Capítulo 4 - Encontro indesejado

Luzes cegantes acordaram Conan pela janela do quarto, ele se levantou num sobressalto mas imediatamente parou ao sentir uma dor aguda nos quadris.

Sua mente estava em branco, mas principalmente tudo doía, seus músculos, sua cabeça, principalmente por quê não se lembrava de nada do que aconteceu na noite anterior.

Ele tentou se levantar duas vezes mas caiu nas duas. Nunca havia sentido tanta dor antes.

Um cheiro de manteiga e café preencheu seu nariz e foi quando ele soube que o homem desconhecido estava na cozinha preparando algo para comer.

Conan andou até o espelho e viu que apesar de limpo diversas marcas cobriam todo o seu corpo. E com todo, ele queria dizer completamente. Até mesmo seu cabelo castanho claro estava com aparência de desbotado, como se lhe tivesse sugado até a alma.

"Como esse filho da puta mordeu o meu pé também? O que ele é, um cachorro?"

Com uma careta ele vestiu rapidamente as suas roupas, as calças mal entraram quando ele enfiou a camisa do avesso e calçou os sapatos de lados diferentes, quando acabou foi então que percebeu que não sabia onde estava a sua cueca.

Ele não encontrou por mais que olhasse.

Não podia aceitar o fato de que foi tão irresponsável a esse ponto.

Encontrou um papel e decidiu escrever um bilhete rápido. Isso ao menos colocaria um ponto final nas coisas.

"Foi um erro"

Após isso, ele pensou em apagar ou deixar seu número mas ouviu um cantarolar na cozinha e se desesperou.

Imediatamente Conan girou a chave que por sorte, estava na porta, e saiu rapidamente da casa.

Era loucura. Na sua idade, fazendo esse tipo de coisa, era a primeira vez que acontecia isso com um cara desconhecido.

Assim que se lembrou ele fez uma ligação para Megan, tinha que contar a verdade a ela. Mas nesse momento percebeu que ela havia bombardeado seu celular de ligações.

Haviam exatamente quarenta e três.

— Megan?

Ele mal disse seu nome quando ela de repente gritou ao telefone:

— Eu fiquei realmente preocupada, cogitei sinceramente fazer uma queixa de desaparecimento na polícia, por quê você some assim?

— O que foi? Por quê está gritando comigo?

— Você ainda pergunta depois de simplesmente sumir?

— Eu não sumi. — Ele engole em seco.

— Tá de brincadeira, meu primo passou horas te procurando e não te encontrou, eu fiquei desesperada, e disseram que uns homens estranhos tinham você na mira, tem noção de como aquele lugar pode ficar perigoso?

— O quê está falando? Eu fui com o seu primo ontem, ele quem me levou. — Ele diz franzindo o cenho.

— Impossível, o meu primo quase desmaiou, então também foi parar no hospital.

— Mas como? Se eu acabei de ver ele?

— Você... — Ela guarda silêncio por um momento — Com quem você foi embora ontem a noite?

As memórias ardentes da noite anterior começavam a vir uma a uma, mas ele as bloqueou sentindo suas orelhas queimarem. Se perguntava a mesma coisa, se aquele homem não era o primo de sua amiga, então quem era ele?

Logo pânico tomou conta.

– O seu primo não é um homem extremamente bonito que parece um cantor de rock depressivo?

– O que? Não, o meu primo escuta jess e gosta de teorias da conspiração, eu nunca deixaria esse tipo de pessoa suspeita te levar para casa, principalmente no estado em que você estava, o que diabos aconteceu?

Conan começou a ter uma crise existencial.

– Então com quem eu dormi?

Ele teve quase certeza que ficou surdo no momento seguinte com o grito que Megan deu na sua orelha.

– Você transou com um desconhecido? Meu Deus, por quê? Onde? Como? Usou proteção? Eu não posso te deixar sozinho um minuto que um estranho aleatório quase te sequestra.

– Calma, eu tô bem, te conto melhor depois, estou atrasado, eu tinha esquecido que hoje tinha trabalho.

– Você ainda está vivo de todas as formas, então pelo menos o cara não é um traficante de órgãos, conseguiu o número dele?

– Não, eu saí sem que ele me visse.

– Você simplesmente fugiu?

– Não tinha o que fazer, tenho que dar aula hoje, sem tempo para dramas sexuais, tive o suficiente de tudo isso.

— Você vai realmente dar aula para uma sala inteira de calouros enquanto está de ressaca?

— Foi difícil conseguir esse emprego, uma ressaca não é nada comparado a estar desempregado.

Assim que chega em sua casa, Conan franze o nariz, pois ainda podia sentir o cheiro do perfume barato do seu irmão, era incrível que não tivesse lhe copiado nisso também. Afinal, ele queria tudo o que lhe pertencia.

Ao menos não sua carreira, um dos únicos orgulhos da vida de Conan era ser professor, isso ninguém jamais lhe roubaria. O tempo com seus alunos o fazia se sentir mais responsável e calmo então naturalmente amava a profissão.

Após se arrumar rapidamente, ele nota estar mais atrasado do que pensava, então apenas pega o seu material de apoio e corre para a universidade.

Os corredores pareciam infinitos, apesar de ter conhecido a escola antes, acabou se perdendo duas vezes.

Ele passa os olhos por quase todas as salas, até finalmente chegar a sua, se sentia extremamente nervoso mas animado. Essa era uma oportunidade única de mostrar a sua mãe seu verdadeiro valor.

Mas assim que entra, o ânimo de Conan desanda um pouco, a sala continuava barulhenta e animada, e eles não pareciam ter lhe reparado.

– Bom dia turma. – Ele começou baixo.

Todos continuavam em seus próprios mundos, então ele guardou seus pertences na mesa e começou a escrever o seu nome na losa.

– Bom dia turma. – Ele repetiu mais alto dessa vez.

Apenas um garoto sentado no primeiro lugar lhe retribuiu o bom dia, enquanto todos os outros continuaram conversando.

– Eu disse bom dia. – Ele tentou se igualar aos gritos mas acabou tossindo ao perceber que sua garganta estava incrivelmente rouca.

Suas bochechas ficaram vermelhas ao lembrar do motivo.

– Ei, turma, o professor pediu silêncio. – O rapaz sentado na frente falou e a sala toda passou a lhe encarar.

Conan poderia ter beijado o garoto como agradecimento se ele não fosse seu aluno.

— Sou o novo professor de vocês, Conan Merency, e é um prazer conhecer a todos pessoalmente.

Alguns lhe olharam confusos mas prestaram um pouco de atenção. Todos o encaravam curiosos enquanto cochichavam entre si. Apesar do ambiente parecer hostil no início, Conan logo se habitou, então não importava se os alunos não gostavam dele. De todos os modos, não era mais um aluno para manter pequenas rixas.

Enquanto estava escrevendo na losa, o aluno educado de antes, Finch, lhe faz uma pergunta:

— Por quê se atrasou professor? Talvez tenha se perdido no campus? Ele é realmente enorme.

Conan mordeu os lábios envergonhado.

— Foi apenas um erro de cálculo, mas não vai se repetir, não costumo chegar atrasado nos lugares. — Ele diz com um suspiro baixo.

Mas realmente não esperava que seu irmão lhe roubasse um namorado pela milésima vez. Por alguma razão Conan se sentia estranho, como se suas costas formigassem, era uma sensação como se estivessem lhe olhando fixamente.

Ele afasta esse pensamento e continua a escrever na losa.

— É bom mesmo que não se repita, acho até um pouco desrespeitoso que um professor faça isso. — Dessa vez foi uma voz desconhecida que falou — Esse tipo de gente me irrita muito, você não concorda Benedit?

Ao invés de responder, Conan continua o seu trabalho, mas então um estojo é jogado em suas costas.

— Quem fez isso? — Ele indaga calmamente.

— Foi o Kan Benedit, eu vi.— Disse outro rapaz enquanto ria baixo. — Kan seu cuzão, você disse que acertaria na cabeça mas errou.

— É verdade, eu também vi.

Todos alí pareciam estar achando muito engraçado. Embora Conan não houvesse contado nenhuma piada. Ele geme internamente, "Por quê era tão difícil dar aula para adultos que ainda pensam estar no fundamental?"

— Senhor Benedit poderiamos conversar por um momento? — Ele diz, porém ouve a sala ficar em silêncio.

— Com todo o prazer. — Responde uma voz diferente de todas que escutou até agora.

A sensação incômoda de ser observado havia retornado, o fazia se sentir encurralado. Quando acabou de escrever a última linha no quadro, ele voltou para olhar quem era o aluno que vinha lhe olhando tão intensamente.

Mas assim que viu a intensidade escura do seu olhar, memórias da noite anterior lhe invadiram. O homem era ainda mais bonito contra a luz brilhante da sala. Mas isso fez Conan sentir que ia vomitar. O mesmo se levantou e foi calmamente em sua direção, até ficar há alguns metros de distância.

Não era possível que fosse tão azarado.

— Sobre o que quer conversar professor?

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Espero que tenham gostado! Não se esqueçam de curtir e comentar ❤️

O que será que Conan vai fazer no próximo capítulo?

A) Começar a gritar.

B) Pular da janela.

C) Pedir ele em namoro.

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