Eu amava rosas vermelhas.
Quando Jonah e eu namorávamos ele sempre me presenteava com uma. Era o símbolo do nosso amor, costumava dizer. Símbolo esse que se tornou também o da nossa desgraça. Me lembro de todas as vezes em que ele surtava e me batia. Na manhã seguinte a rosa vermelha era sua forma de se desculpar.
Ele havia conseguido transformar aquilo que eu mais gostava no símbolo da minha dor.
Anos e anos de submissão e terror enfeitavam meu passado e agora quando eu enfim havia encontrado refúgio estava prestes a desmoronar novamente. Jonah me encontrara. Sim, eu sabia que era ele. Podia sentir a presença aterradora dele por todos os cantos,me sufocando. Não sabia onde ele estava ou como chegara ali. Mas tinha certeza, era ele.
-Voce sabe onde seu amigo mora Ana?
-Não.
-Ele te disse mais alguma coisa? Sobre Oque conversaram?
- Peixes, borboletas...
Soltei um suspiro abraçando meu próprio corpo. O vento gelado soprava em meu rosto.
No quarto Neto dormia tranquilo ao lado da filha. Eu jamais iria esquecer o terror nos olhos dele ao pensar que algo de ruim tinha acontecido a menina. Ana era tudo de mais precioso na vida dele, e por minha causa ela estivera em apuros.
Eu precisava contar a ele Oque estava acontecendo. Precisava alertá-lo. Jonah podia estar tramando algo pior, eu não poderia envolve-los mais nisso.
***
Neto
Pensar em perder Ana fora pra mim um dos piores momentos da minha vida. Ela era tudo oque eu tinha,tudo de mais precioso que Esther havia me deixado. Era meu dever protegê-la. E naquele dia eu sentia como se tivesse falhado.
Eu não culpava Sarah, culpava a mim mesmo. Sentia raiva de mim mesmo por não estar ali para ela.
- Você não devia confiar tanto nessa Sarah- disseram-me Marcela,minutos após termos encontrado Ana.- Olhe só oque aconteceu! Ana podia ter se ferido por descuido dela. Se eu fosse você...
- Já chega Marcela!
Os olhos da mulher se arregalaram.
- Mas Neto...
- Sarah se preocupa com Ana tanto quanto eu, não preciso de seus conselhos... Nós não precisamos de você aqui.
-Neto!
- Já chega! Vá embora!
- Tudo bem, eu sei que está nervoso, volto quando tudo se acalmar.
****
Sarah
Eu não sabia como encarar Neto. Meu coração estava despedaçado. Eu queria dizer a ele o quanto sentia por tudo Oque acontecerá no dia anterior. Lhe devia desculpas.
- Bom dia.
Ele disse entrando na cozinha. Suspirei sem encara-lo.
-Eu vou até o campo e volto antes de Ana acordar.
-Neto eu...- olhei para ele. Seus olhos cinzentos cheios de luz.- Me desculpe...me desculpe por favor...
Caminhei até ele e o abracei.
- É tudo culpa minha... Ana podia ter se machucado... é tudo culpa minha...
os braços fortes dele me envolveram com ternura.
- Está tudo bem Sarah... Ana está bem.
Chorei. Como a muito não chorava.
Lágrimas que prenunciavam o início da minha dor.
***
Eu não contei a Neto naquela noite sobre minha suspeita. Queria que as coisas se acalmassem, mas na verdade só iriam piorar. Levantei na manhã seguinte com o coração apertado, sensação esse que me dizia algo estava para acontecer. E aconteceu.
Coloquei uma chaleira no fogo após dar uma olhada em Ana. Ela e o pai ainda dormiam. Ele não havia se afastado dela naquela noite, até mesmo durmira em sua pequena cama. A mãe da menina, Esther, iria se orgulhar da maneira como ele a protegia. Ana era tudo para Neto e ele sem dúvida alguma era um herói para ela.
Respirei fundo. Assim que ele acordasse eu lhe contaria tudo, e se fosse necessário iríamos até o delegado para relatar minhas suspeitas. Eu não iria mais fugir, ou me esconder. Se Jonah estava por trás de tudo aquilo ele merecia ser punido.
Respirei fundo mais uma vez, enrolada em uma manta fui até a caixa de correio. O vento dá manhã era frio e o orvalho salpicava as plantas como lágrimas cristalinas. Abri a caixa como fazia todos os dias de correio e por alguns segundos meu coração parou.
Olhei ao redor desesperada a procura de quem havia deixado a rosa vermelha ali. Não havia ninguém. Apenas aquela maldita rosa e um bilhete amassado.
Com os dedos trêmulos apanhei o pedaço de papel e logo reconheci a caligrafia desleixada:
" Oi amor
Senti sua falta..."
Isso só podia ser um pesadelo. Corri na direção da casa, eu precisava contar Oque estava acontecendo a Neto. Mas antes que pudesse alcançar a varanda o vi sair apressado.
- Neto...- iniciei, mas logo me calei ao ver sua expressão.
- Kit me ligou agora, Laura teve um sangramento,esta sendo levada ao hospital da cidade vizinha, tem algum problema com o bebê...
Ele disse enquanto se enfiava na caminhonete.
- Oh meu Deus!- exclamei preocupada- Então vá logo, e me avise assim que souber de algo!
Fiquei parada no meio do pátio observando a caminhonete se afastar.
Neto
O bebê de Laura nasceu as 11 horas da manhã naquele dia. Um menino forte que apesar de prematuro era saudável e cheio de vida. Tudo correra bem na cirurgia, mas Laura e o filho teriam de ficar no hospital por algum tempo ainda.
- Ele é tão pequeno, não é!? Ela disse ao marido em meio ao pranto de felicidade.
Fiquei feliz por meu irmão. Aqueles dois estavam juntos desde muito jovens e se amavam incondicionalmente, era uma benção que apesar do susto tudo havia dado certo no final.
Dirigi até em casa por volta das 15 da tarde. Mas não encontrei ninguém. Na mesa de cabeceira um bilhete escrito as pressas.
" Neto
Ana está com Jude. Ela está bem. Desculpe por sair assim,mas preciso ir , sinto muito pelo que fiz você passar.
- Sarah-"
Desci as escadas quase correndo. No andar de baixo o quarto vazio confirmava oque eu acabara de ler. Sarah partira. Suas coisas não estavam mais ali. Ela havia partido sem qualquer explicação. Apenas aquele maldito bilhete.
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Atualizado até capítulo 25
Comments
Judes Nascimento
eu não entendo pra que protelar tanto a falar o que está acontecendo e fica correndo o risco de ser pega de surpresa 🫢
2023-06-15
3
Dalva Ferreira Rocha
porque acho que o ex dela e a cretina macela tem tudo haver com sumiço da Sarah. e eu tô nervosa com essa possibilidade 😠😠😠😠😠😠😠🤔🤔
2023-01-24
0
Rozana Silva
seu maldito
traz Sarah de volta
2022-11-27
0