Erro de uma noite

A voz dele me trouxe de volta do transe.

— Comprou a loja toda, Momo? — Ele perguntou, com um tom de surpresa na voz.

— Crianças precisam de muitas coisas, ninguém se deu ao trabalho de proporcionar nada a ela, então eu fiz o que deveria ser feito desde antes do nascimento — respondi, tentando manter a calma.

Olhei fixamente para o casal de idiotas que estava no meio da minha sala. A minha vontade era colocá-los para fora e mandar passar com o carro por cima. Como o Felipe teve coragem de fazer isso comigo?

"Eu deveria ter ficado no Brasil", pensei, sentindo a raiva crescer dentro de mim.

— Primo, preciso falar com você, vamos até o meu escritório. Os pais do ano podem me esperar aqui — disse, tentando manter a compostura.

Ele me seguiu até o escritório, totalmente inexpressivo. Fechei a porta atrás de nós e me virei para ele.

— Sei que você sabe o que está acontecendo, desembucha.

— Quer a minha opinião ou o que o Felipe acha que está fazendo? — Ele perguntou, cruzando os braços.

— Fala logo.

— Ela veio ver quem paga mais. Ele acha que ela quer ver a filha. Seu amigo não é um exemplo de inteligência — disse ele, com um tom de desdém.

— Meu avô tem razão. Ele é uma vergonha. Chame o advogado da família e mande alguns homens armados entrarem aqui — ordenei, sentindo a frustração aumentar.

— Quem você vai eliminar? Olha, se for ele eu mesmo faço — ele respondeu, com um sorriso malicioso.

— Quero o advogado aqui em 15 minutos. Eu vou lá na sala resolver essa palhaçada. Nem na minha casa eu tenho paz — disse, saindo do escritório.

Cheguei na sala e o belo casal estava conversando. Logo meus seguranças entraram e ela olhou para o Felipe assustada, ele por sua vez me olhou com raiva.

— Eu vou ser clara, somos todos adultos aqui. Não farei rodeios. O que você veio fazer aqui? Se mentir, eles atiram. Podem mirar, rapazes — disse, apontando para os seguranças.

— Eu vim aqui ver minha filha — ela respondeu, tentando manter a calma.

— Ela tem direito a isso, não estou entendendo por que você está tão exaltada — disse Felipe, com um tom de desafio.

— Ela não mentiu, apenas omitiu a verdade. Alguém tem uma faca aí? — perguntei, olhando ao redor.

— Sempre ao seu dispor, pegue a minha — disse ele, entregando-me uma faca.

Eu peguei a faca e passei no queixo dela, sentindo a tensão no ar.

— PARE DE ME IGNORAR! — gritou Felipe, com raiva.

Será que uma cicatriz aqui fica legal, primo?

— Quanto maior, melhor — ele respondeu, com um sorriso.

Eu comecei a pressionar a faca levemente no rosto dela.

— Você tem 3 segundos para falar o que veio fazer na minha casa.

— 3, 2...

— EU FALO, por favor, tira essa faca daí — ela implorou, com medo nos olhos.

— Estou ouvindo.

— Eu vim negociar.

— Prima, ela tá querendo a cicatriz — ele disse, rindo.

— Última chance. Fale tudo de uma vez. Negociar o quê? Estou perdendo a paciência.

— Perdendo algo que você nunca teve? — disse Felipe, com sarcasmo.

— O Felipe falou tudo o que você tem feito para ser a mãe da criança, então eu pensei que você pagaria mais do que o Cláudio pagou para ficar com ela — ela disse, com a voz trêmula.

— Meninos, podem voltar para o trabalho, a diversão acabou. Obrigada! — disse, dispensando os seguranças.

Os seguranças saíram e o meu avô veio em minha direção.

— Eu vi uma agitação aqui, fiquei preocupado com você. O que está acontecendo? — perguntou ele, com preocupação.

— Nada, vovô. Estou fazendo sala para as visitas — respondi, tentando tranquilizá-lo.

— Prima, o Doutor Giuseppe chegou — disse ele, entrando na sala.

— Ótimo. Vamos resolver isso no meu escritório, vamos casal — disse, conduzindo-os para o escritório.

— Boa noite, Senhoria! É um prazer te conhecer — disse o advogado, cumprimentando-me.

— Igualmente, Doutor. Sente-se — respondi, indicando uma cadeira.

Ele se sentou, ela também, o Felipe ficou em pé atrás dela e o primo ficou próximo da porta.

— Eu detesto rodeios, Doutor. Essa mulher quer vender a filha, estou disposta a pagar, porém quero garantias legais que paguei apenas uma vez — expliquei, olhando diretamente para ele.

— Entendo, preciso de alguns minutos para redigir um contrato, posso usar sua impressora? — perguntou ele, pegando sua pasta.

— Fique à vontade. Então, vocês vão ficar juntos? Como vão fazer de agora em diante? — perguntei, olhando para ela.

— Eu não vou deixar um erro de uma noite só estragar toda a minha vida, se o avô da criança não me desse dinheiro para seguir com a gravidez eu teria feito um aborto. Você pode ficar com essa criança e o pai dela — ela respondeu, com frieza.

— Fico com a menina, esse aí eu não quero nem de graça, imagina pagando. Falando em pagamento... Eu vou te pagar o dobro do valor que você recebeu do Cláudio, só dessa vez, se você aparecer novamente vai sair daqui em um saco preto. Você entendeu?

— Sim, entendi.

— Senhoria, o documento está pronto, basicamente aqui a mãe biológica afirma que está abrindo mão da guarda e de qualquer direito — disse o advogado, entregando o documento.

— Todos de acordo? — perguntei, olhando para ela.

A Patrízia assinou e pegou o cheque e se levantou. Eu pensei na Melissa, o que ela vai pensar quando crescer? Se puxar o pai, vai dizer que eu tirei a mãe dela, eu não quero isso. Então, tento colocar juízo na cabeça dessa ridícula.

— É só isso? — perguntou ela, impaciente.

— Sim. Você teve uma segunda chance para ser a mãe da menina, está trocando tudo por dinheiro. Você sabia que o Felipe te daria uma boa vida se você ficasse com ele e a bebê?

— Você viu o tamanho do problema que eles são e está desistindo, não é? — ela respondeu, com desdém.

— Eu jamais faria isso com uma criança inocente, não somos iguais, não me compare a você. No futuro, quando ela perguntar o que houve hoje, eu quero poder dizer que te dei uma chance. O dinheiro que você veio pegar está aí, eu não vou pegar de volta. Pensei bem.

— Você não quer ver a menina? — perguntou Felipe, incrédulo.

— Deveria? Felipe, eu não quero me prender a vocês, eu tenho uma vida, estou namorando um homem mais rico que você e aposto que ele não vai aceitar a sua filha com a gente. Ela só vai me atrapalhar.

— Eu não acredito que você vai abandonar a sua filha por causa de outro homem — disse ele, com raiva.

— Essa criança tem sorte, veja aonde ela veio morar. A nova mãe vai cuidar bem dela, pode dar tudo o que a criança quiser. Não vejo nada de errado nisso. Eu tenho um compromisso, posso ir embora? — ela perguntou, levantando-se.

— Salvatore, leve a vendedora até a saída, aproveite para explicar os termos do acordo do saco preto — ordenei, olhando para ele.

— É pra já. Vamos, comerciante — ele respondeu, conduzindo-a para fora.

— Felipe, fique aqui. O assunto é do seu interesse. Doutor, eu não quero essa mulher perto da criança, não quero o nome dela na certidão, muito menos que ela volte a nos encontrar no futuro querendo mais dinheiro. Existe algo que podemos fazer para apagar a existência dela da vida dessa criança? Não sei até quando esse aí vai permitir que eu esteja por perto dela. Então não sei até quando vou poder protegê-la e não acredito que saber que sua mãe foi capaz de trocá-la por dinheiro faça algum bem para ela.

— Sim, eu vou providenciar tudo e falo com o Salvatore, se precisar de algo — respondeu o advogado, anotando os detalhes.

— Aqui está o meu cartão, pode falar comigo. Obrigada por ter vindo tão tarde — disse, entregando meu cartão a ele.

Ele agradeceu e saiu do meu escritório. Tudo parecia estar resolvido, exceto pelo problema que estava me encarando agora.

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Comments

Marcia g.teixeira de jesus

Marcia g.teixeira de jesus

acho já li essa história mas não sei com fica.

2023-09-02

1

saiva Martins

saiva Martins

se fosse ela nem queria mais esse banana

2023-05-18

0

Kelly Sartorio

Kelly Sartorio

Morgana vc e maravilhosa

2023-03-17

0

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