— Eu não estou te entendendo. Você está bem? — Bruno indagou, levantando-se e estendendo a mão em um gesto brincalhão, como se fosse verificar a temperatura de Pedro.
— Para com isso! — Pedro retrucou, levando um gole de whisky, sua expressão uma mistura de seriedade e um toque de ironia. — Aqui não é tão ruim quanto pensei.
— Não! Alguém pode chamar um médico, por favor?
— Bruno falou em tom exagerado, um sorriso malicioso nos lábios, chamando a atenção de algumas pessoas que passavam.
— Eu vou te bater! — Pedro respondeu, os olhos fixos em Bruno, que parecia se divertir com a situação.
— Amigo, me dá um desconto! — Bruno riu, a camaradagem evidente em sua voz. — Te conheço desde sempre, crescemos juntos, e nunca vi você tirar um dia de folga, muito menos férias sem data de volta. Como você acha que eu me sinto?
Enquanto isso, um grupo de mulheres passava por eles, lançando olhares cúmplices. Pedro, sempre imponente e sedutor, retribuiu os sorrisos com um aceno discreto do copo, e de repente, o ambiente parecia ter se transformado em um desfile de charme feminino.
— Você percebeu que o lugar encheu? — Pedro comentou, observando a cena ao redor.
— Vixi! Pior que sim! E pelo jeito, só de mulheres — Bruno respondeu, seus olhos brilhando com a ironia da situação.
— Me desculpe! — Uma senhora gentil se aproximou, segurando um cardápio. — Não temos muitos homens bonitos por aqui, e quando aparecem homens como vocês, a notícia se espalha rápido.
Não que eu esteja reclamando; afinal, quando foi a última vez que tive este lugar tão cheio?
Eles riram, encantados com a animação dela, que logo se retirou, deixando-os em um misto de diversão e descontração.
— Hum... pelo jeito viramos a atração da noite — Bruno sorriu, antes que pudesse terminar a frase, uma garçonete se aproximou.
— Com licença, senhores, me pediram para entregar este papel a vocês — ela disse timidamente, entregando um envelope antes de sair rapidamente.
— Obrigado! — Pedro respondeu, mas Bruno já tinha pego o papel e, ao abri-lo, encontrou vários números de telefone.
— Olha só! — Bruno exclamou, consentindo educadamente, mas levantando a mão para mostrar a aliança em seu dedo. Um gemido de decepção ecoou na sala. — Mas meu amigo aqui é solteiro! — ele anunciou em voz alta, fazendo Pedro arregalar os olhos.
— Eu ainda te mato! — Pedro exclamou, nervoso, enquanto se apressava a deixar dinheiro sobre o balcão.
Cumprimentando todas as mulheres educadamente, mas com um sorriso forçado, eles saíram.
Enquanto caminhavam, Bruno ainda estava surpreso com a atitude de Pedro em querer tirar uns dias de férias.
— Mas me conte, amigo, agora é sério — Bruno começou, virando-se para Pedro com uma expressão de curiosidade. — O que te fez querer isso? Nunca te vi assim. Você tem uma agenda até para ir ao banheiro!
— Não exagera! — Pedro respondeu, esboçando um breve sorriso, mas Bruno continuou.
— Você me entendeu. Estou confuso! Você nem queria vir e agora, depois de dois dias aqui, me diz que quer descansar.
— E qual o problema? — Pedro indagou, levantando uma sobrancelha.
— Pedro, você nunca gostou do interior. Sempre odiou quando ia para a casa de campo. E agora, do nada, quer tirar férias?
Por um momento, eles pararam, Pedro abrindo os braços, como se quisesse sentir o vento.
— Olha isso, irmão! Estamos andando há quase meia hora e não temos paparazzi, repórteres ou ninguém vigiando nossos passos. Isso é liberdade.
— É, irmão. Você realmente não está bem — Bruno disse, pegando o telefone como se fosse fazer uma ligação.
— O que você está procurando? — Pedro perguntou, intrigado.
— Espera um pouquinho... Aqui! Achei. Vou ligar para o seu médico! — Pedro deu um safanão em Bruno, que caiu na risada, seguindo Pedro enquanto caminhava novamente.
— Me responde uma coisa? — Bruno perguntou, agora ao lado dele. — Isso não é por causa da amiga da Diana, é?
Pedro hesitou por um momento, e Bruno, que o conhecia desde criança, percebeu. Ele puxou Pedro para mais perto.
— É isso! É a garota! — Bruno estava se divertindo com a situação.
— Não, que isso! Que garota? — Pedro tentou disfarçar, mas Bruno não ia deixar passar.
— Ah, vem cá! Você acha que ninguém percebeu como você cuidou dela? Até a maneira como falou com ela... Você só fala assim quando está nervoso, e isso é bem difícil de acontecer.
— Para com isso! Eu a tratei da mesma forma que trataria qualquer pessoa! — eles voltaram a caminhar, mas Bruno não se contentou.
— Tem certeza? Se fosse a Diana, você teria embrulhado ela com seu paletó ou carregado-a no colo até o quarto, acariciando os cabelos dela.
Pedro parou abruptamente, envergonhado.
— Do que você está falando? — ele questionou, o rosto quente.
— Porque você acha que eu e Isabela demoramos a voltar para o quarto? Voltamos rápido, mas quando chegamos perto da porta, vi você olhando para ela com um olhar admirado, como nunca vi você olhar nenhuma mulher. E eu impedi Diana de entrar. Não percebeu que aparecemos justo na hora em que a Marina apareceu?
Pedro encarou Bruno, refletindo sobre suas palavras. Agora, ele percebeu que realmente havia demorado bastante para voltar.
Um sorriso se espalhou pelo rosto de Pedro, um sorriso que simbolizava a relação de irmãos e companheirismo que existia entre eles. Num impulso, ele abraçou Bruno.
— Valeu, irmão. Não consigo esconder nada de você, né? — Pedro o soltou, segurando o rosto de Bruno com ambas as mãos, um brilho de gratidão em seus olhos.
— Então! Agora que você já confessou, me conte tudo! — Bruno estava curioso, os olhos brilhando de expectativa.
— Não tem muito o que contar — Pedro respondeu, elevando o olhar para o céu, onde um passarinho pousava suavemente em um galho de árvore
— Aquela mulher me intriga de uma forma inexplicável. Desde o primeiro instante em que a vi naquele jardim, algo em mim se despertou.
O sorriso dela é como um raio de sol que aquece a alma, iluminando até os cantos mais sombrios.
Cada movimento é uma dança sutil, repleta de delicadeza, e a beleza dela é um mistério que me fascina. Ela exala uma força que cativa, mas, ao mesmo tempo, possui a fragilidade de uma rosa em plena floração, perfeita e cheia de nuances, despertando em mim um desejo de protegê-la e descobrir todos os segredos que seu coração guarda.
Os dois se sentaram em um banco em frente a uma loja de roupas, onde, por acaso, Diana estava.
— É, meu amigo, ela definitivamente despertou algo em você! — Bruno riu, com um brilho nos olhos, genuinamente feliz pelo amigo. — Fico realmente contente por você. Depois de tudo que você passou, já era hora de se permitir viver algo novo.
— Não fala assim! — Pedro disse, levantando-se com uma intensidade palpável. — Não tenho certeza do que quero. Preciso de mais tempo aqui, para entender esses sentimentos... para sentir cada momento.
Bruno sorriu e assentiu, já que Diana se aproximava.
— Então, deixa comigo. Se você está querendo férias, você vai tê-las — os dois apertaram as mãos com firmeza, como se selassem um pacto inquebrável.
— Olá, rapazes! — exclamou Diana, aproximando-se com um sorriso radiante, e deu um beijo suave em Bruno, que a recebeu com carinho.
— Oi, querida! — Pedro respondeu, ainda sentado, mas seus olhos estavam hipnotizados por Diana, a luz que parecia iluminar todo o ambiente.
— Do que vocês estavam falando com tanta animação? — Isabela perguntou, com uma expressão curiosa, como se estivesse pronta para desvendar um segredo.
— Tenho uma boa notícia para você! — Bruno disse, envolvendo a cintura de Diana de maneira protetora e ajeitando delicadamente uma mecha de cabelo que caíra sobre seu rosto. — Pedro decidiu tirar férias... — anunciou com um entusiasmo contagiante.
— Aqui? — Diana indagou, surpresa e intrigada.
— Sim, aqui! E nem me pergunte como isso aconteceu; já até ameacei chamar o médico! — Os dois riram, suas vozes se entrelaçando em uma sintonia alegre.
— Sinceramente, pelo que ouvi, este lugar tem tantos encantos. Mas você vai ficar no chalé com a gente, certo? — Diana perguntou, um brilho de expectativa nos olhos.
— Até parece! — Pedro respondeu rapidamente, levantando-se com um sorriso travesso, como se a ideia o divertisse.
— Perguntei por perguntar! — ela sorriu, com um toque de brincadeira nos lábios. — Mas, se você quiser, conheço um lugar incrível. É calmo, aconchegante, e a Kira mora lá também.
Pedro imediatamente teve uma mudança de expressão, como se um novo horizonte se abrisse diante dele.
— Parece perfeito para mim! — ele respondeu, seus olhos brilhando com entusiasmo. Diana percebeu a transformação em seu olhar, que antes estava distraído, agora iluminado por uma nova possibilidade.
— O que vocês estão tramando, hein? — ela perguntou, arqueando uma sobrancelha com um olhar desconfiado, analisando a cumplicidade entre eles.
Antes que pudessem articular uma resposta, uma buzina de carro interrompeu o momento, trazendo de volta a realidade ao grupo.
— Vou te passar o endereço assim que comermos. Estou morrendo de fome! — Diana disse, lançando um olhar cúmplice para Bruno, que não hesitou em beijá-la suavemente, como se o gesto fosse uma declaração silenciosa de afeto.
— Então vamos comer, meu amor — ele respondeu, puxando-a gentilmente em direção ao carro, seu toque suave despertando uma corrente elétrica entre eles.
Enquanto caminhavam, Pedro sentia uma ansiedade fervilhante, como se cada passo o levasse a um novo mundo. A ideia de encontrar Kira diariamente acendia uma chama dentro dele, e sua mente flutuava entre cenários que pareciam mais intensos e vívidos do que nunca.
Esse sentimento o consumia de uma maneira deliciosa e avassaladora, e, pela primeira vez em anos, ele sentia que havia encontrado um motivo real para lutar, um novo horizonte que prometia ser repleto de possibilidades.
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Atualizado até capítulo 47
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