A Providência Drástica

Um copo foi atirando contra a parede clara, o vidro se estraçalhou quando bateu na parede branca, caindo em seguida no chão. O rapaz limpou as lagrimas se sentando no outro lado da sala. Continuou a chorar, chorava durante todo minuto, os que passavam, os que ficavam e os que ainda passariam. Encarou a parede suja de vinho e suspirou.

- Não Hyo, você não vai fazer nada disso! Você vai acabar com ele, assim como ele acabou com você, do mesmo jeito - Tentou respirar, mas ficava difícil, cada pensamento era um tipo diferente de dor, mesmo que seu primeiro encontro com Henry na festa tivesse sido uma merda, sabia que aquilo não tinha sido o fim. Outro copo foi atirado contra a parede

- Porque não me quis? O que eu tenho de ruim? Eu só queria te dar meu amor... Eu nunca tive ninguém para dar amor, nunca tive ninguém para me amar... - Mesmo que não quisesse chorar tanto, Hyo estava sozinho, assim como sempre esteve, sozinho!

Queria dar seu amor, tirá-lo pelo menos um pouco de seu peito, mas ele também queria receber amor, talvez fosse o único sentimento que ele nunca experimentou. Lentamente, deitou a cabeça no chão, encarando o outro lado vazio do apartamento, suspirou e suspirou de novo.

- Deus, porque me deixou passar por tanto? Poque não me tirou daqui antes de eu virar um monstro? - Perguntou - Me tira daqui - Billie abriu a porta do quarto, vendo o rapaz deitado ali, mesmo que ele achasse que não, mas Billie escutava todas aquelas crises, caminhou mancando até o rapaz, por conta da briga que uma vez, teve com os policiais. Se sentou ao lado do rapaz, colocando a cabeça do mesmo em sua perna, mexendo nos fios loiros

- Deus não te deixou passar por tanto, ele te deu o livre arbítrio... - Sorriu fraco encarando a mancha de vinho na parede, secar - A gente escolhe nosso caminho, nós somos os nossos próprios demônios - Hyo suspirou, sentando-se ao lado do garoto

- Porque não me apaixonei por você? - Billie riu, desviando o olhar de Hyo - Não deu, Leo sempre foi mais rápido, mais bonito, inteligente - Virou-se para Hyo - Interessante... - Suspirou

- Isso não significa que você seja o oposto dele... - Os dois se olharam alguns minutos. Billie se aproximou do rapaz que encostou a cabeça na parede

- Você não precisa fazer isso! - Billie continuou a se aproximar, fazendo o outro respirar um pouco mais forte

- Eu não preciso, mas eu quero! - Um beijo começou ali, e mesmo que fosse só mais um beijo, seria lembrado por Hyo, o primeiro que se importou, que parou para ouvir e entendê-lo, mesmo que pela metade. Puxou o corpo do mais novo para si, fazendo Billie subir em cima de si. Tirou os cabelos do menino dos olhos, vendo os mesmos se abrirem devagar.

- Não queria ter te colocado nessa situação – Billie sorriu – Agora eles estão atrás de você, e se eles te machucarem, eu nunca vou me perdoar! – Billie negou

- Eu estou seguro aqui, ninguém agora vai me procurar aqui Hyo, não se preocupe... – Ele pausou – Mas eu preciso que você se cuide ok? – Hyo assentiu abraçando o menor

Talvez ele tivesse que parar..., mas não antes de matar o seu alvo!

...

Sabrina pegou todos os prontuários onde estavam as informações obtidas no caso de Henry e colocou dentro da bolsa. Se lembrou da ameaça do delegado e pensou: O que ele quis dizer com tomar providencias drásticas?

- Será que... – Parou analisando aquela pulga atrás da orelha – Não, não pode ser... – Se assustou quando Ulices falou

- Falando sozinha Sabrina? – Ela se virou e suspirou

- Precisamos sair daqui. – Puxou Ulices para fora, até chegarem na rua

- O que aconteceu? Porque me trouxe pra fora assim? – Sabrina olhou para os lados e suspirou

- Ulices, eu acho que o Felipe tem algo haver com a morte do Henry – O rapaz franziu o cenho, negando

- Sabrina, calma, você está levando as coisas para um lado sem volta, isso pode custar o seu trabalho e a sua carreira – Ela negou meio desnorteada, começou a caminhar e foi seguida por Ulices

- Eu falei para ele, que eu precisava que o caso fosse reaberto porque tínhamos novas fontes – Parou na cafeteria abrindo a porta, sendo ainda seguida por Ulices. – Ele me negou! – Suspirou e se sentou em um dos bancos

- Por favor, dois cappuccinos – Ulices pediu e voltou a sua atenção para a garota – Sabrina, você sabia que isso ia acontecer, que ele iria se negar a reabrir algo que custou muito ao FBI. – Sabrina assentiu, mas prosseguiu.

- Porém, ele me ameaçou, disse que iria tomar providencias drásticas se eu voltasse com o caso... Eu senti Ulices, eu não estou maluca! – A garçonete colocou os dois cappuccinos em frente ao casal, que apenas se olhava.

- Ok Bina, considerando que você esteja certa, qual seria o envolvimento do Felipe em toda essa situação? – Sabrina negou, suspirando em seguida.

- Eu não sei Ulices, mas alguma coisa está acontecendo e eu vou descobrir – Ela pausou bebericando o seu café – Eu tenho que descobrir

...

UM MÊS DEPOIS

Henry finalmente decidiu voltar, mesmo que as buscas em Oryukdo não tenham resolvido em coisa nenhuma. Arrumou suas coisas e respirou fundo, sabia que quando chegasse lá, Hyo viria atrás de si, mas não podia viver o resto da vida escondido.

- Tem certeza que você já quer voltar? – Henry sorriu e suspirou fundo

- Tenho Zoo – Ele encarou a janela, vendo o grande jardim do lado de fora. – Eu já fiz hora extra aqui, quase dois anos... – Irene sorriu chegando perto do rapaz

- Certo, então nós vamos voltar! – Ele assentiu sorridente – Mas eu vou sentir saudades – Os dois se abraçaram forte, se despedindo - Promete vir sempre visitar a gente? - Henry assentiu - Promete ligar? - Henry assentiu novamente - Promete se cuidar? - Ele riu e assentiu pela terceira vez - Então você pode ir - Ele abraçou a garota com força mais uma vez, escutando a mesma rir – Vai, para eu não chorar! – Ele assentiu

- Tchau B – Bling sorriu

- Até mais Henry - Henry assentiu e subiu no trailer. Foram algumas horas de viagem, mas logo estava na rua de casa.

Desceu do trailer encarando a rua. Encarou sua casa, a porta que antes era branca, agora estava cheia de lodo, olhou a casa de Heenim, rindo em seguida. Suspirou e caminhou até a porta de casa, a qual abriu com um pouco de dificuldade. Quis morrer quando viu a bagunça e o mal cheiro que estava ali

- Ícaro, eu vou te arrebentar!

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