Capitulo 10

Sarah

Sentir o corpo dele tão perto do meu me causava arrepios involuntários. Neto era tão calorosamente gentil que fazia meu coração se encher de calma. Havia muito tempo desde a ultima vez em que eu me sentira segura nos braços de um homem. E naquele momento, era como se eu tivesse encontrado minha fortaleza.

Após o fim da musica nos dirigimos em silencio para longe da pista, ele ainda segurava minha mão e eu quase não conseguia respirar. Kit e Laura haviam se retirado mais cedo, segundo o recado que haviam deixado, Ana estava com eles então deveríamos aproveitar o resto da festa sem nos preocupar. Eu ate conseguia ver o sorriso matreiro de Laura ao tramar essa situação.

-Podemos só ir pra casa se você quiser.. eu disse, não queria força-lo aquela situação.

-Tudo bem, podemos ficar..

Sorri alegremente, havia muito tempo que eu não frequentava festas ou saia para ver pessoas, não estava com a menor vontade de ir para casa tão cedo.

— Que tal se fôssemos comer um algodão doce? Parece muito bom.

Neto

Como uma criança ela comia a guloseima com satisfação, enquanto eu a observava meus pensamentos se retorciam em minha mente me deixando confuso. no alto de meus trinta e um anos nunca havia me sentido daquela forma, como um adolescente bobo. eu havia me comprometido em me manter afastado dela, mas havia algo que insistia em me manter por perto. Sarah era como uma luz no fim de um túnel, tudo nela era brilhante, reconfortante e de alguma forma ela acalmava meu coração e me mantinha sóbrio.

- Oque foi? ela me olhou com aquele sorriso radiante nos lábios, acenei a cabeça negativamente- Oh, olhe que lindo!

Sorri ao vê-la correr em direção a uma das barraquinhas de venda onde um daqueles casais de velhinhos de porcelana estava a exposição sobre o balcão.

-Nossa, faz muito tempo que não via algo como isso- contou- minha avó tinha um, eu adorava, são como um simbolo...

-Simbolo?

-Sim, te faz acreditar que o amor pode durar até o ponto de envelhecer ao lado de alguém... Pelo menos era oque eu pensava quando criança... que talvez um dia eu iria envelhecer assim ao lado de alguém...como meus avós...Maaaaas, isso é só um pensamento bobo de criança!

Ela olhou pra mim, seu sorriso não era mais o mesmo e havia algo de diferente em seus olhos...talvez magoa, ou sei lá.

*****

Sarah

No final daquela noite eu não consegui dormir..Apesar dos momentos que eu havia passado ao lado de Neto terem sido ótimos, eu não conseguia tirar aquele maldito peso do meu coração. Deitada na minha cama eu me perguntava até onde os fantasmas da minha vida passada iriam me perseguir.  Quanto mais seria necessário fugir? Porque eu ainda temia? 

Essas e muitas outras perguntas corroeram minha cabeça até que consegui adormecer e os pensamentos se transformarem em pesadelos...

Neto

Ouvi os gritos dela e corri até seu quarto, sobressaltado.  Chamei seu nome mas não obtive resposta, então empurrei a porta e a encontrei encolhida na cama, abraçando os joelhos, os cabelos muito cacheados grudando-se ao rosto por causa do suor. Não hesitei avancei em sua direção e a agarrei em meus braços. Seu corpo frágil tremia sob meu aperto:

-Tá tudo bem, Sarah..._ sussurrei tentando acalma-la, ela se aninhou no meu peito soluçando como uma criança assustada.- Shiiii... Estou aqui... Foi só um pesadelo...

- Não me deixe sozinha...Por favor Neto, por favor...

Eu não tinha como, naquele momento jurei a mim mesmo que jamais a deixaria sozinha. Deitei-me ao seu lado e a abracei firmemente. 

-Nunca vou deixa-la Sarah..

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