Eu não penso duas vezes antes de impedi-lo de se trancar no quarto. Não importa se ele é meu avô, ele não pode simplesmente virar minha vida de ponta cabeça e ir tirar um cochilo como se nada tivesse acontecido.
— Desculpe, vovô. O senhor não vai dormir agora. — falo entrando no quarto mais rápido que ele.
— O que deu em você? — pergunta Luigi.
— A nossa conversa está longe de acabar, mas podemos terminar de esclarecer as coisas no avião.
— Você bateu a cabeça, só pode.
— Digamos que vou retribuir o favor que o senhor me fez. Apenas não durma.
Saio correndo do quarto e mandei os seguranças providenciarem tudo para chegarmos na Itália o mais rápido possível. Estou decidida a colocar ordem nessa bagunça. Quero ver a tal guerra de perto. E sinto que o Felipe está em apuros, não esqueci a forma que meu avô falou sobre ele com o tio Cláudio. Eles estão escondendo muitas coisas e não vou mais aceitar isso sem fazer nada. Se o problema todo está na Itália, é para lá que eu vou e meu avô vai junto nem que seja arrastado.
— Que agitação é essa? — pergunta Salvatore.
— Faça a sua parte. Eu dei ordens para que prepararem o jatinho, veja se está tudo certo.
— O Luigi decidiu voltar assim do nada?
— Não, eu decidi. Meu avô será informado na hora certa. Sou a chefe da família, certo?
— Ah, ele será informado? Isso será divertido.
— Como braço direito, você é um belo comentarista. Faça o que eu pedi.
— Sim, senhora. — Ele não está me levando a sério.
Mandei os seguranças levarem as malas para o carro, ao menos eles me obedecem. Saí puxando meu avô pelo braço, ele riu tanto que perdeu as forças.
Andar com seguranças não é bem uma novidade, mas a quantidade de homens protegendo o meu avô é absurda. Aposto que o hotel vai ficar vazio.
A viagem foi tranquila, meu avô estava contente, por mais estranho que isso possa parecer. O Salvatore é na dele, não causou problemas.
Saímos do jatinho e vários soldados nos esperavam na pista particular do vovô. Entramos em um carro mega luxuoso que nos levou a uma mansão extraordinária. Meu avô tem estilo, isso eu não posso negar. O trajeto foi muito bonito, a casa fica afastada da cidade e está muito bem protegida, acho que realmente tem uma guerra acontecendo.
Fomos direto para o escritório e o Salvatore sumiu pela casa, deve ter ido descansar. Ele é meio misterioso e isso não está facilitando as coisas.
— Será que agora você pode explicar o que foi isso? Por que estamos fugindo do Brasil? — pergunta Luigi.
— Vôzinho, eu gostei tanto do modo que vocês me abordaram que resolvi retribuir. Não estamos fugindo do Brasil, apenas decidi que não vou adiar meu destino, quero resolver tudo o mais rápido possível.
— Essa pressa tem nome, não é mesmo? Felipe.
— O que aquele nerd tem a ver com isso? — “Essa cisma das pessoas com esse assunto já está passando dos limites.”
— Não tente mentir, pois esse brilho nos seus olhos quando eu disse o nome dele entrega você.
— Olha, eu me preocupo sim com ele, somos amigos desde sempre. Mas não é só isso, você disse que estamos correndo perigo porque eu não assumi os “negócios”. Estou indo resolver todos os problemas de uma vez.
“Na verdade eu agi por impulso, nem malas eu trouxe.” Eu disse a mim mesma, incapaz de assumir a minha loucura em voz alta.
— Ouça um conselho de quem já viveu muito. O Felipe não é homem para você, meu tesouro.
— A-M-I-G-O – Eu disse pausadamente e quase gritando, quem sabe assim ele me entende?
— Espero que seja só isso mesmo.
— Vamos focar nos problemas, vovô.
— Mas ele é um problema, uma vergonha e você precisa ficar longe dele. “Sonhar é de graça.”
— O que ele fez de tão grave? Eu sei que você está omitindo algumas coisas.
O que ele fez de tão grave? Eu sei que você está omitindo algumas coisas.
— Ele vai ser pai de um filho bastardo. O Cláudio tentou manter isso em segredo até dar um jeito na situação, mas quando eu quero, eu descubro. Nada passa por esse velho — disse Luigi. A expressão do meu avô era um misto de desaprovação pelos atos do Felipe e orgulho por saber os segredos dos outros.
— Não acredito nisso. Você está inventando essa história porque acha que eu quero alguma coisa com ele.
— Você verá com os seus próprios olhos.
— Preciso fazer compras, não trouxe malas.
Eu senti meu peito apertar, saí do escritório antes de ficar com os olhos marejados. Muita coisa mudou na minha vida, porém eu ainda não gosto de chorar na frente dos outros. Quando sinto que vou chorar, eu mudo de assunto e saio. Fui até o andar de cima e escolhi um quarto, lavei o rosto e desci correndo. Estava a poucos passos da porta quando lembrei que não trouxe cartão nenhum.
“Pensa, Morgana, pensa.”
Então, eu me lembrei que tenho a versão digital dos cartões no aplicativo do banco. Já posso fazer compras online. Um problema a menos. Mandei uma mensagem para o Salvatore me encontrar no carro.
— Preciso de ajuda, é urgente.
— O que houve? — perguntou Salvatore.
— Preciso fazer compras. Não sei se você percebeu, mas não trouxe malas.
— Você sempre faz as coisas sem pensar? Teremos problemas com isso.
Ficamos nos encarando por alguns segundos. Eu não queria responder essa pergunta e claramente ele já sabia a resposta.
— Então, pode me ajudar com isso ou não?
— Vamos às compras. Enquanto isso, eu vou providenciar cartões para você.
— Obrigada!
O Salvatore dirige rápido, me senti em uma corrida de Fórmula 1. Logo chegamos em uma rua cheia de lojas de grife. Não é o shopping, mas vai servir. Dois seguranças nos acompanham de perto e outros um pouco mais afastados. Fomos confundidos com um casal na maioria das lojas. Comprei tudo o que preciso e mais um pouco.
— Você conseguiu estourar o limite de dois cartões que, na teoria, são sem limites — comentou Salvatore.
— Você precisa resolver isso com o banco.
— Preciso resolver com você, quando a fatura chegar.
— Não é presente de boas-vindas?
Notei que ele ficou sem reação. Claro que ele estava brincando, até porque não cobraria fatura nenhuma. Eu gastei e vou pagar.
— O gato comeu a sua língua? Que cara é essa?
— Nada, eu só estava pensando.
— Estou brincando, tá?
— Que tal um suco?
— Vai ser ótimo.
Atravessamos a rua, entramos em um restaurante. O Salvatore escolheu uma mesa, sentamos e ele pediu dois sucos para o garçom.
— Você parece preocupada. Se for pelas compras, não tem problemas.
— Não, já até transferi o valor para a sua conta. Usei o número do seu celular.
— Você é rápida! Mas não precisava se importar com isso.
— Não gosto de dever nada pra ninguém.
— Entendo. Se não é isso, o que está te preocupando?
— Só agora me dei conta da loucura que eu fiz.
— Sair correndo do Brasil?
— Isso também, mas eu assinei tudo o que meu pai pediu sem ler. Quem sabe o que mais eu assinei?
— Pensando por esse lado, a viagem relâmpago não é nada.
— Bom, já que estou aqui, acho melhor enfrentar tudo de uma vez porque se eu parar pra pensar posso perder a coragem. Por onde eu começo?
— Seu avô precisa passar a cadeira no conselho para você em uma cerimônia. Podemos fazer uma reunião antes para você ser apresentada aos outros. Eu vou te explicar tudo o que você precisa saber agora e com o tempo vamos conversar sobre o resto. Quero que você saiba que pode contar comigo, estou aqui para te ajudar em tudo — disse Salvatore, colocando a mão sobre a minha e olhando nos meus olhos.
Senti meu rosto ficar quente, meu coração deu um pulo e começou a sambar no meu peito. Automaticamente, eu puxei a minha mão e tomei um gole de suco para disfarçar.
— Olha, não é fácil confiar em alguém depois de tudo o que eu passei. Espero que você entenda.
— Você confia no Felipe? Seu avô disse que ele é a verdadeira razão dessa viagem.
— Meu avô adora uma fofoca, eu nunca tinha reparado.
— Ele está sempre bem informado. Com o tempo, você vai perceber que isso é necessário.
— Por que estamos falando sobre o Felipe? Eu perguntei morrendo de vontade de mudar de assunto.
— Eu vejo que você tem sentimentos por ele. Tem uma coisa que você precisa saber.
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Atualizado até capítulo 52
Comments
Celina Daltro
história muito boa mais confusa
2023-10-11
2
Kelly Sartorio
eitaaaaa
2023-03-16
0
Bel
Credo coitado,ser que é tão tapado assim, kkkkk
Como não sabe que o filho está nascendo
2023-02-07
0