Eles saíram da loja olhando para todos os lados.
Tom caminha guiando o menor que rapidamente se mostrou não saber onde estava.
— Não tô vendo ninguém Tav. — Disse ao pararem perto de uma cruzada.
—Certo, tome minha blusa. — Disse entregando o seu cardigã, que havia acabado de retirar. Ele ajudou o menor a colocar e ainda levantou o capuz. — Assim fica mais difícil reconhecer pelo rosto.
— Entendi, mas eu podia colocar sozinho. — Murmurou.
— Você tem alguma... Espera! — Tavares logo percebe os policias vindo pela esquina.
— Ele está usando uma camisa azul e short preto! Procurem!
— Tsc. — Tom se irritou, ele não podia tirar seus óculos e chapéu e dar ao Leonino, não havia um lugar seguro, a não ser num canto entre a parede e uma escada, mas era visível demais para se esconder...
— Tav!?
O garoto sentiu-se arrepiar com a ação brusca de Tom que o puxou até a escada e o jogou no canto da mesma, Tavares se aproxima unindo seus corpos, encostando suas testas ao se inclinar levemente. Louis o olhava assustado. Ia reagir, se não fosse pelo sussurro do médico.
— Se quiser se safar, fique quieto e feche os olhos até a polícia ir embora.
Apesar de confuso, o obedeceu. Tom olhou para os lados examinando o local e depois suavemente colocou suas mãos na face de pele macia do menor, cuidando para que tapasse o máximo de ambos os rostos
— Você vai me beijar?! — Se surpreende o menor abrindo os olhos.
— É só pra parecer que é um beijo, isso não vai acontecer de verdade.
— Um beijo de filme?
— Não, não vamos nos beijar! Só faz o que eu te mandei. — A falta de paciência do mais velho fez o garoto rir e isso fez Tom corar.
Antes que pudesse comentar algo, o Leonino fechou os olhos, pois a polícia já estava na mesma rua, deixando o médico sem reação a não ser encostar seus narizes esperando que os policiais saíssem.
Foram segundos intermináveis e insuportáveis. Tom já pensava que era mais fácil e digno beija-lo de uma vez, do que ficar todo esse tempo apenas fingindo, fechou brevemente os olhos se arrependendo profundamente.
— Rápido! Procurem em cada rua e beco! Não podemos perder o Leonino! — Os policias correm na direção da outra rua, não reparando no “casal” ali.
Quando apenas o barulho dos carros que passavam eram ouvidos. Tom abriu seus olhos e se surpreendeu pelo olhar calmo e penetrante do moreno uns 20 cm mais baixo que si, diferente de seu olhar, seu corpo se mostrava visivelmente desconfortável e nervoso. Tavares não estava diferente e por dentro queria se socar, jurou para si mesmo que nunca mais faria àquilo novamente, era vergonhoso, principalmente por não ter existindo de fato um beijo. E precisava ser assim toda vez com ele?
O médico se afasta num instante.
— Como isso deu certo? — Perguntou o menor curioso.
— Parece que eu tenho que explicar tudo. — O médico disse impaciente ao começar a andar.
— Tem!
— A maioria das pessoas evitam ficar olhando um casal “apaixonado” — Disse fazendo aspas com as mãos no ar — Mostrando afeto, ou seja, se beijando. O que eu fiz foi engana-los fazendo parecer que éramos apenas um casal numa tarde de um bairro calmo.
— Ah... — Disse Louis. — Obrigado de novo.
Tavares tentava se manter calmo e equilibrado, mas estava nervoso e tonto.
— Ei, Tav! Tudo bem? Pra onde a gente tá indo?
Tom respirou, tinha que se recompor, não era como se o outro tivesse notado isso.
— Pro meu carro.
— Hm…
— E o meu nome é Tavares!
— É um nome bonito, mas eu gostei de Tav. Você não gosta?
—.... Vamos logo.
O garoto ficou insatisfeito por não ter respostas, mas sem insistir o seguiu pelo quarteirão.
— Vai demorar muito pra poder comer? — Perguntou quando o maior parou de andar.
— Mas você realmente não tem noção de perigo, o Leoninho, só entra nesse carro, que ai eu te dou!
— Parece até um sequestro. “Se você entrar eu te dou o que você quer”. — Disse o menor com voz mais grave, e em seguida riu. Enquanto Tom pegava a chave e abria a porta do carro.
— É você que tá me sequestrando pra essa bagunça! — Disse mais calmo, ao entrarem no carro. Logo Louis entra também.
— Toma. — Disse dando os bolinhas ao menor. — Use minhas armas se necessário, se eles nos descobrirem aponte uma das armas pra mim.
— Ahum! — Foi o que ele pode dizer com as bolinhas de queijo já na boca.
Tom ligou o carro e seguiu para saída do bairro, logo viu o que já imaginava uma bancada feita pela polícia.
— Leoninho… Apenas continue comendo.
Tom seguiu normal pela rua. Os policias o observavam com atenção, mas não os reconheceram. E assim Tom Tavares e Louis Pontes conseguiu sair sem problemas.
Esses policiais desprovidos de inteligência me impressionam.
No sinal vermelho, o mais velho apoiou a cabeça no volante, atormentado.
— Tav? Que foi, tá passando mal? Ei, você é o médico aqui! — O menor se desesperou.
O mais velho levantou a mão para que Louis parasse de falar.
Agora que estavam sozinhos e não tinha mais a adrenalina de ser perseguido, o falso beijo tomou novamente sua cabeça. Precisou de alguns segundos para se recuperar e apagar aquilo da sua mente.
— Você aca… — A fala de Tom vou interrompida pela bolinha de queijo e presunto que foi colocado na sua boca. — Por que fez isso? — Perguntou surpreso após terminar de comer.
— Não reclama não, eu nem ia dar. — Disse o menor. — Mas agora você tá melhor?
— Eu não tava… É… obrigado. — Desistiu de discutir. — Você acabou de roubar um banco? — Perguntou ao começar a dirigir novamente.
— Ah, sim, no fim acabei me perdendo, hihi.
— E o dinheiro?
— Tá com meu bando. Deu tudo certo.
— Certo? E se você tivesse sido pego pela polícia?
— Eu encontrei com você ora.
— E seu bando?
— Eles estão bem.
Tom olhou duvidoso para o Leonino que sorria ao seu lado no banco.
— Valeu Tav, ah e muito obrigado por ter salvo minha vida naquela vez, quando precisar… — Disse ao sorrir para o rival.
— Não leve como dívida, fiz por capricho tanto aquela vez como agora, somos ambos chefes de facções, não se deve dever a vida a seu inimigo.
— Hihihi, tem razão, se você quer se tornar o Rei, seremos inimigos na luta para ser um Bispo. Stela disse que daqui a pouco vai abrir o torneio.
— Hm...
Stela?
— A Stella é uma grande amiga minha.
O médico se viu surpreso, era como se o menor tivesse lido seu pensamento.
— Mas ela claramente sente algo a mais por você. — Comentou já não escondendo que estava curioso.
— Sim, ela quer se casar comigo. — Respondeu sem desviar o olhar da estrada.
O mais velho engoliu em seco. A mulher mais bonita que ele já conheceu, era apaixonada por um garoto 17 anos mais novo que ela.
— Então por que...
— Eu não sinto o mesmo. E só que... eu deveria sentir neh? — Respondeu.
Tom entendeu que Louis tratava o amor de forma pura e séria, dinheiro e poder não estava envolvido.
— Acho que entendo porque ela gosta de você.
— Entende?
— Enfim, onde eu deixo você? — Pergunta o médico.
— Minha base fica ao oeste.
— Certo… — Tavares olhou a hora e em seguida olhou par o céu, estava escurecendo. — Então vamos a minha casa, é bem mais perto, já está de noite e não quero...
— Tá bom — Disse o Leonino sem esperar que Tom terminasse de falar.
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Atualizado até capítulo 29
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