No dia seguinte, acordei muito disposta. Fazia tempo que eu não dormia tão bem. Tomei um longo banho, fiquei impecável. Hoje é o dia da “grande” reunião com o Conselho. Tantas coisas ruins já aconteceram que nada mais me assusta. Fui dar uma olhadinha na minha Mel e depois desci as escadas animada. O café da manhã da Jô é perfeito e eu estava faminta. Chego na sala e estão todos sentados.
Não me espanta que eles estejam indignados por terem uma mulher como chefe. Eu preparei um breve discurso. Quando me levantei para agradecer o meu avô e falar com todos eles, fui interrompida por uma batida na mesa.
— Quero denunciar o sequestro do meu filho e minha neta. Ele está abusando do poder de Capo para infligir a nossa lei mais importante. Não podemos envolver a família nas nossas vendettas — disse Cláudio, com a voz firme e olhar acusador.
— Logo você, tio Cláudio, falando em família? O homem que comprou a própria neta, sua hipocrisia não tem limites — retruquei, sentindo a raiva subir.
— Don Luigi, isso é verdade? — perguntou Pepe, visivelmente surpreso.
— Estou tão surpreso quanto você. Vejo que ainda não aprendeu a se controlar, Cláudio — respondeu Luigi, com um tom de desaprovação.
— Cláudio, essa é uma acusação muito séria. Você tem provas? — insistiu Pepe, tentando manter a calma.
— Tenho os vídeos de segurança que mostram o Felipe sendo levado pela Morgana e a sombra do Luigi — afirmou Cláudio, com um sorriso de triunfo.
— Senhores, desde quando buscar um amigo no hospital é sequestro? Você viu algum sinal de violência no vídeo? O Felipe parecia forçado? Não… — respondi, tentando manter a compostura. Eu estava pronta para falar tudo o que estava engasgado na minha garganta. Mas, ouço a voz do Felipe e a surpresa acabou me calando.
— Se alguém me manteve em cárcere privado, não foi a Morgana, não é mesmo, meu pai? Gostaria de aproveitar que estamos reunidos para dizer que a Morgana me salvou, pois meu pai estava usando o desvio de dinheiro que ele fez para me culpar e assim conseguir me manter em cárcere privado. Eu fiz algumas besteiras sim, mas não roubei o dinheiro de ninguém — disse Felipe, entrando na sala com passos firmes.
— Eu estava te protegendo, todos queriam a sua cabeça — Cláudio tentou se justificar, mas sua voz tremia.
— Se queria tanto me proteger, não deveria ter feito nada disso para começar. Por sua culpa eu não pude acompanhar a gestação e o nascimento da minha filha. Ainda estou tentando assimilar como você teve coragem de comprar a própria neta. E se eu roubei, por que o meu próprio pai não pagou as dívidas ao invés de deixar eu ser caçado pelos homens mais perigosos da Itália? — Felipe continuou, sua voz carregada de emoção.
— A pergunta é: Cadê o dinheiro? — Luigi interveio, tentando trazer a discussão de volta ao ponto principal.
— Com essa demonstração de irresponsabilidade, estou oficializando a saída do Cláudio desse conselho. Em breve vou nomear alguém para ocupar essa cadeira — falei, apontando para a cadeira que ele ocupava.
— Quem você pensa que é? Eu não vou receber ordens de uma criança. Luigi, faça alguma coisa, essa brincadeira está indo longe demais — Cláudio gritou, perdendo o controle.
— O único que está brincando aqui é você. Sempre cheio de jogos. Tudo o que um dia foi meu, pertence a Morgana, minha única herdeira. Você mais do que ninguém sabe disso, pois passou anos tecendo sua teia ao redor dela, na esperança de poder manipular suas decisões quando esse momento chegasse. Não foi por isso que você se aproximou do meu filho? — Luigi respondeu, sua voz firme e autoritária.
— Vamos acabar logo com isso, não estamos aqui para lavar roupa suja — me aproximei do Cláudio e disse só para ele ouvir — Sua hora vai chegar, querido Tio Cláudio, mas não aqui. Não agora.
Todos me olhavam, alguns estavam satisfeitos de se verem livres do Cláudio e outros nem tanto, mas eu não me importava com nada disso. No fundo, eu tinha adiado a vendetta por consideração ao Felipe.
Tenho problemas com a raiva. Quando o sangue esquenta, eu fico cega e só paro depois que considero o assunto resolvido. E é hora de mostrar isso.
— Senhores, estou há apenas três dias aqui. Nesses três dias, eu vi pai sequestrar filho, comprar a neta, mãe vendendo a filha e, por último e não menos importante, dois homens usarem a própria filha e neta, eu, para atingir os próprios objetivos. Eu tenho ciência que os casamentos por conveniência são culturais, porém espero que vocês passem a separar família de negócios, principalmente no que se refere aos filhos de vocês.
Também analisei nossos negócios, ou melhor dizendo, meus negócios, e não gostei nada do que vi. Muito dinheiro perdido sem explicação, alguns de vocês usando mulheres e crianças. O que nos separa dos animais? Tenhamos civilidade, daqui para frente.
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Atualizado até capítulo 52
Comments
Maria De Fatima Carvalho
agora pega fogo 🔥 🔥 🔥
2024-03-11
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Kelly Sartorio
cada agora e um babado
2023-03-17
0
Ninha Arguello
Nossa agora sim momo mostrou quem ela é. 👏👏👏
2022-09-24
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