Capitulo 16

Acordei na manhã seguinte com os raios de sol penetrando uma brecha na cortina do quarto. Eu pulei da cama ao ver o sol forte refletir no vidro da janela. Eu estava atrasada, passei as mãos no rosto bufando.

Mariana: Como eu deixei isso acontecer? — Peguei o celular completamente descarregado— O senhor Heitor vai me dar uma bronca da quelas, ele odeia atrasos e deve está de mau humor por causa de ontem.

Marchei para o banheiro desanimada, tomei um banho rápido e fui procurar uma roupa para vestir. Quando terminava de prender os cabelos em um rabo de cavalo, ouvi a porta sendo aberta, peguei minha bolsa e fui até a sala. Clarissa tinha chegado, jogou a bolsa na mesinha e caiu no sofá arrancando os sapatos massageando os pés.

Clarissa: Uer, você ainda está aqui, pensei que já estivesse no trabalho.

Mariana: Meu celular descarregou e acabou que não consegui acordar sem o despertador. E você como foi o plantão?

Clarissa: Exaustivo, muita correria teve um acidente ontem e acabou que o setor de traumas estava sobre carregado, acabei ficando numa cirurgia delicada de 7 horas.

Mariana: Minha nossa! E morreu alguém?

Clarissa: Fizemos o possível, mas o paciente estava com muitas lesões, duas horas depois da cirurgia ele veio a óbito acabou não resistindo.

Clarissa falou apoiando o queixo nos joelhos pensativa, ele sempre ficava assim quando não conseguia salvar um paciente.

Mariana: Eu sinto muito Clari.

Clarissa se levantou do sofá e respirou fundo.

Clarissa: Ok, está tudo bem eu vou tomar um banho relaxante e desmaiar na minha cama, eu estou morta de cansada.

Pegou a bolsa e os sapatos e saiu andando rumo ao quarto, porém no meio do percurso voltou e me encarou séria.

Clarissa: Usa o sinto de segurança Mariana, nunca esqueça de abotoar o sinto, ele salva vidas.

Mariana: Esta bem, eu não vou esquecer de usar.

Clarissa: Muito bem!

Saiu marchando para o quarto, então fui para o trabalho nem consegui tomar café. Quando cheguei na mansão Martins levei um susto quando vi Heitor na sala de estar, ele sempre me esperava no quarto.

Heitor: Isso são horas babá? Já estou a sua espera cerca de 30 minutos.

Mariana: Desculpa senhor, eu acabei perdendo a hora eu prometo que não vai mais se repetir.

Heitor: Espero que cumpra sua promessa, com essa já é a segunda vez que chega atrasada.

Minha cara ficou quente, ele me parecia aborrecido e tinha razão eu não estava sendo profissional, me deixei atrasar duas vezes, talvez ele não perdoaria uma terceira vez.

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Heitor havia acordado cedo, ainda estava irritado por saber das novidades de ontem. Rafael ao vê-lo cabisbaixo teve uma ótima ideia para faze-lo se distrair, ele estava ansioso para contar para Mariana. Heitor tomou café cedo, fez sua higiene e não aguentou esperar Mariana no quarto, então Rafael o levou para a sala de estar.

Heitor: Que horas são agora?

Perguntou pela quinta vez em menos de quinze minutos.

Rafael: Oito e meia senhor!

Heitor: Acho que ela não vem mais.

Rafael: Deve ter acontecido alguma coisa para ela se atrasar, mas acho que ela vem sim, caso contrário já tinha mandado uma mensagem avisando.

Heitor: Você já ligou para minha livraria? Já encomendou tudo que eu pedi?

Rafael: Já sim senhor, inclusive já deve está a caminho.

Enquanto Heitor esperava ansioso pela Mariana, Rafael o vendo aflito deu uma risada balançando a cabeça quando ele não estava olhando, como se dissesse ela faz mais falta que seu ego possa admitir.

Quando bateram a campainha Heitor parecia ansioso, mas logo mudou as feições quando viu que quem entrava não era Mariana, e sim dois homem carregando algumas caixas.

Rafael: Me acompanhe por favor vamos colocar tudo na biblioteca.

Rafael direcionou os funcionários até a biblioteca e lá ajudou a colocar as caixas em um canto do chão, em seguida os acompanhou até a saída.

Rafael: Heitor, você não quer começar sem ela?

Heitor: Prefiro esperar a babá chegar.

Heitor não quis começar sem Mariana, para ele não teria graça nenhuma. Quando estava quase perdendo as esperanças que Mariana pudesse vim trabalhar hoje, ele a viu atravessar a porta, ela parecia retraída e bastante surpresa ao vê-lo na sala, pois toda vez ele sempre a esperava no quarto.

Ele acabou chamando sua atenção.

Heitor: Isso são horas, babá? Já estou a sua espera cerca de 30 minutos.

Falou bravo.

Mariana: Desculpa senhor, eu acabei perdendo a hora eu prometo que não vai mais se repetir.

Heitor: Espero que cumpra sua promessa, com essa já é a segunda vez que chega atrasada.

Ele reclamou do atraso, estava visivelmente chateado, mas não era pelo atraso em si. Heitor estava começando a sentir falta da companhia de Mariana e isso o deixava vulnerável, ele não queria sentir apego a uma funcionária, por essa razão sempre tratava de demitir todas as outras que sua mãe contratava. Porém, Mariana foi insistente, teimosa e sobre tudo paciente com ele, e isso fez com que desenvolvesse uma relação de amizade entre os dois.

Mariana: Tem minha palavra eu juro!

Mariana cruzou os dedos indicadores em sinal de cruz e selou o juramento com um beijo entre eles. Heitor achou engraçado a forma que Mariana fazia seus juramentos e acabou sorrindo.

Heitor: Ok, aborrecimentos a parte, eu tenho uma ótima notícia, acho que você vai gostar foi o Rafael que sugeriu.

Mariana: Com tanto que não seja minha demissão eu vou adorar.

Mariana soltou fazendo os três rirem.

Rafael: Fica tranquila não é nada sobre demissão.

Então Heitor falou animado.

Heitor: Agora pouco eu mandei os funcionários da minha livraria trazerem alguns livros para a gente daor para ONG o que você acha? A gente poderia montar uma biblioteca lá.

Mariana: Caraca é sério? Eu amei é uma ótima iniciativa senhor, eu tenho certeza que a Jaqueline vai adorar a ideia.

Heitor: Vem comigo eu mandei colocar tudo na biblioteca, tem que separar e organizar tudo em caixas e etiquetar por gêneros ainda, eu pensei que a gente poderia passar o tempo e fazer esse trabalho. É claro, eu não vou poder colocar a mão na massa, mas vou acompanhar tudo de perto e o Rafael vai ajudar.

Enquanto eles iam em direção a biblioteca, Mariana não parava de falar animada.

Mariana: A gente liga para Jaqueline ou fala pessoalmente? Acho melhor levar os livros e fazer uma surpresa, aii que maravilha.

Mariana deu uns pulinhos de animação, não só por Heitor está contribuindo com as atividades da ONG, mas por parecer envolvido com uma causa tão nobre. Ela tinha certeza que ter o levado para conhecer a ONG o fez muito bem.

Heitor: Olha são esses os livros que pedi, tem de todos os gêneros, romance, poesia, biografias, coletâneas até ficção científica pra quem gosta.

Rafael: Mariana agora vamos organizar tudo por gêneros, tá meio bagunçado por que estavam nas prateleiras.

Mariana: Certo!

Mariana sentou no chão e começou a empilhar os livros de acordo com os gêneros, era muitos livros um mais bonito que outro. Passou-se algumas horas e ela ouviu sua barriga roncar. Já tinham terminado a maior parte, levantou-se e foi até Heitor e Rafael que conversavam sobre um dos livros em que Rafael estava em mãos.

Mariana: Senhor, vamos tirar uma pausa para descansar e lanchar.

Heitor: Vamos terminar logo babá, sem falar que ainda não estou com fome. Eu prefiro que terminemos com tudo logo.

Mariana passou a mão na barriga e outra vez o estômago roncou, ela estava com fome não tinha tomado o café da manhã.

Mariana: Senhor eu não tomei café da manhã, e se eu esperar mais um pouco acho que minhas tripas vão comer umas as outras.

Mariana falou rindo segurando a barriga que fazia barulhos estranhos. Heitor a olhou preocupado.

Heitor: Por quê você não avisou antes que não tinha tomado café? Se eu soubesse não estava aqui te torturando.

Mariana: Então posso ir comer alguma coisa?

Perguntou aliviada.

Heitor: Mais é claro babá eu não quero te matar de fome, espera vou pedir a empregada para nós servir um lanche aqui.

Não demorou muito duas empregadas veio trazendo uma bandeja para a biblioteca. Mariana pegou um sanduíche com suco de maracujá enquanto comia seu lanche, Heitor a observava sorridente.

Heitor: Não vá se entalar.

Mariana riu devorando mais um sanduíche, Rafael ajudou Heitor a comer enquanto Mariana se empaturrava igual uma criança.

Mariana: Estou satisfeita!

Heitor: Sua boca está suja, o cantinho!

Heitor falou sorrindo, Mariana envergonhada limpou com o guardanapo.

Mariana: Dignidade recuperada com sucesso.

Ela voltou a separar os livros guardando e organizando nas caixas, enquanto Rafael terminava seu lanche.

Heitor: Eu tenho uma coisa para você, me acompanhe.

Heitor apertou com dificuldade o controle remoto de sua cadeira, Mariana o seguiu até a mesa onde tinha uma caixa envolvida em um laço.

Heitor: Abra!

Mariana desfez o laço delicado e abriu a caixa e lá estava alguns livros que o próprio Heitor havia publicado. Mariana abriu o sorriso analisando cada um dos livros, tinha um livro de como se tornar um escritor brilhante, três de poesias e um de biografia e memórias.

Heitor: Espero que goste, só não vou assinar devido às circunstâncias.

Mariana: Não seja por isso eu faço questão.

Mariana pegou um carimbo de dedo sorridente.

Heitor: Você não vai fazer isso Mariana.

Mariana: Vou sim, eu vou pelo menos marcar sua digital em cada um dos meus livros.

Mariana pegou a mão do Heitor, e afundou o dedo polegar no carimbo em seguida passou a carimbar todos os livros sorrindo.

Mariana: Agora sim, estão autografados.

Heitor: Você é maluca!

Falou dando risadas, em seguida Mariana pegou um lenço e limpou o dedo do Heitor; ela acariciava de leve suas mãos o fitando nos olhos. Os dois gargalhavam sem hora para acabar.

Rafael: O papo está ótimo, mas temos que acabar logo com isso, ainda quero jogar umas partidas de xadrez.

Heitor: Certo, vamos terminar e depois jogar. Mariana com certeza vai ganhar todas hoje.

Mariana: Quem derá ainda estou pegando a manha.

Após concluir toda arrumação dos livros eles foram encaixotados e etiquetados por ordem, amanhã passou corrida e animada. Depôs do almoço foram os três jogar xadrez, Heitor estava bastante animado pela nova rotina que que se estendia desda chegada de Mariana na sua casa, os dias não estavam sendo mais arrastados e entediantes, ao contrário se tornaram divertidos e contagiantes.

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