Capítulo 14 - Inveja

...Boa leitura ❤️ ...

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Apesar de ser seu dia de folga, Conan acorda cedo no dia seguinte ao ver Kan se arrumando. Ele abraça o travesseiro enquanto o observa vestir uma camisa preta. Os seus músculos sobressalentes não desapareciam mesmo sob a roupa larga.

— Por quê está me olhando tanto? Quer fazer de novo? — Kan sugere sem vergonha alguma.

— Onde vai tão cedo?

Kan olha para ele, e logo desvia o olhar.

— Trabalho.

— Num domingo? — Conan indaga.

Quando Kan não responde, Conan se levanta rapidamente, e mexe no guarda roupa procurando uma roupa que sirva, a maioria das camisas eram enormes, e não havia nenhuma calça do seu tamanho. Ele veste apenas uma de duas camisas pretas e uma cueca, se voltando novamente para ele.

— Onde você colocou minhas roupas?

— Lavando.

— Por quê está tão monossílabico hoje?

— Não estou.

— Viu só, fez de novo, você vai mesmo cumprir a sua parte do acordo?

Em apenas um movimento, Kan agarra sua cintura com as duas mãos.

— Não é algo difícil, posso transar com você e com quem mais eu quiser, portanto que não seja seu irmão e enquanto isso você obedece todas as minhas ordens. — Ele lhe dá um sorriso de lado — Me parece bem fácil.

Conan revira os olhos, em seus braços, e deita a cabeça em seu ombro. Seria fácil se fosse apenas isso, mas Conan sabia muito bem que seu irmão não ia desistir até fazer da vida dele um inferno. E era um pouco angustiante não saber se Kan iria achar Liam atraente. Ele fazia o tipo de qual homem, era fofo, delicado e submisso.

— Pode não ser tão fácil.

— Então só confirma isso tão facilmente? Não se sente incomodado comigo dormindo com outro? É um pouco irritante que ele seja sua única fonte de ciúmes, ciúme não, inveja.

A palavra lhe pega um pouco desprevenido e Conan dá um soco no seu braço.

— Não tenho inveja, é ele quem sempre pega o que é meu, já que o defende tanto sem nem conhecer ele, talvez eu devesse lhes apresentar, para assim vocês dois ficarem juntos e assim me deixarem em paz. — Seu tom de voz sobe um pouco — Tenho certeza de que você faz o tipo dele, tudo o que é meu faz tipo dele.

— Era só brincadeira, eu não falava sério. — Kan franze o cenho.

— Falo sério, se um dia eu te ver com Liam, pode me esquecer completamente, se é para ficar com alguém que beijou meu irmão, que seja o meu ex então.

Kan agarra o seu braço irritado.

— Repita isso mais uma vez se tiver coragem.

— Qual parte? — Conan lhe dá um sorriso — A que você me esquece completamente, ou a que eu volto com o meu ex?

Teve que admitir que sentiu um pouco de medo ao ver como seu olhar se tornou sombrio.

— Primeiro — Ele começa ainda agarrando seu braço — Você e eu, não vai acabar até eu diga que acabou.

— Me solta.

— Segundo, se um dia eu descobrir que você ficou com qualquer outro além de mim, eu mato essa pessoa com minhas próprias mãos — Seu rosto estava muito próximo do seu — E terceiro, se seu irmão te irrita tanto, não me importo de matar ele pra você.

Conan pisca algumas vezes. Não sabia distinguir se ele estava falando sério ou não.

— Seu louco.

— Acredite ou não, eu faço, basta pedir.

Queria dizer o quão errado isso era, mas parte sua estava assustada. Como ele podia sugerir esse tipo de coisa tão facilmente...? Ao menos que já tenha feito algo assim antes.

— Você ia trabalhar, é melhor ir para não se atrasar — ele olha em volta — Pode devolver minhas calças? Eu quero sair.

— Vai aonde?

— Pra minha casa, quero vestir minhas próprias roupas, essas são muito largas, e também tomar um banho melhor, ainda preciso arrumar umas coisas da mudança.

— Não pode só me esperar aqui?

— Não.

Kan não questiona mais, ele lhe entrega a calça meia úmida e Conan veste mesmo assim. O caminho até sua casa foi estranhamente silêncioso, talvez ambos tivessem muito o que pensar. Mas enquanto Conan pensava o quão grande foi o problema que se meteu dessa vez, Kan apenas pensava o quão sexy Conan havia ficava com a sua camisa.

Apesar de não ter lhe dito o caminho antes, Kan segue até a sua casa corretamente.

Assim que chegam, Conan desfaz o cinto rapidamente e tenta abrir a porta mas Kan segura a sua mão.

— O que você...?

Mas a resposta vem logo depois, Kan acaricia seu pescoço e deposita um beijo em seus lábios.

— Como consegue ser agressivo e carinhoso ao mesmo tempo? É meio esquisito, não pode ser apenas uma coisa?

— Qual dos dois você prefere então?

Ele não sabia bem o que responder, então apenas saiu do carro. Para esquecer tudo isso, tomou o banho mais longo possível e arrumou algumas coisas suas. Quando acabou pensou que ficaria livre para relaxar, mas ouviu a campainha tocar.

Inacreditável. Ele pragueja mentalmente, haviam passado apenas algumas horas separados e Kan já vinha lhe procurar novamente, nem mesmo os seus namoros foram assim tão grudentos.

Quando ele vai até o portão planejando do que xingaria Kan dessa vez. Ele não tem certeza do turbilhão de sentimentos que lhe apossaram em ver que ao invés de Kan, era Denis quem estava a porta.

— Estou feliz que abriu, podemos conversar?

Queria bater nele, gritar, praguejar, o expulsar mas apenas ficou em silêncio. Pensar que ele era mais um dos casos de amor verdadeiro que deu errado, o fazia se sentir enojado.

— Vou entrar. — Ele não lhe dá tempo para pensar muito e apenas entra na casa.

— O que faz aqui?

— Seu amigo não disse? Quero pedir perdão, preciso que você entenda que eu realmente estava fora de mim, não sei como fui capaz de fazer uma coisa dessas com você, mas juro que realmente tenho meus motivos.

— Motivos que não quero escutar. — Conan fita as próprias mãos por um longo tempo, então se lembra das marcas em seu pescoço, e se sente feliz por estar usando uma blusa de gola alta.

Não queria que eles falassem da sua vida, que rissem depois pelas suas costas.

— Sei que é sua vida pessoal, mas eu não podia me sentir bem depois de ver o vídeo.

Por um segundo o coração de Conan parou, mas então ele se lembra que o vídeo com Kan só aconteceu depois do término. Então ele não podia estar falando desse.

— Vídeo?

— Sei que vocês estavam passando por necessidades e você precisava conseguir dinheiro pra sua família de alguma forma, e o tratamento da sua mãe, mas prostituição não devia ter sido uma opção.

Conan aperta os próprios punhos, e não consegue se segurar em acertar um soco no seu rosto.

— Seu idiota, que merda você está falando, não participei de vídeo algum.

— A essa altura do campeonato você ainda mente para mim?

— Se isso é mesmo verdade, me mostre essa droga de vídeo então.

Denis mexe um pouco no próprio celular, e rapidamente encontra um vídeo, parecia que já estava na lixeira mas ele recuperou. Era um pouco chocante demais.

No vídeo havia um homem exatamente com o rosto de Conan transando com cinco homens. Ele usava uma máscara mas o formato do rosto era igual. Tinha o mesmo tom de cabelo, e a cor dos olhos também era semelhante, apenas o corpo que era bem diferente do seu, em uma das cenas era possível ver que ele tinha uma pinta bem ao lado da orelha, enquanto Conan não tinha nenhuma.

Podia dizer na verdade que esse homem era muito mais seu gêmeo, do que o seu próprio irmão.

De algum modo, Liam havia encontrado um homem com exatamente a sua aparência, e conseguido um vídeo dele, enquanto dizia para seus ex namorados que ele havia se prostituido.

Seu estômago se revira por dentro, conforme as cenas do homem tão semelhante a ele passavam na sua frente.

Ele fica em silêncio, quando percebe que havia mais alguém tocando a campainha. Quando Denis percebe o quão paralisado Conan estava, ele vai por conta própria abrir a porta.

— Onde está o Conan? — Ele ouve a voz de Kan um muito mais fria que o normal.

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