8 - O Casamento - Ep 7

Giancarlo, na manhã daquele dia, ligou para Augusto e disse que achava que  Minerva estava insatisfeita com o casamento, pois o tratava mal. Ele ameaçou dizendo que talvez fosse melhor cancelarem o casamento, pois não estava sendo bom para nenhum dos dois.

Bem, ele não queria a separação nesse momento, mas pensou em uma nova manobra para continuar casado, enquanto não podia atacar os Braganças. Giancarlo sabia que os pais de Minerva queriam a filha casada e que foi difícil achar um pretendente à altura que aceitasse se casar com ela. E tem mais, faziam poucos dias que eles se casaram, uma separação geraria um grande escândalo na alta sociedade.

Exatamente por esses motivos, ele tinha certeza que os pais da garota sabiam como fazer pressão para que ela continuasse casada.

Augusto caindo na armadilha de Giancarlo, imediatamente pediu que eles fossem até sua casa, para almoçar e passar a tarde lá.

Voltando ao momento constrangedor com a mãe de Minerva, Giancarlo juntou as sobrancelhas com as duas discutindo. Nem pareciam mãe e filha, e sim duas amigas adolescentes.

Karen, mãe de Minerva, era uma mulher que apesar de estar em uma idade madura, ostentava grande beleza. Ela era alta, esbelta e não tinha nenhum vestígio de preenchimentos ou cirurgias. Na verdade, ela era bem vaidosa, mas conseguia manter sua beleza apenas utilizando os cremes mais caros que se podia comprar.

É óbvio que haviam rugas em seu rosto, mas as rugas em nada a deixava menos bonita.

No passado, Karen foi uma celebridade, uma grande atriz que protagonizou muitas novelas de sucesso.

Ela era conhecida por ser muito bonita, talentosa, mas também era conhecida por ser muito festeira e irreverente.

Ninguém sabe exatamente como que os caminhos de Augusto se cruzaram com os dela, pois na juventude ele era um homem que só pensava em trabalho. Não existe nenhum registro de ele frequentando festas, como Karen.

Bem, mas de alguma forma eles se conheceram e nunca mais se separaram. Eles eram muito diferentes em personalidade, porém até os dias atuais, eram um casal muito apaixonado.

Muitas pessoas diziam com maldade que Minerva nasceu sem sorte, pois ao invés de puxar as características da beleza impressionante da mãe, ela nasceu parecida com o pai, que trazia a característica marcante dos Braganças.

Karen não chamava Minerva de monstrinha porque ela não tinha uma aparência que as pessoas esperavam, e sim porque a menina desde criança tocava o terror dentro de casa. Ela sempre foi difícil de lidar.

Minerva nunca se sentiu diminuída pela beleza da mãe e esta, foi uma das que ensinou a filha a gostar de si mesma do jeito que era, pois haviam coisas muito mais importantes do que só aparências. Ela mesma era um exemplo disto, por ser tão bela e ser apaixonada por um Bragança, que possuía aquele nariz tão peculiar.

Vocês podem até dizer que era fácil se apaixonar por Augusto, já que ele era muito rico, porém, Karen em sua juventude teve muitos pretendentes tão ricos quanto Augusto, mas o seu coração só bateu forte por ele.

Bem, voltando novamente aos dias atuais, enquanto Minerva e Karen discutiam, Augusto apareceu, com um olhar sério, vestindo uma camisa social branca e uma calça social cinza. Além do narigão, ele exibiam um denso bigode, com as pontas curvadas e uma sobrancelha grossa. A calvície não o atingiu e ele tinha cabelos grossos e grisalhos. Ele tinha uma presença muito marcante.

– Giancarlo. – ele diz, o cumprimentando – Vamos para o escritório?

Giancarlo acenou em positivo e soltou Minerva, a deixando sozinha com a mãe.

Eles saíram da enorme sala de estar e entraram no salão principal, ao qual tinha uma enorme escadaria que dava para o andar superior. 

Giancarlo parou, olhando aquelas escadas e seu coração se encheu de ódio e dor. Foi daquela mesma escada que seu pai rolou para a mörte.

– Venha logo, meu genro. – disse Augusto o esperando.

Giancarlo continuou a acompanhá-lo e logo chegaram ao escritório.

O escritório era um salão, decorado em madeira entalhada. Tinha uma grande mesa de madeira e poltronas com um estofado vermelho. 

Em uma parede, tinha uma panorâmica janela que dava para o jardim e em cada lado da janela estantes abarrotadas de livros. Na parede de frente para a mesa, possuía quadros com imagens dos antepassados dos Braganças, todos em fotos de perfil, como se estivessem competindo pelo maior nariz.

Giancarlo sentou em uma poltrona e Augusto lhe serviu uma dose de Whisky.

– Bem, Giancarlo, te chamei aqui para dizer que minha filha é o que eu tenho de mais precioso e nada disso que vê à minha volta, é mais importante do que ela.

– Entendo, Sr Augusto. Foi por isso mesmo que te liguei. Lembro de fazer parte do nosso acordo que eu deveria cuidar bem da sua filha. Me preocupar se ela não está satisfeita ou não, é uma forma de cuidado.

– Certo. Mas para mim parece mais que é você que está querendo desistir. – ele olhou, encarando Giancarlo, que não baixou o olhar.

– Se eu quisesse desistir, deveria ter desistido no dia do casamento, Sr Augusto. Já que o senhor me disse que a garota era doce e educada. Não foi exatamente isso que vi.

– Eu conheço bem a minha filha, Giancarlo. Se ela estivesse insatisfeita, a primeira coisa que teria feito era ir embora e voltar para casa. Eu sei que ela tem um gênio forte, impulsiva e um pouco sem modos, mas ela é muito sincera e corajosa. Enfim, se a minha filha quer continuar nesse casamento, ela continuará. Não pense que meu poder é pequeno, Giancarlo. Eu posso fazer uma ligação e a sua empresa começar a ir ladeira abaixo de uma hora para outra.

Giancarlo deu um leve sorriso de canto. Percebeu que Augusto estava tentando o ameaçar, achando que ele estava em suas mãos, porém, ele sabia que logo o jogo iria virar.

– Vejo que o senhor aprecia muito a sua filha, Augusto. Acha até que eu sou um novo brinquedo que você comprou para ela.

– Rapaz, eu sei que é ambicioso e dedicado. Eu só peço que que faça a minha filha feliz e eu vou te recompensar. – nesse momento Augusto passa um papel para as mãos de Giancarlo.

O protagonista lê o que está escrito com um sorriso nos lábios. Augusto simplesmente repassou para ele dez por cento das ações de sua empresa e lhe deu uma cadeira no conselho de acionistas. Acabou que as coisas se saíram melhores do que ele imaginou, pois agora ele tinha como se infiltrar dentro da empresa de Augusto mais facilmente.

– Vejo que gostou. – disse Augusto, reparando no sorriso nos lábios de Giancarlo – Se continuar agradando a minha filha, terá muito mais.

Após, Augusto saiu da sala, deixando um Giancarlo pensativo.

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