? Nunca nem tinha pisado no nordeste. Em algum final de semana que disse que iria passar com as amigas fugiu para o Nordeste? — Gaby tinha tantas dúvidas quanto eu. Estava claro, nada daquilo estava fazendo qualquer sentido.

— Duvido muito. Acabei de comprar essa viagem para cá. Vir para o Nordeste é caríssimo. Não teria como apenas fugir em um final de semana com as amigas e vir para cá. Impossível. Certeza que nunca pisei no Nordeste. — Não tinha condições de ter vindo para cá e não lembrar. Mesmo que tivesse perdido a memória por alguns dias, meu cartão de crédito iria ser uma lembrança sem precedentes do que havia acontecido.

— Isso não faz nenhum sentido, Lissa. Melhor ir embora daqui. Tem algo muito errado nessa história. — Gaby estava nervosa. Ela era pipa avoada no geral. Exceto quando se tratava da família.

— Não. Eu preciso descobrir quem é Tatia. Qual o motivo dessas sensações. Não posso deixar isso para trás. Concordo que algo está errado, preciso saber o que é. Me esconder ou ignorar não fará ficar certo. — Eu estava decidida. Iria até o final desse mistério. Sempre achei que havia algo de errado comigo. Não posso simplesmente abrir mão da possível resposta que está na minha frente.

Enquanto eu pensava em como poderia investigar tudo isso. Ouvimos um barulho enorme na sala. Olhamos uma para outra e corremos para escada. De lá mesmo pudemos ver Arthur e Henry brigando.

— O que diabos você está fazendo Arthur? Virou um stalker? Está me perseguindo agora? E ainda está brigando com quem está me ajudando? O que está passando na sua cabeça, enlouqueceu? — Gritei da escada mesmo. Estava com uma mistura de raiva e vergonha.

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