— É aqui onde você mora? — Pergunta Louis ao ver uma casa grande e bonita com um jardim sem graça.
— Sim. — Disse ao abrir a porta da casa.
— Você mora sozinho neh?
— Moro.
— Legal… — Disse observando a sala.
Tavares sorriu de canto.
— Você ainda tá com fome não é? — O mais velho nem esperou resposta. — Não encoste em nada, mas pode ficar no sofá. Já volto. — Seguiu em direção a cozinha deixando o menor andando pela sala.
Ele sabia que Louis não comia pouco, pegou tudo que tinha guardado na geladeira e pós no micro-ondas.
— O Leoninho. — Chamou e o menor correu em sua direção. — Pode comer. Eu vou aproveitar e tomar um banho, quando terminar vá se banhar também, fica a direita na última porta do andar de cima, depois eu te dou uma roupa.
— Entendi... Valeu pela comida Tav! — O menor avança na comida, sendo acompanhado pelo olhar incrédulo do maior por tamanha rapidez. Alguns segundos depois sobe para o segundo andar.
(…)
" — Louis me disse que te viu no leilão. — Disse se apoiando o queixo na própria mão, desviando o olhar para janela, mas logo voltando aos olhos claros do outro, num sorriso de canto.
— Não tenho tempo para fique mudando o assunto.
— Eu não estou mudando. — Moveu os gelos em seu copo, antes de beber o último gole. E isso fez Tavares abaixar a mão em pura curiosidade.
— O que quer dizer? — Disse afastando os braços.
— Que vim aqui por mim e por Merlin te agradecer, obrigado por ter salvo a vida do meu irmãozinho dois anos atrás. Estamos em dívida com você.
— Não se preocupe, não fiz isso para que vocês ficassem me devendo, fiz apenas porquê quis.
— Ainda assim estamos agradecidos, "Tav", não é assim que ele te chama?
— Tsc, não concordei com isso.
— O fato é, meu irmãozinho vive se metendo em confusão e arrastando seu bando junto, geralmente a gente oferece cobertura, mas essa é a primeira vez em que eu e o pai vamos sair por tanto tempo, gostaria que você vigiasse o Louis. — Disse ao segurar na aba da sua cartola.
— Cuidar dele? — Tavares se inclinou novamente para trás.
— Tipo isso.
— O Segundo, isso era pra ser algum tipo de negociação?
— Não, estou apenas lhe pedindo como amigo. Eu até tenho um pedido sim, mas a parte de negociações ficam pro meu irmão.— Tom olhou pra janela. Talvez Saymon só estivesse brincando. Pensou. — Então, o que me diz? É como fez da última vez. Mas se você quiser fazer mais do que isso não é problema para mim.
— Fale o que quiser eu não vou ficar de babá.
“Fazer mais do que isso”?
— Se ele tropeçar na sua frente e se machucar, ao menos diga para ele ir no hospital. — Disse ao se levantar. — Mas já que você é médico poderia cuidar dele você mesmo. — Deu de ombros.
— Não vale meu esforço. — Tavares o encarou ainda sentando.
— Eu sei que fará se você quiser, além disso tenho certeza que faria, mesmo sem eu precisar pedir. Bom, aproveite essa oportunidade e coloquem o papo em dia. — O loiro segurou a ponta do chapéu e o cumprimentou com um aceno de cabeça por respeito e se virou para sair, abriu a porta e olhou novamente para o outro — Tanto porque... Louis fala muito bem de você. — E saiu andando.
Quem ele pensa que é?"
Enquanto sentia a água escorrer pelo seu corpo. Tavares Tom questionava a si mesmo as decisões que tomara.
Tom não estava ajudado Louis porque Saymon pediu.
Se eu não estou ajudando o Leoninho porque o Segundo pediu, por que então?
Poderia muito bem deixar seu rival perdido e ser pego pela polícia, mas com fome? Não, ele não poderia deixar o menor com fome, isso violaria seu princípio como médico.
Ao sair do banho seguiu até seu quarto.
— Sua cama é tão macia! Da vontade de pular.
Com os olhos arregalados Tom viu o menor esparramado na sua cama, porém pronto para se levantar e executar o plano de pular.
— Não faça isso imbecil!
— Ahhh qual o problema? — Insatisfeito sentou na cama.
— O que você faz aqui? — Sem responder direcionou outra pergunta.
— Terminei de comer e subi para tomar banho, mas você ainda não tinha saído.
— E isso te deu o direito de entrar no meu quarto?
Louis não respondeu, apenas deitou e começou rolar de um lado ao outro.
Sério que esse cara é chefe de uma gangue tão poderosa quanto a minha, já derrotou dois generais, dominou um dos bairros antes mais perigosos da capital e a transformou num lugar pacífico, invadiu a delegacia e a prisão de segurança máxima e libertou milhares de presos?
Se perguntou, enquanto seguia para seu guarda-roupa.
Na verdade ele é o único louco o suficiente para fazer isso.
Afirmou em pensamento.
Inconscientemente Tom esboçou um sorriso.
Procurando uma blusa para colocar o jovem médico pega a toalha e seca o cabelo o deixando todo bagunçado, fazendo Louis sorrir, pois este o observava dos pés à cabeça hipnotizado pelas tatuagens que o maior tinha sobre o peito, costas, ombros, pescoço, braços e mãos.
— O Leoninho... — Diz o médico ao enfim perceber os olhos negros direcionados a si.
— O-o quê? — Diz o menor acordando do transe.
— Pegue. — Logo jogou uma toalha e um par de roupa, um short cinza e uma blusa preto e amarela, num estilo Tom é claro, porém em respeito a posição do outro deu roupas que não possuíam a seu emblema como o de costume. — Você pode ficar no quarto ao lado.
— Ah, valeu. — Louis se levantou. — Posso deixar meu chapéu aqui? — Diz o menor indo em direção a uma cômoda cujo o chapéu do Tom também estava.
— Ah... Claro. — Respondeu Tavares enquanto arrumava levemente o cabelo.
O jovem chefe sorriu e saiu em direção ao banheiro. Após isso Tom se aproximou da cômoda e observou o chapéu do menor, e isso lhe lembrou da primeira vez que viu esse Fedora preto dois anos atrás.
Ainda era cedo, tedioso, Tavares desceu e ligou a tv, viu as últimas notícias inclusive os detalhes do roubo do chapéu de palha. Só assim lembrou que o mesmo estava em sua casa e uma sensação diferente o invadiu, ainda mais quando esse senta ao seu lado no sofá.
— Ah! Eu apareci no jornal? Que maneiro! — Diz animado, porém toma o controle da mão de Tom que ficou segurando o ar e troca de canal. — Odeio ficar sozinho. Ainda bem que você me achou. — Murmurou o menor, alto o suficiente para Tavares ouvir claramente.
— Como assim? — Olhou para o menor enquanto seus olhos refletiam as imagens da Tv.
— Eu não gosto de ficar sozinho. Ia demorar até o pessoal me achar...
— O seu bando? — Sussurrou pensativo.
— Sim, eles são gentis e tão sempre em cima de mim. Mas hoje eu me perdi. — Respondeu sorrindo.
— Ah, então ainda bem que você se perdeu.
— Quê? Por quê?
— Assim você dar uma folga pra eles, poderia fazer isso de vez em quando.
— Você acha?
— Acho.
— Tá bom, então cuide bem de mim.
— Não foi isso que eu quis dizer.
— Por que não? Eu nem dou trabalho!
— Conta outra, o baixinho.
Louis fez um leve bico, em seguida sacudiu a cabeça.
— Lembra que eu precisava falar com você?
— Sim.
— Meu pai precisa da ajuda de alguns dos seus médicos. — Disse balançando sua cabeça de um lado pra outro.
— Tudo bem, eu tenho uma carga para levar pela rota XY, se você mandar um dos seus melhores lutadores para proteger, ficamos quites.
— Fechado. — Louis se aproximou e estendeu a mão, sendo logo correspondida pelo aperto da mão de Tom.
Pontes sorriu animado e em seguida o encarou descaradamente como se tentasse ver Tom em detalhes.
— O que foi? — Perguntou confuso, pois Louis ainda não havia soltado a sua mão. O menor de repente puxou seu braço para o ver mais de perto.
— Sabia que suas leves olheiras deixam você mais sexy? Você é bem bonito.
Tais palavras foram pronunciadas por um garoto sorridente. Enquanto Tavares quase injetou em si mesmo uma dose de sedativo.
— Qua-qual o seu problema o Louis Leonino! Não se fala essas coisas do nada!
— E qual o problema? Só falei a verdade. — Louis cruzava os braços e fazia bico.
Tom deu um longo suspiro diante da reação infantil do outro.
— Você também é... Muito bonito, ainda mais naquela festa. — A falsa cara feia do Pontes se derreteu num sorriso.
— Hihihi, então você estava de olho de mim não é? — Disse o garoto se aproximando consideravelmente do rosto de Tom.
O maior não sabia se era inocência ou tentativa de sedução. Optou pela inocência. Pensou em negar, mas era a mais pura verdade, Tom o observava desde quando o menor havia chegado naquela festa. Quando ele dançou com Bianca e Mia e quando ele foi ao bar, nesse momento pensou até em se aproximar, mas Stela chegou, então desistiu de ir conversar com o Leonino, afinal ele e a Princesa Serpente não se dão bem por ciúmes que a mulher sente em relação ao Louis e ele, decidiu ir embora mas por acaso acabou trombando com o próprio.
— E você não?
— Hihihi.
Louis se afastou e sem responder, olhou novamente para a Tv, passava um filme de guerra e o jovem chefe estava fascinado pelas cenas de luta.
Era curioso para o médico observar que o garoto sorria como sempre, não havia sequer vestígios do que presenciou há mais de dois anos.
De forma precisa, dois anos e oito meses atrás.
(...)
Tom K. Tavares era muito mais debochado quando ouviu pela primeira vez o nome Louis K. Pontes. Também novato e líder dos Leoninos, era um garoto que arranjava confusão na região Oeste. Vez ou outra aparecia na Tv, muito pouco comparado a frequência com a qual o jovem aparecia no, digamos, canal de notícias privado para criminosos, mas ainda assim não lhe dava nem metade da informação que queria.
O Leonino era realmente tão maluco? Tudo isso era verdade? Provavelmente não. Por isso esperava o momento em que o conhecesse.
E o momento veio.
Continua...
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Atualizado até capítulo 29
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