— Você acordou? Não pode se levantar ainda, Rapaz. Você não está bem. — Uma senhorinha com cabelos bem brancos me diz me ajudando a voltar para cama. Eu me sentia tão fraco que não pude negar voltar.
— Onde estou? — Perguntei já na cama. Ela estava pegando algo no caldeirão e colocando numa cuba pequena.
— Está na Vila Cerejeira, a sacerdote está cuidando de você. Ela foi pegar algo na floresta para termina algo para você. Por enquanto tome isso. Vai se sentir melhor — Ela falou me entregando algo que parecia uma sopa sem graça. Na verdade, parecia água suja. Que tipo de pesadelo eu estou metido? Que até água suja tenho que tomar?
— Não vem. Ele quebrou o relógio. Ele é meu — Eu conheço essa voz.
— Você nunca deveria ter pego aquele relógio. Ele nem deveria existir. Eu não sei o que passou na cabeça de Lumen. — Falou uma voz desconhecida
— O que aconteceu com ele? — A voz conhecida que se aproximava perguntou
— Está com medo de morrer ou na esperança de ser livre? — A voz desconhecida zombava
As duas entraram na cabana. A desconhecida segurava um cesto com várias flores. Era uma idosa. Os seus cabelos eram tão brancos, tão baixinha que poderia jurar que era uma criança, mas por sua voz forte, nunca p'oderia dizer que era bem idosa ou criança. Ao lado dela estava a Lilith, ela parecia limpa? Os chifres não estavam aparentes. Parecia uma humana. Que estranho.
— Parece que a razão dos seus problemas acordou. — A idosa falou sorrindo para Lilith que fez careta para ela — Como se sente, Lumen?
— Eu me sinto cansado. E não sou o Lumen. Me chamo René! Quem diabos é Lumen que vocês falam tanto? E quem são vocês? — Eu falei irritado com esse papo. E aproveitei que estavam focadas me olhando e coloquei a água suja de lado. Não tem condições de tomar aquilo.
— Não brinca com a minha cara. Eu arranco seu coração — Lilith falou se aproximando irritada
— Cala boca, Lilith! Tu sabe que não pode tocar nele. — A senhorinha falou afastando Lilith que mostrou os dentes. ASSUSTADOR!
— Sério que tu vai cair nessa? Ficou velha e besta? — Lilith gritou com a mulher
— Quanto tempo faz que você não sabe se Lumen? — Ela perguntou a Lilith
— Não sei, acho que uns 100 anos. — Ela disse olhando para a senhora irritada
— Não acha que ele está um pouco novo? Eu tinha 6 anos a última vez que vi o Lumen — A senhora contou.
— WOW! A senhora é muito velha! — Eu disse surpreso e levei uma tapa na cabeça — E muito forte. Parabéns.
— Você muito idiota. Tenho certeza que é o Lumen. — Ela fala saindo de perto
— Eu disse — Lilith fala vitoriosa
— Eu já disse que sou o René! Eu não sei nem onde estou um ou quem são vocês. Preciso voltar para casa antes que os meus pais descubram que eu sumi e enlouqueçam. — Eu falei
— Você definitivamente é o Lumen, mas tem algo errado. Será que você morreu e renasceu? — Ela falou e olhou para Lilith
— Se ele fosse morto, eu morreria ou seria liberta do contrato, não? — Ela disse irritada. — Eu pelo menos perceberia se ele tivesse morrido. Como esse idiota conseguiu, morrer e renascer. E eu estava presa na magia dele. Você é um idiota, Lumen.
— EU NÃO SOU LUMEN — Eu estava começando a ficar nervoso. — Eu me chamo René, tenho 17 anos, vivo no Brasil e tenho uma vida tediosa que odeio no ensino médio. Podem compreender isso?
— Vamos dizer que sim. O que fez você parar aqui? O que é Brasil? É ensino meio? — A senhora falou, Lilith sentou no chão e eu estava ainda mais confuso.
— Como assim? Não conhecem o Brasil? O ensino médio? Aqui é uma cidade do interior com pouca informação? De qualquer forma, eu fiquei naquele maldito relógio, tudo começou a acender e eu acordei naquela floresta, de frente para essa psicopata. — Falei apostando para ela.
— Psicopata? — Ela me olhou confusa
— Então você abriu um portal com o relógio. Isso explica porque você está fraco. Deve ter ativado o relógio quando veio para cá, o que consome muita energia e depois usou o que restava para dispersar ele, pelo que Lilith disse. Você mandou ele em pedaços para todos os lugares. Gastou todo poder mágico que tinha assim — Ela explicou pegando umas folhas e amassando em um moedor de madeira. Vi um desse na exposição do meu avô. Era usado para fazer medicina com ervas na antiguidade. De que ano era mesmo?
— Então quer dizer que assim como a bateria de um celular, eu usei de forma descontrolada minha energia e acabei com ela? E agora? Como de carregar? — Perguntei
— Recarregar? Celular? Bateria? Não entendi — A senhora estava confusa — Tome isso. Vai te fazer sentir melhor. Vai precisar de repouso para recuperar as suas energias.
— Obrigado! — Eu disse a ela e comecei a tomar, era tão amargo, que tocou na minha língua e eu cuspi.
— Criança mimada — A senhora segurou minha cabeça e virou todo o conteúdo de uma vez só na minha boca, não me deixando reagir. — Bom menino.
— Você quer me matar? — Eu perguntei olhando para a senhora centenária que tem mais força que eu.
— Já quis várias vezes, você não colaborou. Agora quero que sobreviva e conserte a merda que fez. Para isso preciso que se recupere antes. — Falou irritada
— O que eu fiz? — Falei sem entender
— Você dividiu um artefato que pode destruir o mundo. Então agora não sabemos onde ele está ou com quem está. E a única pessoa capaz de localizar essa merda é você. Então trate de se recuperar logo. — Ela gritou
— Mas eu preciso voltar para casa. Os meus pais devem tá me procurando. — Eu expliquei
— Tenho certeza que a única forma de voltar, será pela forma que veio. Que você mandou pelos ares. Então, terá que fazer o que eu disse de qualquer jeito. Espero que enquanto descansa comece a lembrar sobre a sua vida passada ou não vai sobreviver muito tempo aqui.— ela falou se afastando.
— Velhinhas são assustadoras — Eu falei me cobrindo
— Aliás, o meu nome é Lídia, sou a sacerdote da Vila. Conto com você, René.— Ela falou saindo
— Maldito Lumen! Sempre apronta comigo. — Lilith dizia irritada olhando para mim com os olhos vermelhos.
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Atualizado até capítulo 63
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