Capítulo 8

Quando anoiteceu me despedi do Rafael e fui embora, Heitor estava dormindo para minha sorte. Hoje ele estava terrível e eu não sabia onde enfiar minha cara de tanta vergonha, mencionou mais de três vezes sobre a marca no meu pescoço, e eu definitivamente queria evaporar da face da terra.

Chegando em casa Clarissa ainda estava no hospital, eu troquei a roupa e calcei um tênis, então fui pegar os cachorros da vizinhança para um passeio no parque, quem sabe assim eu poderia me distrair um pouco.

Bati na casa da dona Márcia, ela abriu um sorriso ao me ver, e entregou as guias eu aguachei no chão e recebi milhares de lambidas as cachorrinhas eufóricas, balançavam o rabo alegremente ao perceber que iam passear.

Mariana: Calminha, calminha!

Falei tentando acalma-las para poder colocar a guia, elas não paravam quietas. Dona Márcia ria da afobação.

Passei na casa do Billy também e depois na casa do Rex. Hoje tinha quatro clientes sedentos por ar livre. Andávamos devagar pelo extenso gramado os cachorros exploravam cada canto, paravam para cumprimentar outros cachorros na rua e latiam quando ouviam algum carro buzinar. Fizeram muito cocô e isso era bom, pois não iam fazer sujeira em casa. Eu juntei tudo com um saquinho e coloquei no lixo. Fumos para um canto mais afastado do Parque e soltei eles da guia para poder correr livre, sentei-me em um banco e atirava um osso de brinquedo para eles pegarem, essa brincadeira foi repetida por diversas vezes até eles se cansarem. Eu dei alguns petiscos pelo bom comportamento, e fiz muito carinho. Todos pareciam muito exaustos deitados na grama então era hora de voltar para casa.

Fui deixar primeiro o Rex, seu dono um rapaz jovem do nosso condômino um pouco atrapalhado, quando ficava nervoso ele trocava as palavras, ele sempre perguntava pela Clarissa e quando a via comigo ele sempre dava um jeito de fugir, eu achava engraçado essa situação.

Em seguida deixei o grandão, Billy como sempre animado o entreguei para Joana e fui para casa da dona Márcia. Como de costume eu acabo entrando e conversando com a velha senhora, contei um pouco sobre o novo emprego ela ficou animada quando falei que tinha conseguido um trabalho fixo.

Márcia: Minha filha, vamos para a cozinha eu vou preparar um chá para comermos uns biscoitinhos de polvilho doce.

Me acomodei no banco do balcão, enquanto observava colocar a chaleira no fogo.

Mariana: O emprego paga bem dona Márcia, mas você tinha que ver o meu patrão ele é terrível. Dona Márcia você não sabe na encrenca que esse homem quase me colocou.

Contei tudo para ela que escutava atenta, às vezes levava a mão a boca de espanto. Dona Márcia trouxe a chaleira fumegante e colocou no balcão, eu peguei as xícaras, ela me deu um sachê de chá eu coloquei água e um pouco de adoçante.

Márcia: Que pena Mariana um rapaz tão jovem ter que passar por isso. Tem tanto para viver ainda, é difícil uma situação muito difícil minha filha.

Falou me servindo os biscoitos de polvilho doce.

Mariana: Não sei o que fazer, ele já me demitiu inúmeras vezes, a minha sorte é que dona Teodora mãe dele não está de acordo com suas atitudes. Ainda tem um rapaz enfermeiro dele o nome dele é Rafael muito simpático, gente boa mesmo tá me ajudando a segurar as pontas.

Márcia: Mas esse rapaz tá revoltado com a vida, ele está descontando em todo mundo que estiver na sua frente, seja forte Mariana, talvez ele só precise de uma boa amiga. Eu tenho certeza que você vai conseguir ajudar esse rapaz.

Mariana: Vou tentar, mas parece que não vai ser uma tarefa fácil.

Falei comendo os biscoitos, dona Márcia me olhou curiosa.

Márcia: Estamos falando há muito tempo desse rapaz, mas eu não faço a mínima ideia como ele seja, agora fiquei curiosa você tem uma foto pra mim ver.

Mariana: Claro que não dona Márcia, como eu iria ter uma foto do Heitor no meu celular. Mas espera... Ele é de família importante e por coincidência era o chefe da Janice na revista onde ela trabalha, vou ver se tem alguma coisa dele aqui no Google.

Eu naveguei no Google e pesquisei por Heitor Martins, dona Márcia veio para perto me ver bisbilhotar a vida pessoal do meu patrão. Quando carregou pude ver uma foto de Heitor sorridente.

Mariana: Olha é esse aqui, nessa foto ainda ele não tinha sofrido o acidente.

Dona Márcia pegou meu celular e fez bico ao olhar a foto, logo me entregou e falou sorridente.

Márcia: Esse rapaz é muito bonito Mariana, um belo rapaz! Mais bonito até que o seu namorado Joaquim.

Dona Márcia soltou uma risadinha. Eu quase engasgo com os biscoitos. Tomei todo o chá para desentalar e trarei de defender o Joaquim.

Mariana: Dona Márcia mais que coisa! Nada a ver fazer essa comparação. Eu preciso ir para a casa tomar um banho e fazer o jantar, a Clarissa vai ficar de plantão hoje eu vou levar o jantar dela no hospital.

Quando cheguei em casa fui tomar um banho, e em seguida fiz o jantar, montei uma marmita para Clarissa e coloquei um suco natural na garrafinha térmica. Peguei minha bolsa e fui até o hospital.

Clarissa: Mariana não precisava se incomodar, eu ia comer na cantina do hospital.

Mariana: Por favor, Clarissa você sabe muito bem que não é incômodo algum, além disso gosto de mimar minha irmã, e eu sei muito bem que você só ia comer uma saladinha. Você não gosta da comida daqui!

Mariana sorriu desfazendo a marmita, ela parecia estar com fome. Enquanto ela jantava no refeitório do hospital eu contava como tinha sido meu dia.

Clarissa: Ah! Antes que eu esqueça, está aqui o número e o endereço da ONG sobre rodas. Eu já falei com Jaqueline ela está esperando vocês fazerem uma visita.

Clarissa me deu o cartão, eu guardei na bolsa. Quando me deparei com Gael puxando uma cadeira para sentar conosco.

Gael: Olá Mariana como vai?

Mariana: Oi Gael, você também vai pegar plantão hoje?

Gael: Vou, e você o que faz aqui está tudo bem?

Mariana: Eu só vim deixar o jantar da Clarissa.

Gael olhou para Clarissa debochado, me fazendo rir.

Gael: Já tinha esquecido que nossa realeza não comia a mesma comida dos servos.

Clarissa: Eu não aguento, esse palhaço o dia inteiro no meu pé.

Rimos juntos, ficamos um pouco conversando até acabar o horário de descanso e eles tiveram que voltar pra seus trabalhos. Eu voltei para casa e resolvi ligar marcando um horário para o Heitor na ONG, estava tudo combinado agora só não sabia como ia conseguir tirar o Heitor de casa.

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