Capítulo 10

O trajeto todo era um silêncio estarrecido, Heitor ainda estava emburrado e fez o voto do silêncio, Mariana cansou de falar sobre como ele ia gostar e os benefícios que a ONG poderia trazer para sua vida. Então desistiu e resolveu colocar seus fones para ouvir uma música.

Finalmente quando chegaram, o motorista ajudou a tirar Heitor do carro. Mariana o empurrou para dentro e parou ao ver uma mulher se aproximar.

???: Olá eu me chamo Jaqueline sejam bem vindos! Você deve ser a Mariana e esse o Heitor, Dr. Clarissa me falou sobre vocês, vamos entrar vou falar um pouco sobre nossos serviços aqui e mostrar nossas oficias, tenho certeza que o Heitor vai adorar.

Heitor: Já estou adorando olha minha cara de felicidade.

Heitor falou carrancudo, fazendo Jaqueline perder o sorriso e arquear uma sobrancelha em sua direção. Minha cara ficou quente de tanta vergonha.

Mariana: Me desculpa Jaqueline o Heitor é muito sarcástico.

Jaqueline: Como eu estava falando, a ONG sobre rodas é um influente centro de referência a cadeirantes, aqui temos várias oficinas como: dança, literatura, artes, esportes e uma roda de conversa, onde a comunidade pode contar sua história, compartilhar vivências e fazer novas amizades.

Mariana: Que interessante, é um trabalho social muito lindo. Eu tenho certeza que o Heitor vai gostar não é mesmo Heitor?

Heitor revirou os olhos.

Heitor: Se você diz.

Jaqueline: Vamos vou mostrar as aulas de dança. Aqui ensinamos vários ritmos como tango, valsa, samba, salsa e até hip hop. Daqui já saiu grandes bailarinos cadeirantes que fazem sucesso não só aqui no Brasil mais em diversas partes do mundo.

Entramos em uma sala bastante animada, tinha várias pessoas dançando homens, mulheres e até crianças. Assim que nos viram o professor de dança parou a música e veio até nós.

Jaqueline: Léo, este aqui é o Heitor e essa é sua assistente Mariana, eles estão conhecendo os trabalhos que fazemos na ONG, quem sabe o Heitor pode se animar e frequentar suas aulas também.

Léo: Olha que bom, seria um prazer Heitor ter você no nosso grupo de dança. — Falou sorridente para o Heitor, e logo colocou os olhos em Mariana que estava atrás de Heitor e pegou na sua mão a trazendo para frente.— E a senhorita também, os acompanhantes podem ficar a vontade para participar.

O professor de dança acabou soltando uns passinhos e rodopio Mariana, Heitor vendo a cena revirou os olhos por achar que Marina estava gostando da atenção dada pelo professor.

Jaqueline: Léo que tal fazer uma pequena apresentação para Heitor e Mariana?

Léo: É pra já. Pessoal vamos fazer uma pequena demonstração para nossos visitantes.

Falou ligando o som, os alunos se posicionaram no salão então começou a tocar uma música animada, onde todos dançavam coreografadamente sem errar nenhum passo. Quando terminou a apresentação Jaqueline os levou para conhecer a oficina de artes.

Jaqueline: Essa é a sala de artes, daqui criamos várias oficinas, além de desenhos temos artesanatos também. É um ótimo lugar para distrair a mente e descobrir talentos.

Jaqueline mostrava algumas criações dos alunos, várias aquarelas lindíssimas e objetos feito a mão de tamanha riqueza de detalhes.

Mariana: Esse lugar é fantástico, Heitor você não acha?

Heitor: Eu me pergunto que serventia teria em um lugar como esse, se nem posso ao menos mexer as mãos.

Falou aborrecido, Jaqueline virou-se para ele rapidamente.

Jaqueline: Isso não é problema para quem tem força de vontade, aleijadinho um dos maiores artistas do barroco tinha suas limitações físicas nas quais não o impediram de esculpir belíssimas obras. Além disso, temos todo o suporte de fazer adaptações aos nossos alunos e isso não seria um problema.

O telefone de Jaqueline tocou bem no momento que Heitor ia questionar.

Jaqueline: Vocês me dão dois minutos, preciso atender já eu volto.

Mariana: O que você está achando?

Mariana encarou Heitor com animação, ele fechou a cara para ela, pois queria sustentar sua pose de insuportável. Mas estava achando interessante o trabalho da ONG só não queria ter que dar o braço a torcer. Definitivamente uma oficina que já não queria frequentar seria a de dança, pois não gostou do professor logo de cara.

Heitor: Eu não vou nem te perguntar, pelo que vi agora a pouco na sala de dança já deve está amando essa ONG.

Mariana: Você é inacreditável, agora além de pegar no meu pé vai querer pegar no pé do Léo?

Mariana riu bem humorada, estava se divertindo com a birra boba de Heitor.

Heitor: Para você já é Léo? O conheceu a dois minutos e já está chamando um desconhecido pelo nome.

Dessa vez Mariana olhou curiosa para Heitor, como muita vontade de perguntar que bicho tinha mordido ele pra ficar bravinho por causa de um desconhecido, mas Jaqueline se aproximava.

Jaqueline: Vamos lá, temos muita coisa pra vocês verem ainda. A seção de esportes, temos basquete sobre rodas, vôlei, badminton e futebol adaptado. Daqui já saiu vários atletas paraolímpicos, uma verdadeira inspiração para os demais.

Jaqueline seguiu os levando para conhecer todas as dependências da ONG, e mostrar suas oficinas, quando chegou na parte da literatura Heitor se mostrou animado.

Jaqueline: E por fim essa é a nossa sala de literatura, aqui criamos saraus, noite poética, contação de histórias e exposição de literatura troca de livros e muito mais.

Heitor: Dessa parte eu entendo, antes de sofrer o acidente eu era redator chefe da revista da família, sou formado em jornalismo, e em letras com habilitação em literatura e pós graduado na área. Já escrevi diversos artigos e alguns livros.

Heitor falava animado, parecia que finamente encontrou seu lugar, enquanto explicava um pouco sobre sua vida profissional Mariana ficava de boca aberta o escutando. Ela sabia que ele era um homem estudado, mas não imaginava que ele tinha uma imensa carreira profissional e tão pouco que era escritor, ela estava submersa escutando tudo com atenção e com muita vontade de conhecer o que mais aquele homem ocultava, tudo nele parecia tão interessante.

Jaqueline: Tenho certeza que você vai adorar as oficinas de literatura então.

Heitor: Não tenha dúvidas.

Heitor falou animado, Mariana olhou sorridente para Jaqueline parecia que tinha tirado um enorme peso das costas, ela havia conseguido um ótimo passa tempo para Heitor se distrair ao invés de ficar tramando bobagens.

Jaqueline acompanhou eles até a saída, já haviam se passado duas horas desde que eles chegaram, hoje foi só uma visita para conhecer as atividades da ONG. As oficinas ocorriam em dias alternados então Jaqueline deu um cartão com o horário de cada atividade que eram passadas por semana.

Mariana: Muito obrigada Jaqueline, a ONG é surpreendente a partir de hoje o Heitor virá sempre aqui para participar das atividades.

Jaqueline: Fico feliz que tenham gostado, amanhã terá roda de conversa, será um momento maravilhoso para Heitor se apresentar para os demais e contar um pouco sobre ele aos nossos participantes.

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