Capítulo 16

Felicith corria de um lado ao outro da casa, e a cada vez que passava pelo relógio do hall, uma espiadela revelava que mais 5 minutos já haviam se passado. “Ele vai me matar” pensou, a imagem de seu pai irritado sempre a assombrara, pois ela sempre vinha acompanhada de um chicote de couro para cavalos; e o que ele mais presava era pontualidade. “Talvez eu devesse cancelar de vez” pensou, os pelos do braço arrepiados com a possibilidade de uma surra pública, como já acontecera antes.

Louise parecia não estar em lugar nenhum daquela mansão, e com sua respiração tão ofegante, o espartilho de Felicith começava a lhe sufocar.

-MARCUS! - Felicith gritou o mais alto que podia, e em alguns segundos, seu filho apareceu no topo das escadas, a roupa amassada e desajeitada, o rosto inchado de quem passara toda a manhã dormindo - Onde está sua irmã?

-Eu não sei m- ele começou, mas foi interrompido pela mãe:

-A cada minuto que vocês demorarem e nós nos atrasarmos, vai ser um minuto à mais de surra quando voltarmos pra casa. - Felicith diz tranquilamente, ajeitando o smoking do jovem.

Vendo Marcus preste a protestar, Felicith deu-lhe um tapa no rosto e segurando-o pelas bochechas, sussurrou para o filho:

-Se você encontrar ela, escapa da surra, é simples assim. – finalizou, largando-o em seguida em um empurrão na direção das escadas, que o garoto subiu correndo à procura da irmã.

Respirando fundo, Felicith foi até a cozinha, agarrou uma garrafa de vinho tinto, abriu e virou o líquido no primeiro copo que encontrou. O álcool fazendo sua garganta arder em chamas era exatamente do que precisava, do contrário, estaria prestes a botar a mansão à baixo aos berros.

Batendo os dedos contra a madeira da mesa, Felicith pensou em todos os lugares em que havia procurado pela filha; pensando, a mulher tateou o peito e agarrou a chave pendurada no pescoço por fora do tecido. “Melissa” pensou, e foi até o quarto da jovem, na esperança de que Louise estivesse ali, ou ao menos, Melissa saberia onde.

Assim que abriu a porta, Felicith sentiu o cheiro do perfume que ela mesma havia espirrado em Louise para aquela noite. Sorrindo, ela entrou e trancou a porta atrás de si, varrendo o quarto com olhares rápidos; quando uma sombra chamou sua atenção em baixo da cama de solteira de Melissa.

-Você sabe quão atrasada está? – Felicith disse em tom calmo.

Saindo de baixo da cama devagar, Louise sentou-se no lado contrário à mãe. Felicith virou-se na direção dela, e lágrimas já brotavam em seus olhos.

-Não ouse borrar essa maquiagem- Felicith disse, passando a mão em alguns babados que estavam amassados no vestido azul claro de Louise, dando aos olhos esverdeados da garota uma centelha de brilho.

Engolindo em seco, Louise endireitou sua coluna e a mãe, com a mão em sua cintura, a guiou para fora da mansão até a carruagem enfeitada que havia esperado por tempo demais.

--

Evitando o assunto a todo custo, Katrina jogou todas as sacolas abarrotadas de tecidos em cima da cama de Marrish e foi na direção de Melissa com um sorriso caloroso no rosto.

-Não fica assim querida – ela começou - experimenta atirar você mesma da próxima - ela sussurrou, finalizando o assunto ao guiar a garota com a mão espalmada em suas costas até

-Escolha uma querida. – disse Katrina, a mão que antes a guiava, deu um leve empurrão nas costas da garota.

-Mas...- Melissa tentou falar, mas Marrish a interrompeu

-Vai escolher sim Dona Melissa – ele afirmou e com a voz carregada de ciúmes - Ela tem um baile pra ir. – Finalizou, se jogando no pequeno espaço da cama que ainda não estava tomado de vestidos e jóias.

-Um baile! – Katrina disse – Porque não me disse antes? – com um olhar atento a pilha, Katrina enfiou a mão e retirou um vestido de um lilás claro, cuja sobreposição transparente mudava de cor de acordo com a luz, transitando entre tons de azul, roxo, rosa e vermelho, estendendo-se em uma causa semelhante à uma peça de cristal derretido espalhado pelo chão em uma elegante calda. – Marrish, não deveríamos sair do porto? - lembrou-o

Levantando-se relutante, Marrish foi até a porta e com o corpo mole e um biquinho triste, empurrou-se porta à fora.

-Então – Katrina começou – O que trouxe você até Almajid, Melissa? - Katrina perguntou, desabotoando o vestido de linho leve que Melissa usava.

- Buscar uma encomenda para minha madrasta – respondeu, olhando de relance para caixa próxima as estantes de Marrish, um pequeno lembrete de que todo o paraíso dos últimos dias acabaria logo.

-Deve ser importante – Katrina disse-lhe, levantando-se e indo até a caixa. - Posso?

Melissa sabia que Felicith não queria que ela abrisse, mas... ela nem sequer saberia. Melissa foi até a caixa e abaixou-se, levantando a tampa pesada de madeira. Quando Katrina abriu, haviam três frascos médios cheios de um líquido azul cintilante que parecia se mover preenchiam a caixa, espaçados com enchimento. Seus olhos brilharam, pois ela sabia exatamente quem fizera aquelas poções, e enfim, isso significava que ela estava na direção na certa.

-Acho que vou passar alguns dias em Iliona – disse, sorrindo e fechando a caixa.

Mais populares

Comments

nimorango

nimorango

eita 😯

2022-11-19

1

nimorango

nimorango

ah fada madrinha 🤠

2022-11-19

1

nimorango

nimorango

ahh chega lá e esconde

2022-11-19

1

Ver todos

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!