Impulso

Dia seguinte

Mia observava, da escada da casa de Bianca, Louis treinar com Gim variadas artes marciais.

— Caveira, tudo bem ele treinar desse jeito depois de ontem?

— Ele é de borracha, então tudo bem. — Respondeu o mais velho, que atuava como enfermeiro, sentando em alguns degraus mais abaixo.

— E os machucados que ele tem?

— São apenas cortes por causa das armas dos oponentes, daqui a pouco cicatriza.

— Então tá.

— Quando Jung e Ravi vão voltar? Queria um pão agora. — Disse entristecido.

— Mas eles saíram hoje!

— A comida de Ravi é insubstituível!

A ruiva sorriu.

— Tem razão, mas eles vão voltar só semana que vem da rota XY... Então vamos esperar pacientemente e torcer pra que tudo dê certo.

— Sim.

— Pãezinhos frescos! — Disse Bianca surgindo carregando uma bandeja.

Todos se aproximaram dela para lancharem.

Bianca estava animada, hoje estava completando 4 anos de namoro e um de noivado e Gim planejava levá-la num jantar.

Já Lucca estava fora com Kiara comemorando o aniversário do pai da jovem.

— O que vão fazer hoje a noite? — Perguntou Mia aos que sobraram. — Eu vou visitar a minha irmã.

— Cinema? — Comentou Caveira.

(...)

Tavares havia acabado de sair do banho, secava o cabelo quando a companhia tocou.

Ajeitou o cabelo olhando no espelho e pendurou a toalha na porta, só depois seguiu em direção a porta de entrada, onde a campainha já havia tocado mais quatro vezes.

Quando abriu observou pasmo o carro arrancar e sair, como se apenas esperasse que ele atendesse.

Por fim encarou a pessoa a sua frente.

— Você ontem pareceu querer falar comigo, o que era?

Tom suspirou.

— Não era nada. — Apesar disso, ele hesitou em fechar a porta.

— Mas eu dei uma folga pro meu bando e eu não vou ficar sozinho.

Tom o encarou, o menor estufava as bochechas e olhava bem nos seus olhos.

— Entra. — Disse Tom, ao facilmente se render. — Prometi ao seu irmão que cuidaria de você.

— Hihihi mas ele disse que você não ficou feliz.

— Eu não fiquei bravo.

Louis de repente o abraçou surpreendo o mais velho.

— Valeu. — Disse, só após mais alguns segundos, desgrudou e passou pelo maior.

— Tem bolo na geladeira. — Gritou.

Antes de entrar novamente em casa procurou ver se tinha alguém na rua os observando. Porém já estava de noite, mesmo se tivesse alguma pessoa, ele não veria.

Tavares foi até cozinha apenas para ver o menor.

— Esse. Bolo. Tá. Muito. Bom. — Disse animado.

— O Biel que fez.

— Delicioso!.

— É impressionante ver que você está bem melhor. — Disse o mais velho, ao observar que as marcas da lutas já eram quase imperceptíveis.

— Claro, eu sou. Forte. — Disse enquanto ainda comia. — E eu tive o cuidado dos dois melhores médicos do mundo. — Completou.

Tom era convencido o suficiente para não achar a frase de Louis um exagero.

— Aproveite, é por tempo limitado.

Louis concordou com a cabeça e continuou a comer.

— Ainda bem que você estava em casa, todos tinham algo pra fazer, menos eu.. — Disse Louis surgindo na sala logo sentando no sofá próximo ao Tavares.

— Eu não curto sair muito. — Tom diminuiu levemente o volume da Tv.

— Mas é bom sair, se não talvez a gente nem tivesse se conhecido. — Ponderou.

— Ah, digo isso agora, naquela época eu era mais...

— Vida louca?

— Talvez, mas você é mais...

— Sou? Como sabe? — O menor sorriu de canto. — Vai me dizer que planeja essa aliança desde daquela época? — Disse surpreso.

Tom se sentiu levemente ofendido.

— Eu só tinha uma leve curiosidade, por causa do seu sobrenome K., ele é igual ao meu.

— Tá me dizendo que foi por isso que me salvou?! Achou que a gente era parente? — Disse surpreso.

Tom riu.

— Não me entenda errado, Só achei curioso o fato de alguns de nós terem o mesmo sobrenome que o primeiro Rei. — Tom deu uma leve pausa. — E você era um pirralho de 17 anos líder de um bando que cometeu diversos crimes. Você matou um general do exército sem se importar com a retaliação. Vi que você era muito confiante, no fim eu só achei que era cedo demais pra você morrer.

— Ah, então a aliança...? — Louis o observava curioso.

— Eu queria me aproveitar da sua loucura, sua capacidade de fazer qualquer coisa acontecer. Enfim muita coisa mudou pra mim depois que te conheci

— Hihi, mudou pra mim também. — Disse sorridente.

Só então Tom percebeu que havia dito muita coisa sem nem ao menos pensar, era uma mania insistente de falar muito quando se tratava de explicar algo.

— Aliás, eu posso passar a noite aqui? — Perguntou o menor logo depois.

— Bom, você já está aqui. — O médico não estava surpreso, parecia obvio o tempo todo.

— Ah e me dá seu número também.

—...

— Ah qual é Tav, e se eu chegasse aqui e você não estivesse em casa? Assim eu posso perguntar antes.

— Não é que eu não quero te dar, eu só não sei decorado. Troquei recentemente.

— Ata. — Disse o menor que de repente se deitou apoiando a cabeça na perna de Tavares

O maior desistiu de comentar, apenas pegou seu celular para poder dizer qual era o seu contato.

(...)

Trafalgar se preparava mentalmente num esforço para não se sentir incomodado com o já esperado; "Eu vou dormir com você".

— Boa noite. — Diz de uma vez ao apagar a luz.

— Boa noite Tav. — Disse o menor ao se deitar bem próximo do médico.

Apesar do normal o jovem Pontes não dormiu imediatamente, havia um raio de luz que escapava pela fresta da cortina que mesmo escuro permitia que Louis percebesse o maior olhando fixamente para o teto.

— Porque está encarando o teto? — Perguntou.

— Ah, é um hábito. — Respondeu simplista.

— Hm...Entendi. — O menor se virou pra ele, e se aproximou.

— O que foi o Leoninho? — Diz Tavares incomodado ao se sentir observado por tempo demais.

— É que você é bonito.

— O qu...? Para com isso! — Afirmou o mais velho num mínimo desespero.

— É só o que eu acho. — Diz Louis, que por impulso levantou a parte superior do seu corpo ficando bem próximo ao Tom. Muito perto. Pensou Tavares extasiado ao observar os olhos puros, porém desejosos, do mais novo que a centímetros se encontrava perto de seu rosto.

Levemente irritado Tom se ergueu de repente, rápido, sela seus lábios ao invadir de forma respeitosa a boca do Leonino.

Louis correspondeu apesar de surpreso. Seus lábios se tocavam e sua línguas se acariciavam num harmonioso e calmo beijo de dois novatos nesse tipo de amor, não era loucura dizer que aquele beijo era romântico. Mas então um sentimento rapidamente cresceu, como uma leve explosão que fez, enquanto ainda se beijavam, Tavares se erguer, segurando a nunca do menor o puxando para o seu colo, Louis atendeu o pedido estimulado pela pegada do mais velho.

Não era mais um beijo romântico.

Não é ruim.

Eles se separaram e se olharam brevemente apenas para confirmarem pra si próprios que aquilo estava de fato acontecendo por um tempo exato de dois segundos.

Tavares pela primeira vez estava desejando que um homem lhe beijasse. Pois a princípio não ficará em paz desde da encenação ridícula do beijo entre eles naquela tarde do roubo, ao longo dos dias, pouco a pouco foi tomado pela curiosidade, Louis esbanjava uma inocência curiosa, que agora Tom tinha certeza, não era inocência coisa nenhuma!

Desejoso Tom puxa mais o corpo de Louis para si e ele lhe retribui num beijo mais envolvente com sentimentos confusos, Tavares segurava carinhosamente na cintura do menor, enquanto o Leonino tinha suas mãos no rosto do médico, estalos e suspiros atraentes escapavam dos seus beijos e isso os excitava ainda mais acompanhados pelo silêncio ensurdecedor de fundo.

Só mais um pouco.

O jovem Pontes apenas se deixava levar, nunca havia beijado um homem antes, assim como também era novidade está numa posição diferente da qual ele costumava ficar quando se relacionava com uma mulher. E nada estava sendo ruim.

Ele já havia percebido que para o moreno era mais honroso que se beijassem de fato, do que permanecer como verdade de que foi uma encenação sendo que câmera alguma seria capaz de provar tal álibi.

— Desculpa... Foi impulso — Diz o jovem médico, quando novamente pela falta de ar se separam, ambos ainda na mesma posição.

Louis apoia suas mãos no ombro do mais velho.

— Sim, e-eu também... — Ofegantes admiravam de perto o rosto um do outro, sentido seus corpos aquecidos sob o desejo intenso.

Os cérebros dos dois voltava a funcionar e borbulhava, um estava incrédulo e o outro animado.

— Tandandandam dan tim, tadandandam dan tim🎶

O olhar de frustração foi refletido em ambos. O celular de Louis estava tocando. Este mesmo se levantou de cima de Tom e sentou ao seu lado, insatisfeito, pegou seu celular que estava em seu bolso.

— Fala.

“Filho! Como está?”

— Má hora pai, mas estou bem.

“Ah que bom... Como assim ‘Má hora’? O fuso? Ah o fuso! Esqueci o fuso horário é diferente. Tá onde garoto?”

O menor olhou de relance para o Tom.

— Na casa do Tav.

— O quê?! Imbecil! Não diga meu nome. — Sussurrou indignado. Porém só recebia um sorriso do menor.

“Ah sim, fiquei sabendo da aliança de vocês. Boa sorte aí filho. Ligo mais tarde.”

— Obrigado pai, e diz ao Saymon que eu mandei um abraço.

“Claro, divirta-se.”

Louis desliga o celular e logo inclina para ficar mais perto ao rosto do médico.

— Por que você falou pro Sr. Ativista que estava na minha casa? — Disse Tavares nervoso.

— Eu não vou mentir pro meu pai. — Respondeu o menor ainda corado.

— Se ele entender errado!? —Afirmou Tom, que sentia seu rosto esquentar.

— E o que ele entenderia errado? — O confrontou com um sorriso inocente.

Pontes colocou o celular no chão, aproveitou que o médico ainda estava sentado e apoiou a sua cabeça perto da clavícula do outro.

Perto do mais velho, ele se sentia pequeno, mas não era uma sensação ruim.

— O... Leoninho... — Disse o mais velho envergonhado por saber que Louis ouvia a suas palpitações. — O que você tá fazendo?

— Eu quero dormir com você. — Disse o menor.

Dormir normal, não é? Foi isso que ele disse?

Tom paralisou, se viu obrigado a dizer algo.

— Então me deixe deitar. — Respondeu.

Louis então deixou de se apoiar e logo os dois estavam deitados, dormiram bem mais juntos se sentido estranhamente confortáveis.

Quando o amanhecer iluminou o quarto dos morenos, Tom foi o primeiro a acordar observou o menor sob si, logo se levantou, sem um pingo de cuidado, sabia que o garoto não acordaria assim tão fácil.

As lembranças da noite ainda eram claras, mas decidiu que não pensaria e não falaria mais nisso. Tinha certeza que os dois iriam ignorar tal acontecimento.

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