Capítulo 18 - Criminoso

...Boa leitura ❤️ ...

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Sentia seus nervos a flor da pele, agora que era alvo de troféu, sabia que não lhe deixariam sair tão fácil, a luta mal havia começado e Conan sentia seu estômago revirar, não sabia para quem torcer, era óbvio que não queria passar um momento sequer com aquele cara esquisito, mas também temia que Kan ganhasse e cumprisse a promessa de arrancar fora os olhos dele. Provavelmente foi apenas para assustar certo?

Apesar de ser um cara um pouco... irritado? Kan não era sanguinário a esse ponto. Mas parte sua temia que estivesse errado. Se Kan de fato ganhasse, então arrancaria os olhos do homem na sua frente? Não queria ver essa cena.

Ao contrário dele, a mulher sentado do seu lado, estava muito animada, ela até gritava de vez em quando, não dava para saber exatamente para quem ela estava torcendo.

A defesa de Kan era boa, mas o homem possuia mais músculos, quando um avançava o outro recuava, tinha um pouco de medo do que aconteceria, então desviou o olhar quando ambos avançaram para acertar um soco. Parou de olhar por um bom tempo e quando voltou, Kan estava prendendo o pescoço do homem com uma chave inglês. O rosto do homem estava muito vermelho e ele estava perdendo o ar enquanto tentava desferir socos no abdômen de Kan. Mas depois de algum tempo ele não suportou mais, e perdeu o round.

Aparentemente para ir ao próximo round, o vencedor devia dar um tapa no rosto do perdedor. Kan acerta seu rosto tão forte que o homem quase cai no chão.

— Ele é incrível não é? Pode ter certeza que bate ainda mais forte na cama.

Sua atenção que esteve fixa o tempo inteiro na luta, agora se desvia para a mulher ao seu lado.

— O que?

— Estou dizendo que temos muita sorte de ele estar solteiro, assim abre mais oportunidades para aquelas que nunca conseguiram dormir com um homem de verdade.

— Como você sabe que ele está solteiro? — Ele olha um pouco para Kan que estava bebendo água — Talvez ele só seja mais reservado.

A mulher cai na garganta.

— Kan é sexy, mas também é praticamente um animal, mesmo que quisesse ele não poderia ser sútil, no dia que estiver apaixonado, tenho certeza que o mundo todo vai saber, pelo que conheço ele deve ser ridiculamente fiel.

— Mas talvez você não conheça tão bem quanto pensa — Ele se sente nervoso sob o olhar dela — Ele pode gostar de alguém e mesmo assim dormir com outras, eu duvido que faça o tipo fiel.

— Ou talvez "você" não o conheça tão bem assim, Kan é do tipo obcecado, se ele gosta de alguém é capaz de viver e morrer, se só está usando, então é claro que ele vai usar ela e mais outras cem ao mesmo tempo.

Novamente aquela sensação incomoda em seu peito, droga tinha que parar de se sentir assim.

— Ele já dormiu com muita gente?

— Talvez não tantas comparado ao número de garotas que realmente gostariam de estar com ele. Me lembro que teve uma época que ele recebeu tantas cartas que fiquei com inveja, mas ao invés de ler, queimou todas.

Conan ri baixo.

— Não me admira, ele é tão pouco burocrático.

— Sim, eu não sei se vocês estão dormindo juntos, mas não precisa pensar muito a respeito, se Kan quiser ter algo sério com você, ele vai dizer.

Era quase um insulto que pensassem que Conan quisesse ter algo sério com ele, quando suas idades eram tão diferentes.

— Você o conhece há muito tempo?

As sobrancelhas negras da bela mulher se juntam, pensando no tempo certo, mas logo dá de ombros.

— Talvez seis anos? Nos conhecemos um pouco antes de eu sair da cadeia.

Conan continua observando o seu rosto por um momento.

— Da cadeia?

— Você não sabia que Kan é ex-presidiário?

Conan volta a olhar para o ringue, aparentemente o homem grandalhão havia ganhado a segunda rodada, era estranho por quê quase não haviam ferimentos em Kan, enquanto o outro estava repleto de hematomas. Parecia fácil para Kan lutar com ele.

Mas parecia que ele estava...

— Não parece que ele está brincando?

— Hum?

— Kan é desse tipo, gosta de brincar até deixar o outro completamente sem saída, fez bastante isso com mulheres também, mas nunca teve nenhum tão resistente, geralmente os enlouquecia com um simples olhar.

— Ele é do tipo que se entendia fácil?

— Quase como uma criança sempre procurando um doce melhor.

Conan a princípio pensava que não queria olhar, mas agora não conseguia tirar os olhos da cena. Kan obviamente podia vencer a luta quando quisesse mas parecia querer prolongar seu sofrimento, em último momento ele derruba o homem no chão e começa a socar o homem com tanta força que o sangue começa a escorrer. Conan sentia sua visão ficar vermelha.

— Por quê ele foi preso?

— Ah vários motivos, sabe como são os jovens nessa idade, invasão de domicílio, formação de quadrilha, porte de drogas, cárcere privado, homicídio culposo, e tem mais um, que não há nada que comprove, mas circulavam rumores na cadeia de que ele também foi preso por abuso sexual.

A cena a sua frente era sangrenta e violenta, mas para ser sincero as palavras da mulher ao seu lado o assustaram mais.

— Mentira, ele não faria algo assim... ele não abusaria de ninguém, e nem mataria, isso não faz sentido, por quê diabos ele estaria solto então?

A mulher começa a rir parecendo se divertir.

— Ele só está solto por que salvou minha vida dentro da cadeia, então quando dormi com a delegada, fiz o favor de falar bem dele.

— Mas esses crimes, isso não faz o menor sentido.

— Certo, entendo que confie nele, mas é de se suspeitar, um jovem na idade dele preso por tantos crimes, acha mesmo que ele também não fez esses outros? — Ela se aproxima de sua orelha — A verdade está bem na sua frente, apenas você não quer ver.

Nesse momento Conan olha para frente e vê que mesmo nocauteado, Kan não parava de desferir socos no homem.

— E-ele já está caído, por quê ninguém para ele?

— Parar?

— Ele caiu, não consegue se levantar, a luta acabou, Kan precisa soltar ele.

— A luta só acaba quando um deles morrer.

Conan arregala os olhos, e olha em volta. Todos gritavam com entusiasmo enquanto levantavam fichas de apostas, pareciam ter apostado em Kan. Sabiam que ele era um forte competidor. Se sabiam isso, era por quê Kan lutava com frequência.

Mas então quantas pessoas ele já matou? Não conseguia imaginar que alguém tão jovem tivesse as mãos sujas com tanto sangue.

Sentia sua cabeça girar, mas não controla o próprio corpo quando sobe no ringue e grita seu nome. Todos assistindo, pareciam irritados por Conan tentar atrapalhar o show. Ele agarra o braço que Kan desferia socos, mas em meio a tudo isso acaba levando um golpe no queixo. Seu corpo é arremessado para trás, e ele fica um pouco tonto, mas vê que Kan havia saído de cima do homem e ido em sua direção.

— O que deu em você para subir aqui? Poderia ter se machucado seriamente — Ele grita com Conan e em seguida se vira para a mulher — Por quê não segurou ele?

Ela lhe dá um sorriso travesso.

— Seu homem, seu problema.

Kan faz um som com a língua e puxa Conan para de levantar.

— Você precisa sair daqui.

A plateia começava a vaiar Conan para que ele se retirasse dali. Precisava pensar em algo para obrigar Kan a ir com ele.

— Eu machuquei meu pé, seu bruto, peça pelo menos pra algum amigo seu me carregar, eu quero ir pra casa.

Kan o olha por um longo tempo. Ele usava uma regata preta que grudava em seu corpo por conta do suor que exalava, suas mãos estavam enroladas em faixas brancas cobertas de sangue, e seu olhar ainda parecia um pouco assustador.

— Quer que um... amigo — Ele diz, a palavra com ênfase — meu, te carregue?

— Por favor? — Conan pede com olhos brilhantes

Apesar de todo o protesto da plateia, Kan lhe pega no colo e desce do ringue com ele. Mesmo com a luta inacabada. A mulher parece surpresa e se aproxima deles enquanto Kan vai embora do lugar.

— Você sabe das nossas regras, se sair agora talvez eles nunca mais te aceitem de volta, tem certeza de que não vai ficar aqui?

— Ele machucou o pé.

— Eu peço para um funcionário levar ele.

— Só eu posso segurar ele, entendeu?

— Entendi... mas você sabe, o chefe vai ficar furioso, e provavelmente vai atrás de você.

Ele a olha sem expressão.

— Mande ele vir.

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