Capítulo 11 - Incômodo

...Boa leitura ❤️...

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Mal conseguiu dormir naquele sofá desconfortável, mas assim que adormeceu teve a leve impressão de alguém acariciando o seu rosto. Ao acordar no dia seguinte havia uma coberta macia lhe cobrindo, ele aperta com força o tecido após tomar uma decisão.

Ao se levantar um cheiro delicioso de café invade suas narinas, era o mesmo aroma que sentiu no dia em que acordou após ter dormido com ele. Ele vai até a porta para ir embora, mas dessa vez Kan havia sido mais esperto, estava trancada.

Ele dá um suspiro cansado, e vai até a cozinha. Kan estava de costas usando um avental vermelho, havia umas flores rosas bordadas, por alguma razão parecia combinar muito com ele.

Havia muitas coisas que pensou em dizer, mas permaneceu em silêncio quando Kan colocou o café da manhã na sua frente, pães doces, panqueca e café fresco. Eram suas comidas favoritas. Ele franze o cenho.

Queria perguntar como ele havia adivinhado, mas ao invés disso, continua o olhando.

Na verdade, havia uma coisa errada, geralmente ele gostava de misturar café com leite, pois gostava mais da combinação.

— Tem algo na minha cara? — Kan pergunta com um sorriso.

Conan desvia o olhar.

— Ah, é mesmo, esqueci. — Kan vai até a geladeira, pega uma caixa de leite e mistura com o café — Melhor assim professor?

— Como você...?

— Coma.

— É uma ordem? — Conan indaga debochado.

Kan apenas fica em silêncio, e começa a comer sozinho. Sem resposta, Conan se senta e come um pouco, o que mais lhe irritou foi que havia sido a melhor coisa que já comeu na vida. Ele continua comendo, mas tenta disfarçar o fato de ter gostado.

Quando acaba, Conan espera um pouco para perguntar:

— Você poderia trocar de curso? — Ele suspira cansado — Ou de faculdade, não sei... pode ficar longe do meu trabalho?

Kan tira o avental pendurando na cozinha.

— Não acha o avental bonito?

— O quê? — Conan franze o cenho para esse pergunta descontextualizada.

— Minha mãe fez para o meu pai no aniversário de casamento deles, eu tinha dez anos na época, não é fofo?

Conan suspira cansado.

— Eu não estou nem um pouco interessado na sua vida.

— Deveria mostrar mais interesse, já que vamos passar o resto do semestre juntos.

— Por favor, saia da minha vida. — Conan se levanta — Estou realmente cansado de você.

— Para que? Você ficar com o Denis ou o Finch? qual deles prefere?

Ele vai até a porta com um olhar estressado, e garante de pegar todas as suas coisas enquanto encara Kan.

— Tenho que ir trabalhar, pode abrir para mim?

Talvez por um milagre, Kan não reclama mais, ele abre a porta, mas obriga Conan a ir com ele de moto, o deixando em um lugar próximo a faculdade, para não chegarem juntos.

— Lembre de prestar atenção no que está ensinando professor, sabe que eu amo aprender.

Conan lhe dá um sorriso frio, antes de mostrar o dedo do meio e seguir seu caminho.

A faculdade estava meia vazia por ser sexta feira, então Conan não teve que se esforçar tanto para dar aula, para sua sorte, Finch havia faltado. Talvez o soco que Kan tivesse acertado, tenha sido forte demais.

Apesar de irritante, Kan até estava se comportando bem, talvez de vez em quando ele fosse um pouco agradável. Enquanto o observava, o coordenador chega, se aproxima de Conan, e sussurra que seu irmão estava na secretaria o esperando.

Não sabia como controlar sua reação, então se sentia um pouco desconfortável com isso... então Liam havia descoberto mais um emprego seu. Ele morde os lábios nervoso e sai da sala com medo de Kan os seguir.

Talvez fosse a melhor opção, juntar Kan com Liam e assim ficaria livre de ambos.

Quando chega lá, seu irmão usava um conjunto azul claro, combina com os cabelos loiros e o sorriso inocente, parecia um verdadeiro anjo. Conan tenta esconder sua irritação.

— Irmão, quanto tempo, sabe que senti sua falta, faz tempo que não me liga. — Ele diz lhe dando um longo abraço.

— Podemos conversar em outro lugar?

Liam dá um sorriso travesso, sabia muito bem que estava incomodando e gostava disso.

— Mas por quê? Eu adorei conhecer seu chefe, o diretor é simplesmente adorável, que pessoa divertida de conversar.

Para seu pesadelo o diretor aparece confirmando com um sorriso e segura o ombro de Liam com carinho fraternal.

— Não pensei que tivesse um irmão gêmeo, vocês não se parecem em quase nada.

— Você acha?

— São obviamente opostos.

Conan franze o cenho, não sabia se isso era ou não um elogio, vindo de alguém que com certeza via seu irmão como uma beleza única. Então dizer que não se parecem era quase esfregar na sua cara que era feio. Seu celular treme e ele vê a mensagem de Kan "Onde você está?"

Ele suspira fundo olhando a mensagem enquanto se pergunta se devia ou não responder. Por fim decidiu guardar novamente no bolso. O celular não para de tremer.

— Realmente... nossa semelhança é muito pouca. — Conan diz observando a marca vermelha no pescoço do seu irmão. Era pequena e naquele ângulo, apenas ele podia ver — Desculpa diretor, mas precisamos ir agora, lembrei que tenho algo para resolver com meu irmão.

Dessa vez Liam não protesta quando é levado para fora da faculdade, Conan encontra um café quase vazio e o leva para lá. Nenhum dos dois pede nada, Conan estava realmente de saco cheio dele.

— Por quê veio?

— Me chateei pelo meu querido irmão, não me contar que arrumou um novo trabalho, por quê não faz me contratarem lá?

— Ainda sou novo para indicar alguém.

"E a escola não é um bordel, para um prostituto frequentar." Ele pensa.

— O diretor parece ter gostado bastante de mim, o que será que ele acharia se eu contasse que você me trata mal e rouba os caras que estou a fim?

Conan quase engasga com o ar.

— Oi?

— Você sabe que os caras que namora fazem o meu tipo, mas continua ficando com eles, isso não é justo.

— Então você quer dizer que é minha culpa por namorar homens bonitos? Eu devia ficar com alguém feio para você não sentir atração por ele?

Liam abre bem os olhos, e um brilho surge ali.

— Exatamente.

— O que eu fiz pra você? — Conan pergunta calmo.

— Hum?

— O que eu fiz? — Ele faz uma pausa — Você me odeia, sempre deixou isso claro, se não, não tentaria pegar tudo o que é meu, então o que eu fiz?

Um fato inegável que odiava admitir, era que os primeiros caras que gostou, haviam de fato gostado de Conan, ao menos de sua aparência, pareciam muito interessados. E tentavam a todo custo puxar assunto com ele, mas assim que Liam aparecia, Conan se sentia estranho, pois mesmo que não flertasse claramente, era muito óbvio que havia chamado sua atenção. Normalmente os homens ficavam desconcertados na primeira vez que o viam, como se observassem uma fada. Eles faziam perguntas sutis sobre a família de Conan, e ele respondia inocentemente. Talvez no fundo soubesse que havia algum interesse a mais ali. Mas como foi seu primeiro amor, ele preferiu pensar que não havia sido assim.

Então foi com ele que deu seu primeiro beijo, e dois dias depois, era Liam quem estava beijando ele.

Aconteceu com o segundo cara que gostou, com o terceiro, e até com seu primeiro namorado. Não conseguia deixar de pensar no brilho que havia nos olhos deles quando observavam Liam. Isso o fazia se sentir tão inferior, que o matava por dentro. E Liam nunca dava uma explicação válida, apenas dizia que sabia que era melhor do que Conan.

— Eu... Só quero saber por quê.

Liam o olha por um longo tempo até finalmente dizer:

— Por quê é divertido.

Conan pisca algumas vezes.

— Divertido? — Conan repete confuso.

— Sim, e amo ver a expressão que você faz, quando eles me olham com mais desejo do que quando estão com você.

Sua mente fica em branco, ele sente seu celular vibrar pelas mensagens e o esconde mais fundo no bolso.

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