Limpando a Bagunça

Me despedir da Morgana acabou comigo, eu sabia que meu pai não permitiria que ela fosse me acompanhasse até o aeroporto, então aproveitei que ela estava sozinha no quarto do Edgar para me tentar dizer o que estava entalado no meu peito desde sempre, mas não consegui. A Melissa apareceu e atrapalhou o momento mais bonito que já tivemos juntos. Só de lembrar daquele abraço meu coração dispara, ainda consigo sentir o cheiro dela.

Eu fui treinado para não sentir e principalmente não demonstrar nada, mas perto da Morgana eu não consigo evitar, queria ter dito isso quando tive a chance, porém como poderia me declarar para quem me chama de irmão? Eu nunca terei uma chance com ela e sei disso, ela é boa demais para mim.

Os dias passaram rápido, tenho acompanhado o progresso dela através do meu pai, ele está orgulhoso, diz que queria ser pai dela e não meu. Isso já não me incomoda mais. Na verdade, fico feliz em saber que ela encontrou algo que goste de fazer, e aliviado porque o trabalho a mantém longe baladas, assim nenhum cara vai chegar perto e isso me tranquiliza.

Eu detesto essa vida que meu pai planejou, longe de tudo que eu conheço, da mulher que eu amo, cercado por crueldade, armações e negócios perigosos. Eu prefiro lidar com os negócios legalizados no Brasil.

A Morgana estava certa, nós deveríamos ter fugido, saído por aí sem rumo, sumido no mundo, meu medo idiota me paralisou, se tivesse tido coragem estaríamos longe dessa vida infeliz que estamos destinados.

Meu pai está escolhendo uma esposa, provavelmente o avô da Morgana fará o mesmo, as famílias estão empolgadas com a possibilidade de se unirem com a família mais poderosa daqui. Eu preciso fazer algo a respeito, só de pensar em outro homem casado com a minha momo, meu sangue ferve.

Tentei argumentar com o meu pai sobre isso, ele diz que o seu Luigi não me aceita como pretendente, mas por que?

O trabalho está suportável, aceitei a minha sina, a parte difícil é voltar para casa e ficar sozinho. Estou bebendo para me anestesiar, sinto tanta saudade da Morgana, da minha mãe e da via que eu tinha que chegar a doer.

Vários meses se passaram desde que vim parar nesse inferno, só queria a minha vida de volta, tento não falar com a Morgana para não alimentar nada, ela parece estar me evitando também ou já nem se lembra que eu existo.

Estou saindo de vez em quando com os soldados, eles sabem se divertir, outro dia eu passei da conta e acordei ao lado de uma mulher, ela é muito bonita, porém eu não me lembro de nada. Sai da cama e fui procurar a minha roupa, dei uma volta pela casa e quando volto para o quarto a mulher estava com o meu celular e pelo tom da conversa ela estava alterada, quando ela disse que atendeu o celular do namorado dela eu fiquei sem entender o que estava acontecendo, então peguei o celular e vi que era a Morgana. O que ela deve estar pensando agora?

Tentei falar com, liguei várias vezes, quando finalmente me atendeu estava possuída de raiva, eu sei que ela está furiosa só pelo jeito de falar, tentei me explicar e ela mostrou que não se importa comigo, estava apenas querendo explicações sobre uns relatórios da empresa dela. Até parece que ela teria ciúmes, sonhei alto, isso nunca vai acontecer.

Estou saindo com os caras todos os dias, só assim para não sofrer mais, a mulher que dormiu comigo dias atrás até que é bem interessante, o nome dela é Patrizia, ela frequentava os mesmos bares e boates que eu estávamos sempre nos esbarrando, até ficamos algumas vezes, mas ela sumiu.

Meu pai está aqui, a cada dia que passa ele fica mais difícil de lidar, sempre exigente e autoritário. Não para de falar que nós estamos em guerra e no final ele ficará no lugar do Luigi, é um alívio saber que a Morgana não quis assumir os negócios do avô dela.

Estou trancado nessa casa, desde quando ele descobriu sobre a Patrízia, não entendo porque um caso sem importância nenhuma fez ele se vir até aqui e me manter trancado como se eu fosse um prisioneiro.

Cláudio — Felipe, eu já não sei o que fazer com você. Ele diz entrando no meu quarto, me olhando como desgosto.

Eu — Devolva a minha vida. Eu quero voltar para o Brasil.

Cláudio — E o que você pensa que encontrará lá? A sua mãe está com a Melissa e a sua amiguinha está aqui com o Luigi.

Eu consigo sentir meu coração bater no corpo todo, estou explodindo de felicidade.

Cláudio — Em breve o Luigi fará uma reunião para passar tudo para a Morgana oficialmente. Não estamos mais em guerra com as outras famílias, você já pode voltar a sair.

Eu — Simples assim?

Cláudio — Nós temos leis e você sabe disso. Se arrume e vamos para o hospital, seu filho está nascendo.

Eu — Filho? Eu não tenho filho.

Cláudio — Apenas faça o que eu mandei. Você tem 5 minutos. Te espero no carro.

Ainda atordoado, eu fiz o que ele mandou.

Dentro do carro, meu pai explicou do jeito dele que a Patrízia estava grávida e ele a manteve em uma casa em “segurança” até o bebê nascer. Eu o conheço bem demais para acreditar que está arrependido, ele tem planos e por isso está me levando para conhecer o bebê, vou mostrar que não me importo e levá-los para longe na primeira oportunidade.

Chegamos e fomos levados por uma enfermeira até um quarto protegido por seguranças, também notei muitos soldados fora do hospital, ele está trabalhando alguma coisa, agora tenho certeza. Fomos orientados a esperar do lado de fora até que a Patrízia esteja pronta para receber visitas.

Eu — Pai, o que significa tudo isso?

Cláudio — Apenas estou zelando pelo meu neto, não quero que você o influencie com a sua fraqueza, deixei o Edgar perto de você e vejo só no que deu. Não vou permitir que isso se repita.

Eu — Você está obcecado com essa história, o Edgar não tem culpa pela minha falta de interesse nessa vida infeliz que você leva.

Cláudio — Não se iluda pensado que tem escolha, pois você não tem. Sou seu pai e ninguém pode mudar isso.

Felizmente nossa conversa foi interrompida pelo médico que atendeu a Patrízia.

Dr. Germano — Senhor, ela já foi.

Cláudio — E o meu neto?

Eu — Quem já foi? Alguém veio visitar a Patrízia?

Dr. Germano — Não senhor, a mãe já teve alta e foi embora, a criança nasceu prematura, vai precisar ficar aqui por algum tempo.

Eu — Doutor, quando foi o parto?

Cláudio — Isso é tudo, Doutor Germano. Mande alguém levar o Felipe até o bebê.

Dr. Germano — Eu mesmo farei isso, me acompanhe, por favor.

Me afasto do meu pai e sigo o médico até uma sala, pude ver a minha filha, ela está com uma pulseira de identificação rosa no bracinho. É tão pequena e já fez parte dos jogos sujos do meu pai.

Cláudio — Talvez agora que você também é pai consiga entender os meus motivos, pois tudo o que eu faço é para proteger a nossa família. Cadê o meu netinho?

Eu — Sua netinha está ali. É uma menina.

Cláudio — Aquela mulherzinha disse que estava esperando um menino, eu não teria tanto trabalho por uma menina.

Eu — Vou fingir que não ouvi isso. Espero que você não tente fazer nada contra a essa criança.

Cláudio — Que tipo de monstro você acha que eu sou? Fazer mal a uma criança, ainda mãos sendo minha neta?

Eu — Devo responder?

Cláudio — Pois o mostro cruel preparou uma surpresa para você. Ela deve chegar a qualquer momento.

Eu — Não me envolvi com nenhum outra mulher, então, não é outro filho. O que você está tramando?

Meu pai não diz nada, apenas sorri e olha para o fundo do corredor atrás de mim.

— Oi, tio Cláudio. Quer dizer que o nerd agora é papai?

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Comments

Celina Daltro

Celina Daltro

história muito boa mais confusa

2023-10-11

0

Kelly Sartorio

Kelly Sartorio

eitaaaaa

2023-03-16

0

Bel

Bel

Credo coitado,ser que é tão tapado assim, kkkkk
Como não sabe que o filho está nascendo

2023-02-07

0

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