6- O Casamento - Ep 5

Mais tarde naquele dia, Minerva estava no quarto, sentada em uma mesa com livros e anotações espalhadas. Ela lia um livro e anotava sempre que encontrava alguma informação importante.

Giancarlo passou o dia todo fora e quando voltou se deparou com essa visão.

Ele foi andando sem fazer barulho, curioso para saber o que a princesa feia estava lendo. Ele pegou um dos livros e leu a capa.

– Anatomia avançada? Por que está lendo esse tipo de livro.

– É da faculdade. – disse Minerva, sem olhar para ele, apenas concentrada em seus estudos.

– Faculdade? Você faz faculdade?

– Nossa, que pergunta idiota. É claro que eu faço! Você acha que eu estou lendo esses livros porque?

– Você é tão má educada que é difícil acreditar que é alfabetizada.

Minerva olhou para ele estupefata.

– E você também não deve ter sido, não é? Porque se soubesse ler, teria investigado um pouco mais a mulher com quem estava casando. Eu faço medicina, querido esposo.

– Eu não me importo com o que faz da sua vida, garota. Só acho que uma garota como você não vai se adaptar a carreira na medicina. Sabia que médicos trabalham de verdade? Fazem plantão e ficam noites e noites acordados para atender os pacientes?

– Eu sei muito bem sobre a profissão que escolhi. Quando me formar, vou fundar um hospital para dar atendimento gratuito de qualidade às pessoas e pretendo sim, passar as madrugadas em plantão.

Ela falou tão sério que nem parecia mais a garota maluquinha, a qual ela tinha demonstrado ser nos últimos dias.

– O jantar foi servido. – ele diz baixo, impressionado com sua postura – Pedi que fizessem o dobro de comida, quem sabe assim você deixa alguma coisa para mim.

– Você ainda está chateado por hoje de manhã? Me desculpe, viu? É que estava tudo muito gostoso.

Ele bufou, olhou para ela e se dirigiu ao closet.

Chegando lá, olhou o celular, onde havia uma mensagem:

" Sr DiBiasi, será que podemos nos ver amanhã? Faz tempo que não nos vemos e estou com saudades de nossos momentos juntos."

Ele apenas bloqueou a tela do celular, ignorando a mensagem.

…

Após o jantar eles foram para cama e Minerva não conseguia dormir. Era estranho ter um homem seminu deitado ao seu lado.

Ela se virava de costas e ficava com medo de que ele a abraçasse por trás, então se virava de frente e ficava vermelha vendo o torso nu de Giancarlo. Então ela começou a repetir isso e ficar virando para lá e para cá até o marido perder a paciência.

– Ah, meu Deus! Será que tem como você ficar quieta na cama?

– É que eu estou sem sono… será que você poderia ir dormir no sofá?

– O quê? Mal casamos e você está me mandando para o sofá?

– Não dá para dormir com você aqui!

– Eu não vou para o sofá. Se está incomodada, então que se retire!

– Eu não estou incomodada! É você que está!

Giancarlo revira os olhos tampa o rosto com as mãos.

– Só dorme quieta, por favor!

– Conversa comigo?

– O quê?

– É… conversa comigo e talvez eu fique com sono. Eu não sei muito sobre você e acho que devíamos nos conhecer.

– Ok. – ele diz irritado, já sabendo que não teria paz – Sobre o quê quer conversar?

– Essa sua cicatriz no ombro foi facada?

Ela diz tocando em seu ombro e ele olha para a direção onde ela estava tocando.

– Foi só um arranhão.

– Não foi não! Isso aqui é uma cicatriz de uma ferida profunda e mal cuidada.

Giancarlo ficou paralisado a olhando, pensando no que responder, já que estava escondendo o seu passado.

Ele abriu a boca para tentar explicar, mas antes que dissesse algo, Minerva o interrompeu.

– Tentaram te assaltar? Não precisa se envergonhar por já ter sido assaltado, isso acontece muito por aqui.

– É… foi mais ou menos uma tentativa de assalto. – na verdade foi uma tentativa de assassinato.

– Nossa! E por que não foi ao médico? Se tivesse levado ponto, a cicatriz teria ficado mais fechadinha.

– Eu não achei que precisava.

– Mas deve ter sangrado muito. O atendimento particular era muito caro e o atendimento público muito precário, não é?

Ele ficou sem reação, pois ela estava conseguindo tirar conclusões certeiras, apenas observando uma cicatriz. Na época em que levou a facada, não conseguiu atendimento médico e teve que se cuidar sozinho até cicatrizar.

– Por que acha que eu não podia pagar um atendimento particular?

– Por que você não é da alta sociedade. Eu conheço as pessoas da alta sociedade e você é, diferente… Você está se passando por rico para pegar minha herança, não é isso?

Que ele estava fazendo um personagem era verdade, mas sobre não ter dinheiro ela estava completamente errada.

– Você está completamente enganada. Como acha que eu consegui comprar uma cobertura no prédio mais alto da cidade?

– Papai te deu, não foi?

– Não! – ela já estava o deixando irritado – Por que acha que eu sou alguma espécie de interesseiro?

– Ah, bem… acho que só sendo assim para aceitar se casar comigo.

Ela abaixou a cabeça, olhando para baixo e Giancarlo respirou fundo, se acalmando.

– Olha, eu sei que está acostumada essas futilidades da alta sociedade, mas nem todos são assim. Tem pessoas que procuram algo a mais, além da estética. – após dizer isso ele se virou de costas para ela e fechou os olhos tentando dormir, mas os seus pensamentos estavam a mil naquela noite.

Minerva ficou olhando para o teto pensativa, tentando decifrar o que ele disse.

" Será que ele disse que a minha aparência não importa? Que ele realmente quis se casar comigo sem interesse?" – ela se perguntou.

– Você realmente está estudando medicina, não é? – Giancarlo diz, se virado de frente novamente, a surpreendendo.

– Sim, eu estou. E não se preocupe que se alguém tentar te esfaquear novamente você não vai ter uma cicatriz feia, porque eu vou cuidar de você.

Ele sentiu uma vontade de sorrir naquele momento.

"Que garota boba, acha que vai cuidar de mim. É melhor ela aprender a se cuidar, pois no futuro não serei eu que precisarei de ajuda." – ele pensou.

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