Capítulo 11

Sem opções, Melissa seguiu o jovem capitão entre os passos apressados de turistas, marinheiros e trabalhadores do porto e barco adentro, desviando dos marinheiros que trabalhavam no convés sem parar, com poeira misturada ao suor sobre pele morena de sol, as bandanas vermelhas presas a cintos; amarradas como braceletes; ou mesmo na cabeça, ajudando com o suor que escorria em gotas pesadas.

- As bandanas indicam a cor do Capitão, isso costuma proteger bastante gente. - O capitão disse, ao vê-la observando os retalhos coloridos por tempo demais.

Maravilhada, Melissa observava as velas amarradas, tão vermelhas quanto o couro tingido nas roupas de Marrish em contraste ao céu azul. A madeira do casco, desgastada e escura, mas forte e limpa. Melissa sorriu, o vento empurrando os cabelos loiros longos por cima de seu ombro, o cheiro da brisa do mar penetrando suas narinas.

- Então, você vai? – Marrish perguntou, o tom de voz mais gentil e atencioso do que antes.

- Sim – disse a garota, endireitando a coluna e a bolsa que carregava grudada a si.

- Vem comigo. – Marrish falou, indo em direção a uma porta adornada no deque, a pintura vermelha e chamativa com uma maçaneta dourada destacando-se.

Ao entrar, a visão de Melissa necessitou adaptar-se a pouca luminosidade do cômodo, mas quando o fez, a garota engoliu em seco. Uma cama grande e redonda estava disposta no meio do quarto, cercada quase que por inteiro por uma longa mesa de madeira escura, onde Marrish havia disposto diversos mapas, livros e anotações, que se espalhavam por toda sua extensão. Por fim, na parede de trás do cômodo, estantes transbordadas de mapas e livros chamaram a atenção da garota, cujos olhos brilharam ao ver tantos títulos que ela ainda desconhecia.

- Gosta de ler? – Marrish perguntou, vendo-a andar lentamente pela estante, enquanto lia os variados títulos.

- Sim, mas não achei que você fosse esse “tipo de cara.” – Respondeu ela.

Com uma gargalhada, ele respondeu:

- Esse tipo de cara? - irônico e riu, perguntando-a em seguida – aceita vinho?

- Sim, obrigada – ela disse, olhando-o rapidamente e sorrindo.

Marrish a observara durante alguns segundos parado, os braços cruzados enquanto, com um sorriso brotando no canto dos lábios, Melissa passava os dedos curiosos sobre a capa dura dos livros.

- Sinta- se a vontade para os ler, faz tempo que eles não saem dessas prateleiras velhas. - disse, agarrando uma garrafa sobre a mesa e servindo duas taças. - E eu já li todos, só pra você saber. – falou, sentando- se – Mas você não respondeu, o que uma garota “como você” vai fazer em Almajid?

- Estou indo buscar algo para minha madrasta. E ainda, como assim "uma garota como eu”? – disse sorrindo, desviando o olhar da sinopse do livro para Marrish, uma sobrancelha levantada com indagação pela piada do capitão.

- Buscar o quê? – ele questiona, um lampejo de curiosidade e aventura surgindo nos olhos.

- Não sei exatamente, apenas tenho o endereço. – respondeu, sem hesitação, enquanto ia na direção do capitão.

- Isso é loucura, você não conhece aquele lugar. – Marrish falou, o tom calmo, os olhos vagando entre suas anotações sobre a mesa.

- Bom, eu já estou aqui. E pare de falar como se eu fosse de cristal.– Melissa sussurrou, bebendo um gole do vinho tinto de Marrish e equilibrando dois livros no braço.

- Pode se sentar na cama, não mordo. – falou em tom brincalhão, sem tirar os olhos de um documento que o fez franzir a testa. - Mas seria legal saber seu nome antes.

Ruborizada, a menina sentou-se na cama ao lado do Capitão e colocou os livros sobre a mesa.

- Melissa Tressan, vossa capitaneza. - disse, rindo em seguida.

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