Em busca da casa

Passamos horas naquele hospital, rodamos várias salas fazendo todos os exames que o médico havia requisitado. Até fiquei um pouco nervosa quando vi que não eram apenas exames de sangue, mas também uma tomografia, raio-x e ressonância. Parecia desconfiar de algo sério, não apenas um trauma como ele disse.

— Pensando no médico gostoso? Viu que ele não tem aliança? Pode sentar com vontade dele. — Gaby disse enquanto esperávamos minha vez na tomografia.

— Quê isso! E tu conseguiu reparar que ele não tinha aliança? Não acredito. — Minha irmã conseguia em chocar de formas extraordinárias, eu olhei bem mais para ele que ela, mas não prestei atenção na suas mãos.

— Questão de experiência e prioridades. Com o tempo você aprende. — Gaby estava realmente decidia a me ensinar a arte da bandidagem. Se eu desse bobeira, ela me transformava em sua pupila.

Antes que eu pudesse responder ela, fui chamada para ao exame. Foi ainda mais perturbador do que eu imaginei. Sai da sala de exames correndo para o banheiro, acabei vomitando tudo que tinha comido hoje. Nada parecia realmente certo. Eu só queria voltar para casa, queria minha cama.

— Você está melhor? — Gaby perguntou segurando meu cabelo. Me conduzindo devagar até o banheiro.

— Quero ir para casa. — Confessei. Será que conseguiria adiantar a passagem e voltar para casa? Bem, difícil era convencer Gaby a fazer isso. Ela estava me fuzilando apenas com a ideia.

— Não. Só sairemos daqui depois que disserem o que aconteceu. Já fizemos todos os exames. Vamos esperar um pouco. Já os de sangue já devem está saindo. Passamos muito tempo esperando os exames. Acabou fazendo com que as horas passassem. Quer comer alguma coisa enquanto temos que esperar? — Gaby sugeriu ignorando totalmente o fato que tinha acabado de colocar tudo para fora. Bem, saco vazio não para em pé. Não parece uma ideia ruim.

— Acho uma boa. Você fica brava quando está com fome. — Brinquei.

— Admito. A parte boa é que só precisa me manter alimentada e não haverá problemas. — Gaby disse animada por finalmente comer.

Na parte da entrada do hospital tinha uma pequena cafeteria, mesmo não sendo grande, encontramos um pouco de tudo. Pedimos sanduíches e fatias de torta. Comemos tudo com um pouco de café. Depois de pagar, voltamos para o consultório, pelo tempo, os resultados já haviam saído. Assim que entramos no corredor, Henry já estava do lado de fora, nos chamou

— Podem entrar — Henry disse apontando para a sala.

— Obrigada, respondi sem graça. — Tinha algo nele. Algo que eu precisava descobrir. Eu tenho certeza que nos conhecemos. Todo meu instinto dizia que eu precisava descobrir isso.

— Podem sentar. — Henry disse enquanto sentava olhando para o computador com atenção — Acabei de ver todos os exames, fiz tudo para prevenir, como uma espécie de segurança maior, mas estão todos normais. O que causou o problema de memória deve ter sido o que suspeitava, uma reação devido a um evento traumático.

— O que você indica que façamos? — Gaby perguntou, eu não conseguia nem ouvir o que eles diziam, algo naquele homem me atraia. Precisava descobrir o que ele tinha.

— Por enquanto, observação. Eu indico que não fiquem muito longe do hospital, não façam viagens. Uns dois dias devem ser suficiente. Não precisam ficar no hospital, mas devem observar como está se sentindo nos próximos dias. — Henry respondeu

— E eu pensando que teríamos que adiantar a passagem, teremos que atrasar. Precisamos de um lugar para ficar. Vou procurar alguns hotéis. — Gaby disse parecendo preocupada, mas decidi seguir meus instintos. Preciso saber quem é aquele homem.

— Podemos ficar na sua casa? — Perguntei com uma coragem e confiança que não tinha a mínima ideia de onde vinham. Gaby se surpreendeu com meu pedido, deixando o celular cair.

— O quê? — Gaby me olhava chocada.

— Sim, Tatia, minha casa sempre será sua. Será que você vai descobrir onde ela é? — Henry respondeu com um sorriso me entregando a chave.

— Sim, Henry. Claro que vou encontrar o lugar. Te vejo a noite. — Respondi me levantando, pegando a chave e saindo. Gaby correu atrás de mim desesperada.

— O que merda acabou de conhecer? Como vamos para casa de alguém que nunca vimos? E de onde veio essa ideia? E mais importante, como acha que vai achar esse lugar? — Gaby estava prestes a me amarrar e levar para um hospital psiquiátrico. Não julgo, faria o mesmo, mas algo, naquele homem, me trazia instintos que eu nunca tinha sentido antes, como meu próprio corpo me desse as resposta.

— Quanto drama. Sobre ir para casa de alguém desconhecido, tu já é profissional. Sobre todo resto, eu não sei a resposta, mas nunca senti tanta certeza de algo na minha vida. Eu precisava descobrir quem é aquele homem. Como estamos ligados. Sinto que ao descobrir nisso, minha vida inteira vai mudar. — Expliquei me achando louca, mas era realmente assim que me sentia. Então, só me restava aceitar.

— Eu acho que a história de Arthur mexeu com você. Vai usar os poderes de bruxa da vovó para descobrir onde é a casa do médico gostoso? — Gaby perguntou debochada.

— Parece uma boa. Vamos ver na internet um feitiço para localizar as coisas. — respondi olhando para ao celular, já pesquisando.

— Existe algo mágico chamado: GPS. Para isso você precisa saber o óbvio, o endereço. Certeza que tu levou uma pancada, deveríamos ficar no hospital. Você não está nada bem. Vamos voltar. — Gaby me puxou, mas uma luz chamou minha atenção.

Independente como eu me movia, a luz me acompanhava, quando dei um passo para frente, ela fez o mesmo. Me soltei de Gaby sai correndo como uma louca atrás de uma luz bem brilhosa que corria pela calçada. Minha irmã por razões racionais e esperadas, correu me acompanhando. Não andamos muito. A luz nos levou para uma casa. Ela era totalmente diferente das casas ao seu redor. Eu me aproximei da porta e coloquei a chave na fechadura.

— Que merdä você está fazendo em cima casa aleatória? — Gaby perguntou me puxando.

— Dando o próximo passo na minha vida. — Respondi girando a chave, fazendo a porta abrir.

— MERDA! ELA ABRIU MESMO! QUE DIABOS ESTÁ ACONTECENDO AQUI? — Gaby gritou enquanto me acompanhava entrando naquela casa desconhecidas.

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