A ruiva gosta mesmo é de sangue

— Maldito Lumen! Sempre apronta comigo. — Lilith dizia irritada olhando para mim com os olhos vermelhos.

— Lembrando que eu não sou ele. Me chamo René. O que quer dizer que não sou ele, que não aprontei com você e que não precisa me olhar com todo esse ódio. — Eu falei rápido e assustado. Lembrei como ela destruiu a cabeça do cara como se fosse nada. Ela é assustadora. Não é para brincadeira.

— Você é igual a ele. Quando menos esperei você despedaçou o relógio e mandou ele para put@ que p@rïu. E agora terei que rodar o mundo para pegar algo que já é meu. — Ela falou levantando irritada.

— Mas o relógio é seu? Porque estava comigo? — Eu perguntei confusa. Na verdade, estava com meu avô.

— Como disse, tanto você, como Lumen se parecem. Gostam de aprontar comigo. — Ela falou saindo da cabana

— Bom… Alguém podia ao menos ter me dado comida, né? — Olhei para a água suja, balancei a cabeça — Penso que estou um pouco acima do peso. Um regime vai cair bem.

Passei mais três dias de cama, o resto da semana fiquei de repouso, apenas dando voltas próximo à casa. Lídia sempre me dava aquela pasta amarga horrível três ou quatro vezes por dia. Já me sinto bem melhor, a minha energia parece está se recuperando bem. Me sinto até mais saudável.

Desde aquele dia que cheguei, não vi mais a Lilith. Na vila, tem apenas humanos. Eles plantam o que precisam para sobreviver e caçam. Lídia me explicou que ela é uma sacerdotisa aposentada, mas que antigamente ajudava no exorcismo de demônios. Me contou também que tem vários níveis, como se fossem patentes. Lilith é uma patente alta, os que me pegaram já não eram. Quanto mais alta a patente, mais eles vão parecer com humanos.

Eu ainda não sei ao certo em que ano que estamos. Uma coisa é certa. A educação que é usada aqui é via oral e informal por padrão. Pelo menos na Vila. Vários instrumentos e artefatos que vejo lembram muitos alguns que já vi nas exposições do meu avô. O que me faz pensar que eu poderia ter voltado no tempo? Não faz muito sentido para mim. Todo o tipo de informações é difícil aqui. Que saudade do Google.

Hoje completa quinze dias que estou aqui. Já aprendi a pescar. Algumas ervas e as suas funções. E estou aprendendo algumas magias básicas, mas não consigo. Será mesmo que sou o tal do Lumen? Ah! Por falar nisso. Lídia também me contou finalmente quem era ele — ou nós, sei lá. Ele era um grande bruxo que viveu entre o equilibrou entre o bem e o mal. Ele não escolheu um lado para ficar. Não se definiu como herói ou com o vilão. Apenas seguia a sua justiça e os seus próprios ideias. Julgo que Lídia apenas não gosta da forma de pensar dele. De qualquer forma, ela disse que ele era temido, tanto pelos deuses, como pelos demônios. Ele tinha um poder absurdo dentro de si. Eu só tenho dúvida e medo da Lidia.

Estava perto da floresta coletando algumas ervas. Comecei a gostar dessa função. Era bom para aprender sobre elas assim e relaxada puxar elas do chão. Quando estava para arrancar uma do chão, sinto ele pegando fogo. Me levanto, tento correr para perto da Vila, mas um muro de água impede a minha passagem.

— Eu supus que era mentira, mas parece que é verdade. O grande Lumen parece ter voltado dos mortos. Era melhor ter continuado morto. — Um ser estranho fazendo cosplay de feiticeiro usando vermelho me olhava

— Ele ainda rejuvenesceu. Até onde eu sei, ele deveria ter por volta dos seus 100 anos. Você usou o relógio para parar o tempo? Juventude eterna? Bem, não é um desejo tão ruim. Só não sei se vai valer a pena a condenação por ela — O outro que parecia uma cópia dele falou, só que esse usava azul.

— A melhor parte é que não faço ideia do que vocês estão falando. Por educação, irei me apresentar, me chamo René — Falei sorrindo e eles olharam-se confuso.

— Você está dizendo que não é o Lumen? — Ele me olhava

— Eu me chamo René, não Lumen. — Eu expliquei, não era mentira. Posso ser o Lumen, não entendo ainda isso, mas esse corpo se chama René.

— Você está brincando comigo! — Ele grita me olhando irritado, mas é dividido ao meio antes de qualquer outra ação. Lilith com as suas garras divide ele em duas partes. Que caiem no chão fazendo barulho.

— Já aviso que não estou de vim humor. Você quer morrer como? — ela falou olhando para o de vermelho com ódio

— A opção não morrer não é valida? — Ele perguntou nervoso.

— Você sabem o que dizem sobre mim por aí? Quando encontro um feiticeiro? — Ela pergunta sorrindo

— Dizem que se a Lilith encontra um feiticeiro pelo caminho, o seu destino está traçado, não importa o quanto fuja, a morte bate na sua porta — Ele fala e olha para mim — Só penso que seja lenda, já que temos uma prova viva bem ali que a senhora não mata todos.

— O erro do idiota é se achar inteligente — Ela falou aparecendo na frente dele e enfiando a mão no seu coração, puxando ele para fora, podia ouvir os gritos de desespero dele, ela estourou o seu coração como se fosse uma uva. Depois empurrou, parecia com nojo.

— Obrigado— eu falei a ela que se afastada, sem falar uma palavra para mim.

— Não foi por você. Eu odeio bruxos e feiticeiros. — Ela disse. Eu corri para perto dela. Não conseguia entender a relação estranha que ela tinha com o tal do Lumen.

— Mas eu e o Lumen somos, não? — perguntei a ela, que parou de andar, se virou e me encarou

— Sim, por esse motivo que odeio bruxos e feiticeiros. Por sua causa. Como não posso matar você, mato todos os outros. — Ela disse voltando a caminhar

— Alguém já disse que você pode ser linda, mas é terrivelmente perigosa e assustadora. — Eu falei me afastando dela.

— Você não fez ideia. — Ela Falou desaparecendo no meio da floresta.

— Onde você estava? — Perguntou Lídia quando cheguei na entrada da Vila.

— Fui atacado por bruxos, acho. Lilith apareceu por sorte e me ajudou — Eu falei

— Não foi sorte. Ela sem vai sentir quando você está em perigo. Voces tem um contrato. Ela é uma espécie de guardiã sua. Ela tem a função de te proteger. — Lídia explicou — Só nunca entendi como isso aconteceu.

— Porquê? — perguntei confuso

— Ela deve aceitar o contrato e você também. É um pacto. Os dois tem que concordar com todos os termos. — Ela explica.

— Sério? — Então ela queria proteger Lumen?

— Sim, mas de qualquer forma, amanhã você precisa começar a reunir o relógio. Fiquei sabendo que vários demônios já estão procurando por eles. E eu não sei nem o que as partes separadas podem fazer. Devem ter poderes até isoladas. Então descanse, amanhã a sua jornada começa. — Ela falou me empurrando para dentro da cabana.

— Eu não estou preparado! — Eu gritei

— Eu não me importo. Espero que arrume um jeito. Boa noite — Lídia falou antes de sair e me deixar na cabana para me preparar para a morte.

Era o que eu esperava, não tinha ideia do como a minha vida tediosa estava prestes a mudar totalmente a partir daquele dia.

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