Capítulo 6

Desde ontem eu estou com uma bomba nas mãos, como eu posso ceder a um ato estapafúrdio desses? Eu não posso entrar nessa loucura. Foi isso que falei a ele, e o mesmo me ameaçou em me demitir. O que eu faço? Como eu posso colocar naquela cabeça oca que isso é uma barbaridade?

Respirei tensa, eu estava com dor de cabeça e bastante preocupada também. Peguei um analgésico no armário e engoli com um copo de água, ontem tive pesadelos horríveis sonhei que fui presa por matar o senhor Heitor, jogando seus remédios na privada e negligenciando seu tratamento.

Clarissa: Mariana você está bem?

Clarissa que estava tomando seu café na cozinha, encostou-se no balcão e me lançou um olhar investigativo.

Clarissa: Você e o Joaquim brigaram foi isso?

Mariana: Não, estou com problemas no trabalho.

Suspirei fundo e sentado em um banco do lado do balcão.

Clarissa: Que tipo de problemas?

Mariana: E se você estivesse entre a cruz e a espada Clari, se alguém pedisse pra você fazer algo que prejudicasse essa pessoa. E você se recusasse e mesmo sendo distanciada não ia adiantar nada, porque essa pessoa é pior que jumento velho. O que você faria Clari?

Clarissa me olhou atordoada.

Clarissa: Ohhh... Mariana? Que história é essa? Da pra explicar direito que eu não entendi nada. Esperai que rolo você está metida, hein?

Mariana: Nada uer.

Me fiz de sonsa, ele confiou em mim eu não podia abrir a boca.

Clarissa: Garota você está estranha. Anda desembucha, Mariana?

Clarissa cruzou os braços e me encarou com aquele olhar mandão de irmã mais velha.

Mariana: Nada, já está na minha hora mana até mais tarde beijos...

Peguei minha bolsa num pulo e sai rapidamente em direção a porta. Clarissa se apressou e quis vim atrás de mim.

Clarissa: Mariana volta aqui agora, você não vai sair assim o que você anda aprontando garota?

Quando cheguei na mansão Martins me senti um pouco intimidada, eu ainda não sabia o que fazer e estava muito preocupada com Heitor. Apertei a campainha e a governanta me recebeu com um sorriso cativante no rosto. Eu fui direto para o quarto dele, e Rafael estava o vestindo. Eu rapidamente dei três passos pra trás aproveitando que eles não tinham me visto, fiquei um pouco ruborizada em ver ele só de cueca. Ele era tão... Másculo, um pouco magro, mas com definição! Virei o rosto e tentei não olhar para o homem quase desnudo a minha frente.

Quando Rafael passou a camisa pela sua cabeça e o levou para se olhar no espelho eu esfreguei as mãos suadas na saia e entrei no quarto.

Mariana: Bom dia?

Rafael: Bom dia Mariana.

Rafael me cumprimentar sorridente, Heitor virou a cadeira e me encarou.

Heitor: Olá, babá?

Ergueu as sobrancelhas em meu rumo.

Rafael: Mariana você pode levar o Heitor para dar um passeio no jardim? Eu já mando o lanche dele, hoje o dia está bom para ele tomar um pouco de sol.

Sentada numa cadeira perto da piscina eu era observada pelos seus lindos olhos esmeralda.

Heitor: Babá, então creio que já teve muito tempo para pensar. Eu quero saber sua resposta.

Mariana: Senhor você ainda nem tocou no lanche. Vamos eu ajudo você a comer.

Pequei uma tigela de salada de frutas e me posicionei em sua frente para lhe dar comida na boca.

Heitor: Babá, eu quero sua resposta. AGORA!

Gritou e eu me assustei.

Mariana: Eu não vou aceitar nada senhor. Eu não quero ser acusada da sua morte, será que você não percebe que isso é um ato suicida?

Ele apenas riu me deixando ainda mais nervosa.

Heitor: Demitida!

Eu abrir a boca várias vezes sem conseguir falar nada. Ele apertou o botão da cadeira com dificuldade e saiu andando pelo jardim me deixando sozinha. Parou no meio do percurso e eu corri pra ver o que tinha acontecido, a roda da cadeira enganchou na grama a prendendo nas calhas.

Heitor: Merda!

Falou chateado não conseguindo sair dali.

Mariana: Eu ajudo.

Falei tentando puxar o mato das calhas do pneu. Heitor parecia muito bravo com a situação.

Heitor: Eu não quero sua ajuda babá. Sai da minha frente!

Mariana: Eu vou conseguir, espera só mais um pouquinho.

Agarrei com as duas mãos e puxei firme até a erva daninha soltar da calha. Cai de bunda no chão e o mal agradecido nem sequer me pediu obrigada e saiu andando rumo a casa. Eu corri para acompanha-lo.

Mariana: Senhor, espera!

O resto do dia ele fingiu que eu era invisível e eu estava quase acreditando que era uma fantasma porque ele ao menos se dirigiu a palavra. Já eram cerca das cinco, Rafael havia ido em casa e me pediu pra não desgrudar os olhos dele.

Mariana: Senhor, acho que eu cansei de ser tratada como um fantasma.

Falei parecendo na sua frente. Ele revirou os olhos ao ver meu rosto.

Heitor: Babá, que parte você está demitida que você ainda não entendeu? Some daqui!

Mariana: Você não pode me demitir senhor, eu fui contratada pela sua mãe e daqui não vou sair.

Falei decidida ele riu da minha forma de o enfrentar.

Heitor: Eu posso fazer o que eu quiser. Minha mãe não tem autoridade em minhas escolhas e você muito menos. Então para de bancar a chata e saí da minha frente.

Mariana: Eu sou chata? Olha quem fala o senhor mais legal do universo.

Deixei sair na hora da raiva.

Heitor: Ainda por cima é respondona. Eu tou cansado da pra sair do meu quarto.

Mariana: Eiii, eu sei que eu não sou a melhor companhia do mundo mais poxa caramba, eu preciso muito desse emprego e não quero que o senhor morra da pra entender meu lado? Se eu aceitar essa loucura eu vou está compactuando com isso.

Respirei chateada encarando meus pés.

Heitor: E quem disse que eu quero morrer?

Abri a boca em choque.

Mariana: Não quer? Eu pensei que...

Heitor: Se eu quero me livrar dos remédios é porque eles me fazem mal, deixam meu estômago horrível.

Mariana: Eu pensei que tetraplégico não sentiam dor de estômago, nem qualquer dor do pescoço para baixo.

Falei confusa, Heitor suspirou parecendo cansado dessa conversa.

Heitor: Não é porque não sinto dor que ela deixa de existir, o fenômeno chama-se disreflexia. Quando tenho uma dor de estômago, não sinto o incômodo localizado, mas posso ter calafrios ou dor de cabeça, por exemplo. É esse tipo de sensação que me avisa quando algo não está bem no meu corpo.

Mariana: Ah! Agora eu entendi!

Heitor: Pois bem, vamos fazer o seguinte não precisa se meter e só jogar todos os remédios na privada e falar para o Rafael que vai ficar responsável por essa parte. A partir de hoje eu cuido da minha medicação, o que eu quero de você, é só que você comunique isso ao ta ok?

Fiz que sim com a cabeça, ele então sorriu pra mim pela primeira vez um sorriso completo e doce sem sacarmos.

Heitor: Ótimo, até que ter você aqui não está sendo tão ruim assim pelo menos posso dizer que seja minha aliada.

O resto da tarde foi bem tranquila, estava lanchando na cozinha com o Rafael, a cozinheira da casa nos servia um delicioso bolo de chocolate e um café quentinho.

Rafael: Está gostando do emprego?

Mariana: Sim, apesar do nosso chefe ser osso duro de roer. Mas tou me dando bem sim, ele parece muito um dos cachorrinhos que eu levo para passear o Billy ladra mais não morde.

Ri, porém o Rafael me encarou sério. Ai meu Deus eu acabei de comparar o meu patrão com um cachorro, e se ele falar para o Heitor eu tou ferrada.

Rafael: Hahaha, se o Heitor ouvir você falando isso ele vai querer te matar.

Mariana: Me desculpa eu não queria, foi sem querer.

Rafael: Calma, não precisa ficar com essa cara de assustada eu não vou comentar nada sobre isso.

Sorri amarelo eu e minha boca grande ainda vai me colocar numa fria. Tratei de encher a boca de comida só assim poderia evitar de falar mais alguma abobrinha.

Rafael: Mariana você poderia organizar a prateleiras de remédios retirar os que acabaram e repor com novos.

Mariana: Tá ok.

Rafael: Ótimo, eu vou precisar sair, mas em uma hora estou de volta, vou levar minha esposa ao médico.

Mariana: Ela está doente?

Perguntei preocupada.

Rafael: Não, ela está grávida. Vamos pra uma visita de pré-natal.

Falou sorridente.

Mariana: Parabéns, Rafael eu não sabia que você ia ser papai.

Rafael: Obrigada!

Fez um aceno com a cabeça, quando ele ia saindo eu me lembrei de comunicar a respeito dos remédios do Heitor.

Mariana: Ah! Rafael, já ia me esquecendo. O Heitor quer que eu fique responsável pelos seus remédios a partir de hoje.

Rafael deu meia volta e voltou para perto de mim com um semblante indecifrável.

Rafael: Tem certeza? É uma grande responsabilidade Mariana, você não quer esperar mais algumas semanas, assim eu vou auxiliando em algumas dúvidas. O Heitor não pode passar da hora de toma-los e nem esquecer de nenhum.

Mariana: Eu sei, bom só uma curiosidade e se por acaso o Heitor parar de toma-los o que poderia acontecer?

Rafael: Ele pode ficar muito mal Mariana, é por isso mesmo que eu acho que está muito cedo pra você ter essa responsabilidade. O Heitor não pode ficar nenhum dia sem tomar esses remédios o corpo dele não trabalha mais como antes, seus rins e pulmões são muito fraco o remédio os ajuda a funcionar melhor, caso contrário de ficar sem eles um único dia pode ter falência de órgão e leva-lo a morte.

Eu esbugalhei os olhos espantada, ele mentiu pra mim. Como ele pode fazer isso queria morrer e queria que eu ajudasse sem saber de nada.

Rafael: Tá tudo bem, Mariana?

Eu pisquei os olhos nervosa e fiz que sim com a cabeça antes de sair dali. Fui direto para o quarto do Heitor.

Mariana: Você é maluco? Por que mentiu pra mim? Você queria que eu...

Heitor: Babá que modos são esses eu estava dormindo.

Mariana: Não se faça de desentendido, eu sei toda a verdade, e não vou aceitar isso.

Heitor: Me parecia ter falado ao contrário agora cedo.

Me encarou zombeteiro.

Mariana: Você é maluco? Por que quer fazer essa barbaridade e tentou me enganar. Tem noção da gravidade? Eu nunca vou aceitar essa loucura.

Nessa hora minhas lágrimas já estavam quase molhando meus sapatos, meu coração acelerado eu só queria fugir dessa casa e nunca mais aparecer novamente aqui.

Heitor: Por quê tá chorando?

Mariana: Porque só quero o seu bem.

Heitor: Meu bem? —Riu sem humor— Eu não vou ficar bem babá, eu nunca mais vou ficar bem. Será que você não percebe que eu estou condenado a viver nessa cadeira ridícula para sempre? Eu não quero essa vida, não mais. Eu não estou vivendo e sim sobrevivendo.

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Comments

Euridice Neta

Euridice Neta

É uma situação difícil para os dois mais ele não pode desistir da vida por causa de sua condição e muito menos ameaçá-la para o ajudar ....

2025-02-09

0

Ana Lucia Jambeiro Alves

Ana Lucia Jambeiro Alves

Também estou sentindo falta de fotos, da realidade a história

2024-12-02

0

Maria Eduarda Wrobel

Maria Eduarda Wrobel

Autora cadê as fotos do personagem eu já lhe suas histórias eu sei que você põe fotos

2024-03-04

4

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