Capítulo 13

Quando o navio de Marrish finalmente atracou em Almajid, Melissa sentiu um arrepio subir pela espinha. A cidade era majoritariamente industrial, e para qualquer lugar que olhasse, se podia ver fumaça saindo de uma chaminé. Nas ruas, trabalhadores se amontoavam para beber em apertadas mesas, jogando cartas e gritando uns com os outros. As poucas pessoas que pareciam arrumadas eram as mênies, que dançavam na porta dos bordéis, os espartilhos apertados sob os vestidos esvoaçantes e dramáticos, deixando a cintura fina em destaque.

A cada passo que dava adentro da cidade, o céu perdia a cor, o azul sendo levemente substituído por um cinza claro que escurecia devagar, as indústrias dando lugar a comércios e pequenas casas que se amontoavam na beira da calçada, como se se esticassem em uma fuga desesperada, ou competissem para ver quem chegaria lá primeiro. De um lado, uma criança sentada na calçada com outra que parecia alguns anos mais nova, a roupa rasgada e desgastada, do outro, um ferreiro gritava com um de seus subordinados, ameaçando marcá-lo com ferro quente.

-Entendi porque me perguntou se eu tinha certeza de vir sozinha - Melissa disse, olhando séria para Marrish, que andava pouco atrás dela, o olhar atento voando de um lado ao outro.

-Você não viu nada ainda – ele sussurrou, envolvendo o corpo com os braços.

À medida em que andavam rua adentro, o lugar parecia se desfazer, casas surgiam caindo aos pedaços; e então sem paredes; ou apenas suas ruínas. Moscas amontoavam-se nas lixeiras, enquanto uma grande quantidade de água saia de uma casa para o boeiro. Melissa começou a andar mais devagar e enrolou seu braço no de Marrish, que o apertou em resposta. Não havia barulho algum além de seus sapatos contra as pedras soltas.

Olhando do pedaço de papel com o endereço para a casa à sua frente, Melissa e Marrish respiraram fundo. A casa tinha paredes escuras que caíam aos pedaços, mas, atrás da residência desgastada, uma grande barraca preta se estendia, com luzes coloridas que emanavam das frestas, ainda que totalmente silenciosa.

Quando Melissa se aproximou e levantou o tecido pesado que cobria a entrada, música estourou em seus ouvidos, deixando-a tonta por alguns segundos. Do outro lado da sala, Magnólia observa Melissa e Marrish entrarem, enquanto bebe de uma taça, o líquido viscoso e grosso como sangue; a boca volumosa deixando um rastro de batom no vidro. Ela estica o braço e desliga a música suspirando fundo enquanto os penetras se sentam calmamente, ainda um pouco atordoados.

Melissa estica o braço para entregar a Magnólia o papel com a letra de Felicith, indicando o endereço.

Sorrindo, ela se levanta e pega uma caixa na organizada estante atrás de si, colocando-a cuidadosamente sobre a mesa.

- É frágil - ela disse, sentando-se e cruzando as pernas - podem ir. - finalizou, expulsando-os com um gosto de mão enquanto alcança a taça de vinho com a outra.

Com semblante confuso, ambos se retiram, porém, antes de fechar a entrada, Melissa dá uma última olhada em Magnólia, que sorri misteriosamente para ela.

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Comments

nimorango

nimorango

acho que não viu mesmo

2022-11-06

1

nimorango

nimorango

que narração perfeita e que horror de cidade aja pulmão

2022-11-06

1

Ver todos

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