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LILY CALLOWAY

Eu me ajoelho no azulejo frio do banheiro bagunçado de Ryke e Daisy, esfregando as costas da minha irmãzinha enquanto ela vomita na privado. — Nós deveríamos jogar papel higiênico no quintal da frente deles, — eu digo com um aceno de cabeça. Eles merecem, por toda a merda estúpida que fizeram na nossa casa na semana passada e depois pulando do nada e nos assustando com armas de paintball.

— Ou devemos rasgar as bolas deles. Lentamente, — Rose diz com uma voz fria e ameaçadora. Ela anda de um lado para o banheiro com um leque de papel japonês, jogando ar fresco em si mesma metade do tempo e em Daisy a outra metade. Ela para de vez em quando para dobrar uma toalha amarrotada no chão ou reajustar o tapete verde de banho. Ela já reorganizou as garrafas de xampu e guardou os absorventes e a escova de cabelo de Daisy.

É muito estranho, mas acho que sou a mais composta de nós três agora. O sexo ainda não está no cérebro. Eu sorrio internamente. Eu me certifico de registrar a rara conquista com algumas outras.

— Eu não estou tocando na... coisa deles, — digo a Rose, e simples assim, meu rosto aquece.

— Bolas, — Rose enfatiza a palavra, me lançando um olhar de morte em uma escala épica. Eu culpo seus hormônios pela intensidade daqueles olhos verde-amarelados. Eles estão muito mais assustadores agora. — Ou testículos, se isso os torna melhores para você.

Eu balanço minha cabeça repetidamente, meu rosto corando. Eu já fiquei tonta a noite toda, um sintoma da gravidez, e a erupção vermelha não está ajudando minha cabeça girando. — Isso é pior. E eu não tenho problema com eles. Eu gosto de bolas. — Eu me encolho. Isso parece tão ruim. — Quero dizer, eu gosto delas.— Uma imagem do pau de Lo, duro e muito ereto, aparece na minha cabeça, e minha pele esquenta. Não. Não. Não. Pressiono minhas coxas mais apertadas juntas.

Através do olhar intenso de Rose, vejo vislumbres de preocupação fraternal.

Eu sou como uma tartaruga, lenta e firme. Eu não sou cem por cento capaz de falar sobre sexo sem corar. Não tenho certeza se algum dia eu ficarei tão confortável sem sentir que alguém vai arremessar um vibrador na minha cara.

Isso aconteceu há duas semanas fora do restaurante do Lucky. Não tem graça. E eu pensei que estar grávida me daria uma espécie de indulto como: não jogue brinquedos sexuais em mim e no meu feto. Nem tanto.

— Independentemente de você gostar delas ou não, as bolas deles precisam ir, — diz Rose. Ela está tão chateada com esses caras que ficam nos perseguindo. Eu também estou, mas eu não tenho mapas de guerra e armações planejadas na minha cabeça.

Daisy se levanta da privada, finalmente acabou de vomitar. Eu lavo o vaso sanitário e, em seguida, pressiono uma toalha fria em sua testa enquanto ela respira fundo.

Estamos todas em silêncio por um minuto, exceto pelo barulho do ventilador de papel de Rose enquanto ela joga o ar em Daisy. Eu tenho esses dolorosos flashbacks do que aconteceu, e estou mais abalada com a reação da minha irmã às armas de paintball do que com os caras de verdade.

Ela estava pintando minhas unhas com uma garrafa de Lucky Lavender enquanto eu lia histórias de gravidez em voz alta de uma revista de “futura mamãe". Minhas costas estavam para a janela, mas ela olhou para cima, com um puro pânico em seus olhos, do tamanho de pires.

E foi aí que começou os barulhos. Eu vi a tinta azul e laranja na vidraça como coco neon de pássaro, e nós duas nos levantamos juntas, o esmalte se derramando no tapete.

Quando Ryke e Lo correram para nós e saíram pela porta, Daisy murmurou alguma coisa e depois subiu a escada aos tropeções. Ela era um fantasma, sua respiração afiada enquanto ela sufocava por ar. Como se ela estivesse ofegando em terra seca. Eu a ajudei a ir ao banheiro dela no segundo andar e tentei acalmá-la para que ela respirasse normalmente.

Tudo isso durou cerca de vinte minutos, e só depois que ela vomitou que começou a se acalmar, a ficar mais à vontade. Sua regata branca com as palavras - kapow, baby - está encharcada de suor. Ela não está usando sutiã, o que eu entendo. Nem eu estou. Seios livres é o melhor. Além disso, somos ambas muito pequenas na parte de cima.

— Você pode falar? — Eu pergunto a ela, puxando uma mecha de cabelo loiro do seu rosto. Quando ela voltou da Costa Rica com Ryke, ela tingiu os fios multicoloridos de volta para o loiro e depois mudou as pontas dos cabelos para tons de verde menta. Ela é legal demais para mim e é minha irmãzinha. Eu nem acho que ela percebe o efeito que ela tem em muitas pessoas. Quando ela sorri, geralmente todo mundo sorri também.

Talvez seja por isso que a tristeza de Daisy dói tanto. É como assistir a um Ursinho Carioso chorar.

— Eu exagerei, — diz ela com uma voz sombria, lágrimas se acumulando.

Meu estômago dá um nó. — Eu estava lá, Daisy, foi assustador. — Eu a puxo para mais perto de mim para que ela não esteja agarrada ao vaso sanitário, e eu envolvo meu braço em volta da sua cintura. Ela está usando o boné azul e vermelho de Ryke para trás, e ela descansa a cabeça cansadamente no meu ombro.

— Eu sinto muito, — ela murmurou, enxugando os olhos rapidamente. — Eu só estou decepcionada... comigo mesma. — Sua voz treme.

Eu dou a Rose um olhar para não interpor. Ela não é o ser humano mais reconfortante do mundo. E ela sabe disso. Então ela gesticula, tá, para mim e fica fora disso.

— Eu quase fiz xixi nas calças, — digo a Daisy.

Ela ri baixinho e olha para mim.

— Estou falando sério. Eu sei que eu fiz xixi pelo menos um pouco.

— É porque você está grávida, — diz Daisy com um sorriso fraco. — Você não pode segurar sua bexiga.

— Não, definitivamente foi de medo. Eu não estou tão ainda. — Dezoito semanas e a barriga de grávida é apenas perceptível. Eu ganhei talvez cinco quilos ou menos, e meu médico quer que eu coma mais, já que estou "abaixo do peso". Acho que desengonçada é uma palavra mais legal do que abaixo do peso.

Rose está com vinte semanas e muito mais grávida do que eu. Ela tem um solavanco redondo no vestido preto da Calloway Couture que molda seu corpo. Ela está desenhando mais roupas de maternidade - só para si mesma. Lo a chamou de vaidosa na semana passada, e ela o golpeou com seu caderno de desenhos.

Eu gosto que ela esteja se certificando de que ela se sinta confortável. Isso é importante, especialmente quando muitas coisas estão mudando.

Daisy limpa a última lágrima com a manga da blusa, o outro antebraço embrulhado em um gesso amarelo brilhante. Ninguém ficou surpreso com o fato de a Costa Rica ter causado a Daisy uma fratura exposta e um ombro deslocado. Quando ela fica livre na natureza, ela se esforça.

Eu retiro o pano da testa dela.

— Obrigada, Lily, — ela sussurra para mim.

Meu coração incha. Eu reconheço que meu vício (e toda a atenção desagradável da mídia que ele trouxe) é a origem de sua dor. Mas não é culpa que me faz querer estar aqui para Daisy. É puramente por amor a minha irmã. — Lily, seu pé, — diz Rose com uma careta.

Eu olho para baixo. Lucky Lavender está derramado em todos os meus dedos e minhas unhas esquerdas estão metades pintadas.

Daisy diz: — Eu vou refazê-las.

Rose se ventila. — Você não terá tempo. No minuto em que Ryke aparecer aqui, ele vai querer te abraçar. — Ela revira os olhos, mas acrescenta: — É meio fofo.

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