Capítulo 12

Sarah

A primeira vez em que aconteceu, eu tinha apenas 21 anos, tínhamos acabado de nos casar, três ou quatro meses antes eu acho. Jonah ficara transtornado porque seu irmão e eu rimos de uma piada que ele não entendeu. Uma simples piada que me valera um olho roxo no dia seguinte. Eu nunca me sentira tão assustada e decepcionada ao mesmo tempo. Ele era ciumento, excessivamente possessivo, ficava zangado se eu apenas fosse sorrir para outro homem cordialmente. Não tolerava ser criticado ou receber conselhos e estava sempre de mau humor. 

Eu ia me deitar e acordava com medo todos os dias, estar ao lado dele se tornara um martírio, eu não saia mais, meus amigos haviam se afastado e aqueles que ainda restavam eu mal podia ver. tentei fugir varias vezes, mas todas essas vezes ele me convencia a voltar, chorava, dizia que iria se matar se eu não voltasse para casa, fazia promessas e eu, burra, acabava sedendo. 

Foram os dez piores anos da minha vida, me tornei uma prisioneira, solitária, sem vida até aquela noite...

Neto me encarava perplexo, a caneca de cafe presa entre os dedos sem um gole sequer ter sido provado. E eu falava, tinha medo de que se parasse perderia a coragem de prosseguir.

Eu sabia que tinha algo errado quando ele chegou em casa naquela noite, me ordenou que abrisse uma garrafa de uisque, disse que iriamos brindar, eu falei que não queria beber, estava cansada, queria apenas dormir...ele me forçou a beber...falava sem parar, coisas sem nexo algum, algo sobre eu estar de conversa com um vizinho,ele me disse:

-Ele é um pouco novo pra você, acha que vai conseguir abrir as pernas pra ele estando tão velha e acabada?

Eu ja estava acostumada aquelas palavras duras, Jonah sabia ser muito cruel quando queria.Eu disse que não sabia do que ele estava falando e não queria ouvir, tentei me afastar e ele me agarrou pelos cabelos dizendo:

-Você é só minha neguinha, e eu prefiro que morra a deixar outro homem tocar você...

Tentei fugir, gritar mas ele era mais forte, e como sempre acabou vencendo...ele me machucou tanto naquela noite...De todas as formas possiveis e eu...Eu cheguei a pensar que morrer poderia ser melhor do que passar por mais um segundo daquela tortura... 

-Eu te amo tanto Sarah, eu te dei tudo..- ele repetia e repetia, suas mãos fortes sobre meu pescoço e eu quase não podia respirar e foi então que decidi... Eu não poderia mais viver assim, eu não me entregaria, não desistiria, eu queria viver. Eu precisava viver...

Bati nele com a garrafa de uisque, tão forte quanto consegui. Eu sabia que não estava morto quando fugi de casa, e sabia que a unica coisa que eu precisava era fugir para o mais longe que conseguisse...E, bom, aqui estou...

Neto

Um desejo incontrolável de protege-la apoderou-se de mim enquanto a ouvia falar. Como alguém podia ser tão cruel? Agora eu conseguia entender claramente porque Sarah tinha tanto medo, ninguém merecia passar por uma situação como aquela.  Acomodei-a em meus braços e nada disse, ficamos ali, ambos encarando o silencio. Eu queria faze-la sentir-se bem, queria que soubesse que daquele dia em diante jamais estaria sozinha..

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