Chegamos até a casa de campo do Salvatore. Estou ansiosa para saber como a bebê está. Saio do carro e entro na casa.
Encontro todos na sala: Felipe com a minha bonequinha no colo, a enfermeira praticamente grudada nele e um homem que deve ser o médico sentado em uma das poltronas.
— Felipe, você está com algum problema para ficar em pé?
— O quê? Não.
— Viu, Marisa? Ele pode ficar em pé sozinho. Pode desgrudar.
— Marisa, acredito que já está na hora de comprar fraldas e leite para o bebê — diz Salvatore, enquanto leva a oferecida até o carro.
— Esse é o doutor Vicente. Ele veio examinar a minha filha. Estávamos esperando por você.
— Boa tarde! Eu trouxe os exames que ela fez no hospital e também preciso saber se ela é prematura. O avô dela disse, mas não estou convencida disso.
— A senhora não é a mãe da criança? — pergunta o Dr. Vicente.
— Só no coração. É uma longa história.
— Decidiu ser a mãe dela sem me consultar?
— Com você eu falo depois, Felipe. Então, Doutor Vicente, como a minha bonequinha está?
— Ela está bem, não é um bebê prematuro. Sua intuição estava certa. A enfermeira disse que ela teve cólica durante a noite. Vamos trocar a fórmula de leite dela e fazer consultas de rotina para acompanhar o crescimento.
— Muito obrigada! Manteremos contato.
— Perfeito.
Acompanho o Vicente até a porta, aproveito para respirar fundo, pois sei que vou precisar de toda a minha paciência para conversar com o Felipe.
— A senhorita pretende me deixar trancado aqui até quando?
— Quer voltar para a casa do seu pai? Francamente. Você é muito ingrato. Eu te salvei e até agora não ouvi nada além de reclamações. Ninguém está te impedindo de sair, pode ir embora quando quiser.
— Você me salvou? Sério? Morgana, você não está diferente dos nossos pais. Já pensou nas consequências disso? Meu pai já deve estar colocando todos os aliados dele contra você.
— Não me importo com isso. Você é muito burro para perceber o que está realmente em jogo aqui. Olhe para essa bonequinha. Se alguém não interferir, o seu pai fará com ela o mesmo que fizeram com a gente. É isso que você quer?
— Você está fazendo tudo do jeito deles.
— Eu vou jogar o jogo deles e vencer, é diferente.
— Eu tentei e veja no que deu.
— Tentou? Fazer filhos por aí e encher a casa não resolve nada.
— Eu sei, não planejei ter um bebê. Eu não sabia que a Patrízia estava grávida.
— Só falta você colocar a culpa na minha bonequinha. Homens… Nunca sabem de nada, nunca fazem nada, a culpa nunca é deles. Vai aprendendo, meu bebêzinho — falo ironicamente, segurando na mão da minha princesinha que olha atentamente. Às vezes acho que ela é a única que me entende.
— Para de tentar influenciar a menina. Colocar filha contra o pai é golpe baixo.
— Filha, seu pai adora se fazer de vítima. Mas agora eu vou cuidar de você. Não vou te deixar sozinha com esse bocó. Ninguém merece isso.
— Tá roubando a minha filha? Você está cada vez pior — ele diz rindo, porque estou falando sério com a bebê.
— Tá rindo do quê? Estou falando sério. Olha, ela gosta de mim e eu não penso em outra coisa desde quando saímos do hospital. Sou a mãe dessa menina e não tem nada que você possa fazer para mudar isso.
— Como eu fico no meio de tudo isso? Seu avô me detesta e o meu pai vai atrás de você com tudo o que ele tem, se você roubar a moeda de troca dele.
— Quem? Você?
— Sim, ele fez um acordo com o Pepe. Eles querem unir as duas famílias e para isso eu vou me casar com a Sílvia.
— Com quantas mulheres você se envolveu? Nossa, você é rápido. Ela também está grávida?
— Nós só fomos apresentados até agora.
— Tem algum motivo para o seu pai ter escolhido a filha do Pepe?
— Sim, o Pepe está usando a filha para pagar uma dívida antiga. Ele não tem como pagar de outra maneira. Acredito que meu pai fez tudo de caso pensado.
— Entendi. Você quer se casar com ela?
— Não. Porém agora eu tenho uma filha. Se desobedecer, vai colocar a vida dela em perigo. Você não conhece o Cláudio que eu conheço. Ele sempre foi bom com você. Ei, você está me ouvindo? Estou falando aqui e você não sai do celular.
— Felipe, seu pai não pode mais obrigar o Pepe a casar a filha.
— Meu Deus. O que você fez?
— Dei o dinheiro para o Pepe pagar a dívida. Agora ele é meu aliado e vai espalhar a notícia para os outros membros do conselho. Quero que saibam que sou generosa com os meus aliados.
— Ainda não sei como isso me ajuda.
— Parece que eu falo com uma porta. Você vai entender tudo amanhã durante a reunião do conselho.
— Eu não posso ir. Muitos deles querem a minha cabeça por alguns erros que eu cometi.
— Fala do prejuízo que você nos deu? Eu já fiz a reposição do dinheiro. De nada.
— Obrigado. Será que você pode dizer o que está ganhando com isso?
— Vai comigo ou vou ter que arrastar você?
— Quero ver você tentar.
— Eu arrastei meu avô do Brasil até aqui. Você é peixe pequeno.
— Deram asa pra cobra. Agora você tá aí se achando a rainha da cocada.
— O que acha de ser o rei?
— Eu acho que não entendi.
— Case comigo, Felipe.
Eu sempre esperei por esse momento. Mas, não nessas condições, não desse jeito. Era eu quem deveria ter feito o pedido e o casamento seria por amor e não por vingança.
— Eu não sei o que dizer — confessei.
— Claro que sabe. Você já disse tudo. Esquece, Felipe. Eu falei sem pensar — respondeu Morgana.
“Droga, Felipe. Você estragou tudo.”
— Olha, você é livre para ir aonde quiser, mas pense na criança, ela é inocente e precisa de cuidados. Aceite a minha ajuda para cuidar dela, pelo menos por enquanto, depois você decide o que quer fazer — disse Morgana.
— Tudo bem, eu tenho um apartamento no centro da cidade, você pode nos visitar sempre que quiser — respondi.
— É mais seguro vocês ficarem na minha casa, já estou preparando um quarto digno de uma princesa para ela — sugeriu Morgana.
— Se o seu avô concordar, eu vou sim — disse.
— A casa é minha, se ele não gostar é problema dele — afirmou ela.
— Você vai enfrentar o Don Luigi por causa da minha filha? Agora eu acredito que você realmente gosta dela — questionei.
— Foi amor à primeira vista. Espero que você deixe eu ser a madrinha dela, pelo menos — pediu Morgana.
— Falando em batismo, preciso registrar ela, preciso procurar a Patrízia — comentei.
— Procurar aquela mulher para registrar a criança? Você vai colocar o nome da mulher que vendeu a própria filha na certidão? Ninguém merece — exclamou Morgana.
— Não tem outro jeito. Ela é a mãe, por pior que seja — respondi.
— Já entendi tudo, você quer procurar a tal Patrícia, se casar com ela e formar uma família feliz. Não importa o que ela fez, você vai atrás dela mesmo assim, isso que é amor. Parabéns — ironizou Morgana.
— Eu sinto que é o certo a se fazer — disse.
O olhar dela mudou, ela estava fria, pensei que ela tentaria me convencer do contrário, mas não.
— Eu vou pedir para o Salvatore passar o endereço dela, não precisa procurar — disse.
— Obrigado — respondeu Morgana.
— Arrume as malas de vocês, quando o Salvatore voltar nós vamos para a minha casa — instrui.
— Você fica com ela? — perguntou Morgana.
— Claro — confirmei.
Fiz o que ela pediu, guardei tudo dentro da bolsa, ela não tem muitas coisas então foi rápido. Preciso comprar roupas para ela e buscar as minhas no meu apartamento. Voltei para a sala e ouvi o Salvatore conversando com Morgana.
— Achei melhor demitir a Marisa, espero que não se importe — disse ele.
— Eu não posso me importar com nada relacionado a esses dois — respondeu Morgana.
— Ele te deu um fora, não é? — perguntou Salvatore.
— É tão óbvio assim? Não responda. Acho que eu precisava disso. Eu estava viajando, é bom voltar para a realidade — disse Morgana.
— Sei o que você quer dizer. Estou na mesma situação. Gosto de uma mulher que gosta de outro — comentou Salvatore.
— Espero que dê tudo certo. Ah, envie o endereço da tal Patrízia para o namoradinho dela — pediu Morgana.
— Não precisa pedir duas vezes — respondeu Salvatore.
O Salvatore estava falando dela e a tonta nem percebeu. Ele vai aproveitar que ela está fragilizada e se aproximar. Eu acabei de rejeitar um pedido de casamento dela para ficar com a mãe da minha filha, mas a minha vontade é quebrar a cara desse idiota.
— Pronto. Arrumei tudo, podemos ir — disse.
— Salvatore, vou levá-los para morar comigo até tudo se resolver. Obrigada por recebê-los aqui. Mas, tá na hora de você ter a sua casa de volta — disse Morgana.
— Eu pensei que ele fosse morar com a mãe da menina — comentou Salvatore.
— Isso não é problema nosso. Vou esperar vocês no carro — respondeu Morgana.
Ela saiu levando a bebê na cadeirinha. Depois da nossa conversa, ela não me olhou mais, o clima está pesado, porém tem uma pessoa adorando tudo isso.
— Eu enviei as informações da sua namorada por mensagem. Vou deixar um motorista à sua disposição para você ir o mais rápido possível — disse Salvatore.
— Quanta gentileza. Não precisa disfarçar comigo, eu sei que você está louco para me ver longe dela — respondi.
— Deixe ela te esquecer, não seja egoísta. Ela merece ser feliz ao lado de um homem que a ame. Se eu entendi bem, você a rejeitou para ficar com a mãe da criança. Pela primeira vez na vida, acho que você agiu certo — finalizou Salvatore.
— Você está enganado. Ela não precisa me esquecer, ela não tem nenhum interesse em ficar comigo, apenas quer atingir o meu pai — respondi.
— Continue pensando assim — disse Salvatore.
Fomos para o carro, eu já estava com medo de ouvir um sermão da Morgana pela demora, mas ela não fez nada, estava sentada, olhando para a janela do carro, já tinha ajustado a cadeirinha da bebê ao lado dela e durante todo o caminho interagiu apenas com a bebê. Sei que ela está chateada comigo, eu queria explicar. Mas, acho que isso só vai piorar as coisas.
— Felipe, se você quiser podemos ir hoje mesmo ver a sua namorada. Ela também vai ficar na casa da Morgana? — perguntou Salvatore.
— Eu quero passar no meu apartamento para pegar algumas coisas — respondi.
— Sem problemas, vamos deixar as meninas em casa primeiro. Aposto que a Morgana não vai desgrudar da pequena tão cedo — disse Salvatore.
“Esse idiota tem razão, quem não sabe da história toda, pensa que a Morgana é mãe da criança. Vai ser difícil para ela ter que se afastar quando eu voltar com a Patrízia.”
Finalmente chegamos, o Salvatore corre para abrir a porta e ajudar a Morgana a descer do carro, ela retira a cadeirinha e leva a bebê com ela. Eu fico sentado por alguns segundos olhando para elas e me pergunto se fiz a escolha certa. Vejo que todos os soldados a respeitam e não é um tratamento de neta do patrão. Ela é a chefe, isso é nítido. Entro na mansão e dou de cara com o Don Luigi.
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Atualizado até capítulo 52
Comments
Maria De Fatima Carvalho
tomará que o Felipe pega ela com outro pra largar de ser burro
2024-03-11
2
Kelly Sartorio
e burro esse Felipe
2023-03-17
0
Ninha Arguello
Ja amando
2022-09-24
0