A Casa Caiu

Henry abriu os olhos, sentindo um gosto amargo na boca, respirou fundo, mas sentiu todo o corpo doer. Olhou para os lados, vendo que a vista ainda estava um pouco embaçada, logo veio em sua mente, todas as cenas de N, as ameaças de Hyo, a cena da traição. Suspirou e tentou levantar, porém nada feito. Escutou a porta ser aberta e arregalou os olhos, tentando de uma vez por todas enxergar.

- Oh... Você acordou! - Irene se aproximou do rapaz sorridente - Você se sente bem? - ele negou - Quer água? - Assentiu.

- Poderia... Me ajudar? - Levantou um pouco a cabeça, mas voltou. Irene colocou a mão por debaixo de Henry e o ajudou a sentar no colchão macio do quarto de Bling.

- Bom, eu me chamo Zoo, mas pode me chamar de Irene! - Ele sorriu pegando o copo d'água da mão da garota.

- Prazer Irene, me chamo Lim Henry, mas todos me chamam de Henry! - Ela sorriu e se sentou na cama - Irene, como eu cheguei aqui? - Ele suspirou e encarou os olhos escuros do rapaz.

- Estava voltando do interior com meu pai, então enquanto passávamos pela rua, vimos o seu corpo e o de outro rapaz jogados na calçada

- Hyo? Está feito, Henry está morto!

- Então eu desci, trabalho como enfermeira na clínica da cidade... Notei que ainda estava respirando, então enfiamos você no trailer - Henry ficou um pouco confuso, mas estava tentando entender a história - No meio do caminho eu tirei as balas do seu peito, e você teve muita sorte de ter sobrevivido - Ele sorriu e agradeceu a pelos cuidados.

- Estou muito agradecido, obrigado - Tentou se curvar, mas quase morreu ao sentir uma pontada lhe bater, era como se uma faca estivesse furando sua pele.

- Não faça esse tipo de esforços, você não precisa agradecer! - Irene sorriu - Não quero ser entrona..., mas o rapaz ao seu lado estava morto... - Henry suspirou - O que houve? - Henry suspirou novamente e se ajeitou na cama

- Nós namorávamos - As bochechas de Irene ficaram vermelhas igual um tomate - O que foi? - Ela negou

- Não... Nada... prossiga! - Ele assentiu

- Nós namorávamos, um dia, estava perto do aniversário dele eu decidi comprar uma rosa, uma rosa bem bonita sabe? - Ela assentiu. - Eu comprei, mas quando cheguei na casa dele, ele estava com outro na cama. - Os olhos de Irene se esbugalharam - Tínhamos um amigo em comum, o Hyo, eu o conheci em uma festa de aniversário. Ele começou a me dizer coisas estranhas um tempo depois, coisas como, eu quero ficar com você, eu gosto de você, quero namorar você, abandona ele e fica comigo... Mas eu não gostava dele. - Irene estava totalmente imersa na história, os olhos nem piscavam mais - Então eu disse que não ficaria com ele, gostava do meu namorado e não queria deixá-lo, brigamos, ele disse que Leo me traía com um rapaz mas novo que eu, que eu era apenas massa de manobra pra ele, e que cedo ou mais tarde ele iria chutar minha bunda...

- Menino, eu estou chocada! - Irene deixou escapar, arrancando uma risada dolorida de Henry - Mas tipo assim... Ele estava... Mentindo? - Henry suspirou

- Eu achava que sim! Ignorei aquilo por quase um ano, ignorei de todas as formas, até que ganhei a prova, que foi no dia da rosa. - Irene levou as duas mãos na boca.

- Que canalha! - bateu no colchão, ouvindo outra risada vir de Henry.

- Depois disso, Leo começou a mandar mensagens, dizendo que iria me matar caso eu não voltasse pra ele... Quando ele deu os dois tiros, se virou para falar no telefone, foi na hora em que levantei e o acertei com o secador de cabelo, não sei de onde tirei aquela força, mas eu a tirei - Irene riu e suspirou.

- Sua vontade de viver lhe deu força – Ela sorriu - Logo você estará bem e poderá voltar a Seul - Ele assentiu

- Faz quanto tempo que eu estou aqui? - Ela riu

- Faz um tempinho, mas você nunca tinha acordado...Chegou a abrir os olhos quando te resgatamos, e também algumas vezes chegou a acordar..., mas nunca conseguiu de fato se manter acordado - Ele assentiu e suspirou

- Obrigado Irene!

- Não sei como se lembra disso tudo, você é muito forte Henry!

...

Sabrina e Louise já haviam identificado o paradeiro de Billie, rondaram a casa Vermelha por dia, mas a mesma foi fechada no mesmo dia em que Hyo havia sido baleado. As duas procuram por dias, aos arredores, até que descobriram onde Billie morava. Uma força tarefa foi feita. O policial chutou a porta, tendo acesso a casa, do rapaz, que estava sentado no sofá, de mãos para o alto. Não tinha como fugir daquela vez, Sabrina o algemou e assim foi levado para a delegacia.

- Onde estava no dia em que Henry sumiu? - Billie suspirou encarando a policial que parecia frustrada

- Estava com o Hyo... - Sabrina levantou a sobrancelha, sabia que o garoto estava mentindo. Billie suspirou, não tinha pra onde correr - Eu estava na casa de Leo, esperando-o voltar... - Sabrina encostou-se na cadeira, suspirando

- Você era o amante de N... Leo? - ele assentiu. Sabrina rabiscou algo na folha e encarou Billie.

- Seus pais serão contactados e você será levado à casa de menores... - Billie arregalou os olhos - A casa caiu pra você, Billie, e vai cair para Hyo Vicente também... - Billie engoliu seco as ameaças de Sabrina, que parecia ter fogo nos olhos, quando o assunto era Henry, ela ficava fora de si. - Boa tarde, passar bem! - Levantou-se e logo os policiais entraram na sala para levar o garoto.

- Sabrina? Ei - Ulices parou a garota que suspirou na mesma hora. - Pra onde vai? Quer dizer... - Ele coçou a nuca e colocou a mão no bolso. - Você... E... Você gostaria de comer comigo hoje? - Sabrina suspirou, ia dizer que não até que tomou um beliscão de Louise

- Ela quer Ulices, ela estava até pensando em te chamar hoje - Os olhos de Ulices brilharam quando escutou Louise dizer

- QUE? COMO? - Louise mais uma vez beliscou a amiga, que reclamou

- CLARO! – Sabrina gritou

- Legal... Te pego as nove?

- N...

- ISSO ULICES! VAI LÁ! - Ulices sorriu para as duas e saiu saltitante

- O QUE FOI ISSO LOUISE? - Estapeou Louise, a garota correu para a sua sala, mas foi seguida pela policial, que não aprecia nem um pouco amigável.

- Sabrina, faz meses que você não beija, isso se já não fizer anos - Sabrina tacou uma das bolas de Tênis que estavam na mesa de Louise, na mesma.

- E VOCÊ ACHA QUE EU VOU BEIJAR O ULICES? - Louise se levantou depois de ter desviado de duas ou três bolas de Tênis.

- Qual é o problema? O Ulices é gatissimo, um puta profissional e tem um papo bacana - Sabrina se sentou, bufando algumas vezes, mas Louise não desistiu

- Eu não tenho tempo pra pensar nisso Louise! - A detetive se sentou na frente de Sabrina

- Está vendo, é por isso que nada na sua vida pessoal da certo... Você coloca tudo de si nesses casos, e acaba que você não consegue solucionar nem sua vida e nem o caso - Sabrina suspirou - Eu não quero ser dura com você Sabrina, mas você tem que separar sua vida pessoal da profissional. O Ulices gosta de você, ele está atrás de você a muito tempo, ele poderia ter desistido de você, desse caso, porém ele continua investindo em você - Sabrina parecia entender, mas não sabia se estava pronta

- E eu devo ir? – Louise bateu na testa da garota, que quase caiu da cadeira

- Deixa de ser tapada, vamos pra sua casa, que eu vou te ajudar! - Sabrina assentiu e as duas se levantaram

- Eu te odeio Louise

- Eu também te amo Sabrina!

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