Capitulo 7

Eu não volto mais para aquela casa, falei decidida. Joguei minha bolsa no sofá e fui até a geladeira pegar um pouco de água para beber. Eu estava estressada e sobre tudo puta da vida com ele, como ele pode atentar com a própria vida? Deixei o copo na pia e fui pra sala.

Clarissa: Mari, chegou cedo hoje!

Clarissa entrou em casa sorridente. Eu cruzei os braços sobre o peito e desabafei.

Mariana: Eu pedi demissão.

Clarissa: O quê? Mas por quê? Você não passou nem uma semana lá!

Mariana: É verdade, mas como vocês disseram aquele homem é impossível. Eu não tenho estruturas físicas nem psicológicas para aturar ele.

Clarissa: É só isso? Ou você está me escondendo mais alguma coisa?

Veio até mim com as duas antenas ligadas. Clarissa mais parecia um detector de mentiras, joguei os ombros no encosto do sofá e cai pra trás derrotada.

Mariana: Ele é um maluco, um completo maluco e quer me por em suas maluquices. Eu não aceitei e ele me demitiu. Foi isso!

Clarissa: Mariana da pra parar de códigos e desembucha logo o que está acontecendo.

Respirei pesado.

Mariana: Ele quer minha ajuda pra parar com as medicações e isso seria mata-lo. Ele quer morrer e quer que eu o ajude Clari.

Clarissa abriu a boca chocada.

Clarissa: Minha nossa! Isso é muito sério, você tem que avisar alguém da família dele Mariana. E se ele tentar... Aí meu Deus eu nem quero pensar nisso. Eu como médica acho isso inadmissível, tantas pessoas lutando pela vida diariamente no hospital e esse Heitor querendo acabar com a dele.

Mariana: Eu tou com medo.

Fui abraçar Clarissa que me amparou em seus braços, e não consegui conter as lágrimas.

Mariana: Eu quero ajudá-lo mana, eu não consigo ver uma pessoa se destruindo na minha frente e ficar de mãos atadas.

Clarissa: Você não pode consertar todas as coisas do mundo querida. Eu nem sei o que te dizer nessa situação, Mari você não pode deixar a mansão dos Martins dessa forma, você tem que insistir até ele entender que isso é um erro. Mana ele tá gritando por ajuda e você pode ajudá-lo. Ou pelo menos tentar.

Mariana: Como eu posso ajudar ? Eu não sou ninguém.

Clarissa: Shiii, para você é a garota mais legal do mundo e nunca diga o contrário. Mari faz ele quer viver, tira ele da rotina, mostre que tem tantas coisas no mundo que ele precisa ver ainda, tantas histórias parecidas com a dele. Eu já sei leva ele em um grupo de apoio, tem uma ONG que presta esses serviços, da assistência e proporciona momentos para pessoas cadeirantes, essa ONG sempre está colhendo pessoas que passaram por traumas, nos sempre estamos indicando os seus serviços para nossos pacientes.

Mariana: Pode ser uma boa ideia.

Clarissa: Uma ótima ideia Mariana, o nome da ONG é "sobre rodas" o lema deles é "uma nova jornada". Vou anotar o endereço certinho, você vai ver como vai ajudar no processo de aceitação.

Mariana: Obrigada Clari eu vou tentar, o problema é ele aceitar.

Clarissa: O leve de surpresa assim ele não vai poder recusar, depois ele decide se quer continuar a frequentar.

Aquela conversa com Clarissa mais cedo foi essencial. Se antes eu queria desistir, agora eu vou ser a sombra do Heitor e vou impedir que ele faça qualquer coisa errada. Sai do banheiro mais relaxada, peguei uma roupa confortável pra vestir e fui pentear os cabelos.

Clarissa: Mariana... O Joaquim está aqui.

Clarissa gritou da sala. Eu deixei a escova na penteadeira e fui até meu lindo namorado. Joaquim estava no sofá sorrindo de alguma piada que Clarissa contou a ele.

Joaquim: Oii meu amor.

Ele levantou e me deu um selinho, me sentei ao seu lado e ele ficou fazendo carinho na minha mão. Clarissa olho pra nós e sorriu.

Clarissa: Ahh... Vocês são tão fofos juntos, e tanto açúcar que eu até posso sentir o gosto.

Mariana: Engraçadinha.

Joaquim agarrou na minha cintura e começou a dar beijinhos no meu pescoço rindo da cara da Clarissa.

Clarissa: Ok. Ok. Também não sou obrigada a ver vocês dois se pegando não é? Eu estou indo pro quarto e vou ficar com os fones de ouvido.

Clari começou a rir me deixando ruborizada.

Mariana: Clarissa, para!

Clarissa: Até parece que eu não sei haha.

E saiu rindo.

Joaquim: Amor, que cheirosa.

Mordi os lábios quando Joaquim mordeu minha orelha.

Mariana: Ah... Isso é bom.

Ri.

Joaquim: Ah é? E isso também é bom?

Ele me deitou no sofá e ficou em cima de mim passando a língua na curva do meu pescoço.

Mariana: Muito bom!

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Heitor estava muito irritado com a Mariana por dois motivos, o primeiro por ela ter recusado a sua proposta, e o segundo por ela ter a audácia de aparecer na sua casa mesmo ele tendo a demitido na noite anterior. Havia deixado claro que não a queria mais por perto e como teimosa que era não o deu ouvidos e aí estava ela novamente pronta para irrita-lo com sua presença indesejável.

Mariana: Bom dia, senhor Heitor?

Heitor: Péssimo dia babá ou posso te chamar de traíra? O que faz aqui?

Mariana: Vim trabalhar!

Ela o encarou desafiadora.

Heitor: Ah é mesmo? Que audácia babá, eu já te demiti você não entende o significado de demissão?

Mariana: É claro que eu sei o significado de demissão senhor, porém a dona Teodora não me procurou pra tratamos da mesma, então até o momento ainda eu estou contratada.

Mariana deu um sorrisinho o encarando, Heitor que não gostou nada disso bufou.

Heitor: Hoje você está com a língua afiada babá.

Mariana: Ah... E antes que eu esqueça o senhor vai desistir dessa maluquice de jogar remédio fora, ou eu vou ser obrigada a contar para sua mãe.

Heitor: Babá? O patrão aqui sou eu. Então sou eu que dou as ordens. E se eu fosse você cuidava disfarçar esse chupão no seu pescoço, isso dá um tesão Mariana.

Mariana ficou o encarando estática nunca tinha ouvido ele falar seu nome, e a primeira foi pra dizer algo constrangedor. Ela rapidamente levou a mão ao pescoço e começou a corar imediatamente. Ele deu um sorrisinho, gostava daquilo de desestabilizar as pessoas.

Rafael entrou para fazer sua higiene pessoal, Mariana deixou os dois a sós. Heitor estava com um sorriso crescente no rosto, pois conseguiu de alguma forma desarmar a Mariana e tirar aquela petulância que ela tinha. Estava certo que mais algumas dessas alfinetadas a deixaria mortificada e quem sabe não voltaria mais tão cedo á lhe atazanar, com sorte ela mesmo pediria sua própria demissão.

Rafael: Me parece que andou aprontando Heitor, o que você fez dessa vez para pobre da moça?

Heitor: Rafael o que poderia fazer se sou indefeso?

Rafael: Ela parece ser uma boa moça, muito esperta e focada aprende muito rápido, ela me pediu para tomar de conta do seu medicamento, porém achei muito cedo pra essa responsabilidade.

Heitor ergueu a sobrancelha e perguntou num sorriso gozador.

Heitor: Pediu foi?

Rafael: Sim, só não entendi porque voltou atrás e falou que não queria mais essa responsabilidade e soltou que o senhor é pior que criança pra fazer birra.

Heitor gargalhou, não sabia ao certo o porque mais gargalhou outra vez, Rafael franziu o cenho ao ver seu patrão tão feliz e quis perguntar o motivo, porém já imaginava.

Rafael: E essa felicidade toda é porque gosta de irritar a Mariana ou gosta da companhia dela?

Heitor: Ela me diverte sim, não porque gosto da companhia dela, mas porque achei um ótimo passa tempo uma figurinha nova pra mim poder infernizar.

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