Capítulo 7 - Desde quando?

Não imaginava que Kan pudesse ser tão imaturo, mas pensando bem fazia sentido, ele provavelmente havia saído da escola faz pouco tempo e estava começando na universidade. Se sentia ainda pior ao lembrar disso. Devia haver alguma forma de concertar o seu erro.

Como se sua vida não fosse caótica o suficiente, com seus péssimos ex-namorados, e seu irmão angelical, agora tinha que lidar com um vídeo explícito seu, com um aluno. Tinha medo do quão baixo sua reputação pudesse cair, isso se não fosse preso. Nunca na vida teve que pesquisar sobre isso, mas agora mais do que nunca precisava consultar o Google para saber se era ilegal dormir com um estudante de faculdade.

Ele balança a cabeça negativamente tentando afastar esses pensamentos e pega um táxi para o apartamento do seu irmão. Para ser sincero, não pensou que teria que ver o seu rosto tão cedo, mas infelizmente não podia escolher a família que tinha.

A campanhia é tocada algumas vezes mas ninguém responde, Conan podia imaginar o porquê mas tinha medo de suas suspeitas serem confirmadas. Após muito chamar, alguém aparece. Um homem baixo de meia idade.

— Boa tarde senhor, eu gostaria de saber se Liam está em casa.

O homem o olha com ele carranca.

— O que você é? Um amante dele? Pensei que ele tivesse namorado, esse jovem não cansa de trazer homens todos os dias para cá?

Conan sentiu um nó na garganta com essas palavras, Liam trazia alguém para sua casa... sempre?

— Desde quando — Sua voz abaixa um pouco — Desde quando ele trás alguém para cá?

O proprietário o olha de cima a baixo com uma expressão de julgamento.

— Desculpa não me apresentar, sou o irmão dele.

— Irmão?

— Gêmeo...

— Não parece, seu irmão é mais bonito, apesar que podemos ver que beleza não atrai caráter, ele ficou me devendo dois meses de aluguel, você como família é seu dever pagar.

Conan faz uma careta com o "mais bonito", era irritante que todos esfregassem isso na sua cara.

— Quanto ele ficou devendo exatamente?

Desde que chegou notou que o bairro não era comum, era o tipo de bairro que apenas pessoas de alto padrão podiam ser capazes de sustentar, e assim que o proprietário disse o valor exorbitante que valia cinco salários seus, Conan sentiu sua pálpebra esquerda tremer.

Depois que se tornou adulto, parou de deixar Liam tirar proveito dele, no passado sempre assumia os erros do seu irmão. Mas mudou, e agora não seria diferente, mas tinha algo que estava muito curioso.

— Eu pago se me fizer um favor.

O homem ergue uma sobrancelha.

— Esse homem que você mencionou. — Sua voz fica mais baixa, ele estava perdendo a coragem de falar — O homem que não parava de frequentar a casa de Liam... ele...

De repente ele perde a fala de engole em seco. Seus olhos se umidecem mas ele pisca rapidamente para se acalmar. Ele procura em seu celular uma foto de Denis, e seu coração se aperta um pouco pois estava evitando entrar na galeria.

— Se parecia com esse homem.

— Esse, esse mesmo, que homem chato, não parava de vir aqui, não ficava quase nada e depois ia embora.

— Por quanto tempo ele... — Ele faz uma pausa — Não, não, quando ele começou a vir aqui e em que horário?

Se o proprietário ficou irritado com as perguntas estranhas não demonstrou.

— Mais ou menos a tarde, por volta das três? E já devem fazer três meses.

Dessa vez Conan não pode controlar uma lágrima que caiu, há três meses atrás eles haviam visitado casas para comprar. De repente Denis havia ficado um pouco distante e costumava chegar tarde, ele dizia que estava visitando a vó que estava doente. Toda vez que Conan se oferecia para ir junto, Denis dizia que ela era uma mulher antiga se cabeça fechada, que não aceitaria seu namoro com outro cara. Conan chegou a oferecer dinheiro para os gastos médicos.

Não se lembrava exatamente do que fez depois disso, só se lembra que passou o cartão de crédito para o proprietário, depois correu para algum beco, e alguma lixeira teve a infelicidade de ser vítima do seu vômito.

Nós últimos três meses, beijou, e dormiu a mesma cama que Denis, estava dormindo com o mesmo homem que dormia todos os dias com seu irmão. Todas as palavras de amor, tudo aquilo foi falso. Por que Liam tinha que roubar tudo seu?

Ele pega o táxi para o próprio apartamento e nem sequer precisa perguntar a ninguém, apenas bate na porta do apartamento em frente ao seu. E uma cópia sua, mais baixo e mais afeminado abre a porta com um sorriso debochado no rosto.

Como sempre, após descobrir sua casa, Liam se mudou para um apartamento na frente do seu. Nem sequer sabia o que dizer.

O caso com Kan o distraiu, então esqueceu desse detalhe.

— Eu paguei o seu aluguel.

— É só para isso que você serve, mas se lembre que eu não pedi, não bastava ser uma versão menos bonita de mim, ainda é menos inteligente.

Conan apenas fita seus olhos em silêncio.

— Como paguei, e quitei a dívida sem você pedir, pode atender as ligações da mamãe? Ela está preocupada.

Liam inclina a cabeça.

— E se eu não quiser?

Conan pega o próprio celular e mexe um pouco antes de voltar a falar com seu irmão.

— Eu pensei seriamente que algo tivesse acontecido com você.

— Se com acontecer algo, você quer dizer aproveitar meu tempo livre dando muito amor para o meu lindo namorado que te jogou fora, então pode ter certeza que aconteceram muitas coisas comigo. — Ele acaricia seus próprios cabelos platinados lisos.

Conan dá uma risada baixa. Ele mexe novamente no celular enviando o áudio que gravou de Liam para a sua mãe e se volta para ele novamente.

— Confesso que fiquei surpreso em saber que o Denis preferia putas como você.

Ele abre um sorriso.

— Como a boa puta que sou, fiz questão de cobrar, e você foi muito gentil cedendo o seu dinheiro, afinal não é todo dia que a vozinha do seu namorado tem uma doença terminal grave que precisa de dinheiro para os gastos médicos, que alma caridosa você é. — Ele faz um biquinho zombeteiro — Nos divertimos muito rindo da sua ingenuidade.

— Espero... — Conan se aproxima de sua orelha e sussurra em um tom gélido — do fundo do meu coração que se divirta com as minhas sobras, se contentando com os meus restos, como faz de melhor.

Ele nem sequer vê a expressão sombria que se forma no rosto de Liam quando sai dali. Seus passos são retos e firmes mas não sabia para onde estava indo, seu corpo parecia mais preparado que sua mente, apenas quando chegou em frente a universidade se lembrou o que havia combinado mais cedo.

A essa hora a maioria das aulas haviam acabado então o campos estava meio vazio, o cartão chave ficou com Kan, mas Conan acabou demorando mais do que imaginava, o combinado era ao menos três horas antes, era improvável que ele ainda estivesse esperando.

Seu peito ainda doía. Ele recebe a mensagem da sua mãe agradecendo e não consegue nem ao menos sorrir. Os passos até a sala são lentos e pesados, sabia que Kan não estaria mais lá, mas ainda sentia um nervosismo estranho. Mas é claro que ninguém em sã consciência passaria três horas em uma sala escura esperando por outra pessoa.

Apesar disso quando entra na sala, não se surpreende com os olhos escuros lhe encarando.

— Me deixou esperando professor, eu estava começando a ficar de mal humor — Ele se aproxima com um tom perigoso — E eu detesto ficar de mal humor.

Queria brigar com ele, dizer que não tinha obrigação alguma de chegar lá, e se ele quer mesmo, então que poste o maldito vídeo.

Mas se sentia exausto.

Então apenas o encara de volta.

– Por quê demorou?

— Estive ocupado.

— Está livre agora?

Conan acena com a cabeça.

— Devo ter uns vinte minutos para conversar.

Kan lhe dá um sorriso perverso, e se aproxima suavemente tocando na sua cintura enquanto olhava em seus olhos.

— Não vou usar nosso precioso tempo para conversar, nunca fui bom com palavras.

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