Chegamos em casa. Eu consegui convencer a mula empacada a trazer a minha princesa para morar aqui. Escolhi o quarto mais próximo ao meu para ela e, para ele, o mais longe possível.
Quando chegamos, meu avô não ficou nada surpreso. Claro que o Salvatore já tinha avisado. Eu apresentei a bebê para ele e, assim como eu, ele se encantou por ela.
— Vovô, essa é a minha fi… Afilhada, essa é a minha afilhada.
— Uma princesa, vai encher essa casa de alegria.
Brincamos um pouco com ela e o tonto ficou parado perto da porta. Será que ele quer colo também? Era só o que faltava. Meu avô mandou ele entrar e foi muito mais gentil do que eu esperava. Eu não sei se é o cansaço ou o todo o resto. Mas, eu já não estava aguentando mais, estava respondendo às pessoas meio que no modo automático. Eu precisava de um banho e, principalmente, ficar longe dele.
Ele fala, fala e fala enquanto eu tento subir as escadas e tudo o que eu vejo é como eu fui idiota, me preocupando tanto com uma pessoa que me despreza desde quando me viu aqui na Itália. A ficha caiu. Ele só me maltratou nos últimos dias e eu o protegi e até casamento eu propus. Já estou me acostumando com esse nó na garganta.
Eu me arrasto na caminhada da vergonha até o meu quarto, tentei me distrair pesquisando móveis e itens de decoração para o quarto da bebê.
“Passou, Morgana.”
E de fato tinha passado, até eu ver a Jô entrar no meu quarto. Todas as lágrimas que eu tinha conseguido segurar rolaram livremente pelo meu rosto. Eu desabei quando ela me abraçou.
— Calma, minha filha. O que fizeram com você?
Ela mostra uma bandeja na mesa do meu quarto. Eu nem vi quando ela colocou ali.
— Come um pouquinho, tudo fica mais fácil quando estamos de barriga cheia.
— Agora não desce nada, Jô.
— Então, fica aqui e me conta o que aconteceu, o que te deixou assim?
Eu contei tudo para Jô com riqueza de detalhes e muita ênfase na minha fraqueza.
— Você não deve se envergonhar de nada, fez tudo o que pode e até mais. Se não deu certo, é porque o destino não quis. Filha, eu torcia para vocês ficarem juntos. Mas, depois disso tudo, acho que ele não serve para você.
— Eu sei, Jô. Mesmo assim dói tanto.
— Vai passar, meu bem. A dor machuca, mas também ensina. Você vai sair dessa mais forte. Tente se distrair com outras coisas, saia de casa para se divertir, com o tempo você vai superar tudo isso.
Eu não tinha condições de falar. Fiquei deitada no colo dela por um tempo. Até outro choro interromper o meu drama. Ele teve a ousadia de entrar no meu quarto e ficar ouvindo a conversa. Não sei o que ele ouviu. Estou descobrindo que os homens adoram saber da vida dos outros. Ele deixou a bebê com a fralda suja aqui e saiu.
— Jô, ele enche a boca para dizer que eu não sou a mãe da criança, só faltou me pedir para me afastar e quando a fralda está suja o que ele faz? Deixa comigo.
— A maioria dos homens é assim, se você fosse a mãe dessa menina, seria pior ainda. – A Jô nem terminou de falar e já tinha trocado a fralda.
— Jô, eu preciso sair para comprar coisas de bebê, você cuida dela?
— Claro. Aonde ela dorme?
— Até eu voltar com os móveis, ela fica na minha cama. Mande limpar o quarto aqui do lado, por favor.
— Ela vai ficar aqui do lado? E o pai dela?
— No final da ala leste, rica bem longe daqui.
— Entendi. Aonde ele foi?
— Atrás da ex dele. Jô, eu vou indo enquanto ela está dormindo, quando ela acorda eu perco a coragem de deixá-la sozinha.
— Cuidado com esse apego todo, já pensou se ele leva a menina embora? Você vai sofrer muito.
— Nem me fale nisso. Jô, obrigada por vir. Eu estou muito feliz por você estar aqui comigo. Cuide bem dela.
— Você não vai comer nada?
— Eu não consigo, talvez depois de algumas voltas no shopping meu apetite apareça aí eu como alguma coisa por lá.
— Qualquer coisa você me liga.
— Pode deixar.
Dou um beijo na Jô e me seguro para não encher as bochechas gordinhas da bebê de beijos. Ela é muito fofinha, só acho uma irresponsabilidade ela não ter um nome, ter que chamar de bebê o tempo todo é um absurdo. Fazer compras sozinha no shopping me fez bem, eu pude pensar na minha vida, refletir nessas horas ajuda muito. Acabei descobrindo que meu italiano está melhor do que eu pensava. Eu me fiz entender pelas vendedoras das lojas.
Nas horas que se seguiram, comprei todos os itens da minha lista, algumas lojas tinham listas prontas para ajudar os pais de primeira viagem, realmente ajudou muito. Eu não quero mais nada com ele, nem mesmo amizade, mas a bebê não tem nada a ver com os erros dele. Comprei muitas coisas com a letra M, ela tem cara de Melissa. Na minha casa o nome dela vai ser Melissa, os pais dela que lutem ou só o pai. Duvido que a namoradinha dele queira saber de tudo isso.
Os seguranças me ajudaram a levar as últimas compras para o carro, não sei como conseguiram guardar tudo nos carros, eu comprei muita, muita coisa, acho que apaguei durante o caminho de volta, pois não lembro de nada, acordei com um deles me chamando timidamente. Eu agradeci e saí do carro me ajeitando para entrar em casa com pelo menos a aparência intacta, já que meu orgulho já era.
Vejo o meu pior pesadelo virar realidade com a cena ridícula que ele me proporcionou. Enquanto eu olho para a cara deles sem acreditar, os seguranças começaram a entrar com todas as sacolas.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 52
Comments
Maria De Fatima Carvalho
Morgana sim é uma mulher de fibra
2024-03-11
2
Kelly Sartorio
mandou bem Morgana o acordo do saco preto foi perfeito
2023-03-17
0
Bel
Nossa esse Felipe é mais molenga e frouxo que pau murcho.
2023-02-07
0