Você está assistindo muito filme adolescente

Seguimos Arthur até o carro, não estava estacionado logo. Ele estava hospedado em um hotel próximo, o carro era alugado, estava estacionado na garagem do hotel. Arthur subiu para pegar sua mochila no quarto, desceu logo. Passou na recepção e nos encontrou na garagem. Colocamos todas as malas e partimos para estrada.

— Pode me dizer o que você tem pelo menos? — Arthur perguntou parecendo triste.

— Não é da sua conta. Você é apenas o motorista, se quiser ainda pago a corrida, mas prefiro você calado. — Eu disse irritada com a situação.

— Não sabemos. Ela perdeu um pouco da memória, teve uma dor de cabeça forte e apagou — Gaby respondeu olhando pela janela.

— Porquê você respondeu? — perguntei chocada com a resposta dela.

— Ele está nos levando para o hospital. Estamos preso em um carro com ele. E não vai mudar nada ele saber seus sintomas. Apenas ignore. — Gaby explicou sem um pingo de paciência em sua voz.

— Pode ter sido pelo afogamento? — Arthur perguntou. Gaby que olhava para janela, olhou para ele.

— Eu não lembrei de dizer isso ao médico. Esqueci completamente. — Gaby falava com as duas mãos na boca.

— Perdeu a memória? Terá que fazer exame também. — brinquei, mas ela me olhou sério.

— Não, eu lembro disso, não lembrei na hora que minha irmã estava jogada no asfalto completamente desacordada. — Gaby disse antes de virar para janela.

— Eu acho que não terei outro momento para explicar, depois que descer desse carro você vai continuar me ignorando. E eu preciso continuar te contando a verdade — Arthur falou me olhando agitado e eu gargalhei.

— Sabe que posso te ignorar você até dentro do carro? Me poupe. — Eu disse virando a cara.

— Tudo bem. Vou falar de qualquer forma. Minha família, devido um atrito com uma bruxa poderosa, teve todas as gerações futuras amaldiçoada, marcados com um sinal de lua. Que você já viu diversas vezes em mim. Antes nossa família tinha um poder além da compreensão humana. Com a maldição, nossos poderes foram reduzidos para apenas lua cheia. Somos todos licantropos. — Arthur contou, pude ouvir uma grande gargalhada ao meu lado.

— Você está querendo que eu acredite que sua família, inclusive você, são todos lobisomem? Está querendo que a gente acredite que você por ser um lobo traiu ela? Você está mais para um cachorro, safado. — Gaby foi direta.

— Não, não trai ela por ser um lobo — Arthur parou o carro e olhou para mim — Assim que te vi pela primeira vez, senti um sentimento que parecia maior que eu. Na minha matilha chamamos de imprinting, ocorre entre elementos do sexo oposto e funciona como uma ligação inequívoca entre esses dois seres. É muito mais forte do qualquer outra coisa. Algo como eu não saberia viver sem você. Desde de que me senti assim por você, não tenho como imaginar uma vida com sua ausência '

— Igual a Jacob e a filha de Bella? Na saga Crepúsculo? — Perguntei chocada com a história bizzara que inventou para explicar sua traição ou ele é apenas louco mesmo.

— Bem, mais ou menos aquilo. — Arthur respondeu envergonhado.

— Você deveria parar de assistir filme de adolescente. Já está começando a falar asneiras e delirando — Disse olhando em seus olhos.

— Não é mentira ou fantasia. É a verdade. Acredite em mim. — Arthur disse completamente confiante.

— Ok. Deixando a parte do seu delírio. Levando em consideração a asneira que falou, se sentia algo tão forte por mim, como acabou me traindo? Parece ainda mais sem sentido. E pode voltar a dirigir? Se fosse para parar assim, iríamos de van. — Eu não tinha ideia que ele acreditava nessa bobagens ou apenas queria que eu acreditasse.

— Eu estava na dúvida do que significava esse sentimento, ele faz parte do meu ser, desde que nasci tenho a tendência a ter isso, basta o estimulo certo, ou seja, a pessoa. Prestes ao nosso casamento acontecer, a dúvidas aumentavam. Eu estava casado apenas por instinto, como um animal ou sentia realmente algo, amor. Se esse sentimento que tinha dentro de mim era uma atração ou uma conexão cósmica com outra pessoa. Eu estava completamente em dúvida. E isso parecia está me enlouquecendo, todos os dias me questionava sobre isso. — Arthur tentou explicar.

— Se tinha todas essas dúvidas, porque não conversou comigo? Podíamos dar um tempo, terminar, adiar o casamento, cancelar. Não faz o mínimo de sentido você acabar na cama com aquela que pensava ser minha melhor amiga. — Quanto mais falava, mais eu me sentia irritada e achando ele um completo maluco.

— O que esperava que eu dissesse? Sou um lobo? Estou em dúvida se o que sinto por você é amor ou um instinto animal? — Arthur me perguntou.

— Está falando toda essa bobagem agora, né? Achou mesmo que me trair seria o melhor para nós dois? Não me venha com essa. Estava mais para um solteiro querendo sua última aventura antes do casamento. Se eu não tivesse visto, você jamais me contaria. Estou certa? — Questionei ele.

— Não, nunca te diria. Nem mesmo imaginaria que você iria ver. Eu apenas queria descobrir se era a mesma coisa com outra mulher. Se o que sentia quando estávamos juntos seria o mesmo com outra pessoa. Jéssica sempre deu em cima de mim, apenas pensei que seria mais prático e ela nunca te contaria. Fui um idiota. — Arthur explicou.

— Mesmo que toda essa abobrinha fosse verdade. Você continua sendo um traidor, fraco. Que preferiu jogar todas as suas dúvidas em outra pessoa. Me traiu! No lugar de dividir comigo e procurar uma solução juntos. Te faltou companheirismo, lealdade. Se você realmente fosse um lobo, seria um péssimo. Agora deixa de falar toda essa besteira e continua a dirigir. Independente da desculpa que você encontrar para explicar isso, ainda continuará sendo uma traição. Entenda isso. Eu te amava e em trocar recebi uma faca nas minhas costas. Então, apenas me deixe em paz. Me leve para o hospital e esqueça minha existência. Se um dia sentiu algo por mim, por favor, não me procure mais. — Eu realmente não queria mais ele na minha vida. Como recomeçar sem fechar o capítulo anterior?

— Eu bem queria conseguir apenas te deixar ir. Nem eu mesmo irei me perdoar pela dor que te causei. — Arthur disse ligando o carro e voltamos a estrada. Ninguém disse mais nada a viagem inteira.

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