Capítulo 18

Ana

Tava muito quente hoje. Eu queria muito ir até o lago,mas Sarah disse que não era uma boa ideia. Pedi pro papai,mas ele disse que se Sarah não achou uma boa ideia era melhor não ir.

Resolvi brincar por ali mesmo. Pegar algumas borboletas e colocá-las num pote. Eu gosto de borboletas. As amarelas são minhas preferidas. Estava brincando quando o amigo chegou. Ele é divertido e sempre tem um pacote de balas. A Sarah sempre diz que não posso comer doce antes do almoço. Mas o amigo disse que esse é o nosso segredo.

Aceno pra ele. Ele sorri. Pergunta se eu quero ir até o lago,podemos pescar. Eu digo que a Sarah não deixa, ele diz que não tem problema. Que depois ele conversa com ela. Damos as mãos e vamos conversando.

***

Sarah

12:15 da tarde.

O almoço já está pronto. Arrumo os pratos na mesa e olho pela janela a procura de Ana. Não a vejo. Deve estar brincando na varanda.

Saio para procurá-la. Ela está meio brava comigo por não irmos ao lago. Mas o dia é quente demais e provavelmente vai chover.

-ANA!- chamo olhando ao redor.

Sem resposta.

- Venha almoçar, eu fiz bolinhos de arroz!

Onde será que ela se meteu?

Procuro por todos os lados e nem sinal, começo a me preocupar.

12:36

Vejo a caminhonete de Neto se aproximar, talvez Ana tenha ido encontrá-lo no campo.

- Neto!

-Oque houve?

-Ana não está com você?

Começo a ficar preocupada.

13:00

Procuramos  Ana por toda a parte. Meu coração está apertado. Neto me disse  que vamos encontra-la, que certamente está se escondendo. Mas eu a conheço, Ana não se comportaria assim mesmo estando chateada.

13:45

Como eu havia previsto, há nuvens negras se formando no céu. Fomos até o lago mas Ana não estava lá. Começo a ficar desesperada e posso sentir que Neto também está preocupado.

15:30

-Ana!

Eu grito, pela milésima vez. O vento forte soprando os galhos das árvores com violência.

Sinto o golpear do capim seco arranhando minhas pernas. Estou cansada, mas não posso parar. Preciso encontrá-la. Eu jamais irei me perdoar se algo acontecer a essa menina.

18:45

Há um grupo de pessoas procurando por Ana agora. A chuva é forte e eu posso ver que o semblante antes calmo de Neto já não é mais o mesmo.

- Fique calmo Neto, nós vamos encontra-la e ficará tudo bem.- afirma Marcela com convicção.

Eu não sei mais Oque pensar ou onde procurar. É difícil pra mim pois conheço pouco o lugar.

- Marcela tem razão, deve ter algum lugar onde Ana possa ter se escondido. -falo.

Neto me encara com sua expressão cansada.

- A culpa disso tudo é sua! - acusa Marcela - Onde você estava quando Ana desapareceu? Não é seu dever tomar conta dela?

As palavras dela me pegam desprevenida. Eu sabia que ela tinha razão. E me sentia extremamente culpada por não ter supervisionado Ana melhor. Mas ouvir aquelas palavras fez meu coração doer. Os olhos de Neto não sabiam mentir ou disfarçar,ele concordava com ela, mesmo sem expor seus pensamentos. Eu sabia que ele estava me culpando.

20:00

Ana é encontrada em uma caverna nas redondezas. Ao vê-la chegar nos braços de seu pai a única coisa que quero é correr para abraça-la. Protegê-la, mas não consigo. Fico parada onde estou observando a cena. Ela está bem! Graças a Deus está bem!

Dou um passo a frente para segui-los para o interior da casa,mas Marcela surge em meu caminho.

- Ana está bem,mas não graças a você! Tudo Oque aconteceu hoje é culpa sua e da sua falta de atenção, Neto está ciente disso é não vai perdoa-la tão facilmente.

Engulo em seco. Ela se afasta cheia de veneno e eu fico onde estou.

****

Ana está dormindo agora. Todos já retornaram a suas casas. Eu a observo da porta do quarto. Não tive coragem de me aproximar.

- Sarah? Ela me chama com voz rouca.- Me desculpe...

-Esta tudo bem querida.- vou até ela.

- O amigo disse que a gente não ia demorar, ele foi buscar as linhas pra pescar e me disse para esperar na caverna... Eu não sabia voltar pra casa...Ele me disse pra esperar...

-Qual é o nome do seu amigo Ana? Onde ele mora? Quantos anos ele tem?

- Eu não sei...mas ele conhece você, ele disse que também já foi seu amigo. E que te dava rosas vermelhas porque são suas preferidas...

Meu coração dispara....

Não... Não pode ser...

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