Conversas e Carinhos

Marina ficou muito feliz ao ver Isabella, mas, mais feliz ainda em ver Kira.

- Isabella, que felicidade em lhe ver. Tem quanto tempo? 10 ou 11 anos? Falou Marina apressando os passos para abraça-la.

- Minha tia preferida! Indagou Isabella. Que correu ao encontro da tia, que a tempos não via, só conversavam por vídeo chamada.

Kira ainda de ressaca foi convencida por Isabella a ir no almoço. Só deu tempo de escolher rapidamente um look adequado.

 Ela optou por uma blusa regata de seda em um tom suave de azul claro, combinando com um shorts de alfaiataria branco. Brincos delicados de argola, uma pulseira fina e sandálias de tiras completavam o visual, junto com uma clutch pequena em um tom neutro.

-Kira?! Nossa! Marina saiu correndo em direção a ela (literalmente). Ricardo não me avisou que você viria. As duas se abraçaram demoradamente, como se fossem mãe e filha.

- Oi dona marina! Falou Kira abraçando-a fortemente. Estava morrendo de saudade. Mas devido o trabalho quase não tenho tempo de vir vê-la.

Isabella cumprimentou o tio e perguntou.

- Vem cá? Impressão minha ou ela está mais feliz em vê-la do que a mim. Os dois se olharam e riram.

- Pois é! Não importa o dia, sempre que Kira vem, Marina a trata assim. O dia dela melhora em 100%.

-Íncrível ver ela tão feliz. Como ela está depois de tudo aquilo?

Pra falar a verdade depois que nos mudamos ela tem melhorado bastante. O ambiente ajuda. Você sabe que ela sempre gostou de lugares mais exóticos, com muita planta e rio. E claro! Conhecer Kira foi um dos bons motivos de ela melhorar. Ele fala enquanto se aproxima para cumprimentá-la.

-Olá querida! Como está? Falou Ricardo abraçando.

-Estou bem! Com um pouco de ressaca mais viva. Ela falou sorrindo.

-Venha! Tenho umas glicose ali que vai te ajudar.

Marina estava muito feliz em ver a sobrinha e Kira juntas. A mesma pegou as duas pelo braço, uma de cada lado. Como se fossem crianças, e saiu adentrando a casa.

-Tô começando a ficar com ciúmes, heim Kira. Disse Isabella, sorrindo.

-Não precisa disso, tem eu o suficiente pras duas! Falou Marina sorrindo e dando uma beijo na testa de cada uma.

Marina nem percebeu que Ricardo havia pedido para montarem uma mesa perto do lago, embaixo da laranjeira que ela amava.

Desde que Marina perdeu seu único filho em um acidente de carro a alguns anos, ela havia se fechado pra tudo. Havia deixado de lado tudo. Vaidade, dinheiro, amigos, família. Nada a agradava. Tudo parecia não fazer sentido para ela. E mesmo indo em psicólogos e terapeutas. Parecia que nada a fazia melhorar.

E quando Ricardo recebeu a proposta de um amigo para adquirir o chalé, parecia que era mais uma tentativa frustada de tentar animá-la. Quando ele mostrou as fotos do lugar, pela primeira vez em tempos ela demonstrou interessem em algo.

Porque ao mostrar as fotos, ela pegou o tablet de sua mãos e começou a sorrir olhando as imagens. Naquele momento, nada mais importava para ele, o mesmo não pensou duas vezes em adquirir o imóvel, assim como pediu para se afastar da direção do próprio hospital para cuidar de Marina.

— Como sei que vou ficar de fora dos assuntos das meninas. Falou Ricardo com um sorriso caloroso. Ele aproximou-se da mesa e, com um movimento fluido, afastou gentilmente a cadeira para Marina, permitindo que ela se sentasse com conforto.

Assim como para Kira e Isabella.

Os seus olhos brilhavam com um toque de carinho enquanto fazia isso, demonstrando o seu respeito e amor por todas nós. Antes de se retirar deu um beijo em Marina.

 Aproximou-se e deu outro na cabeça de Isabel la. E num impulso de um homem gentil, também o fez em Kira, o que a deixou surpresa.

Por um momento, ela ficou sem palavras, sentindo o coração se aquecer com a demonstração inesperada de cuidado. Era como se ele a visse como uma filha, e esse pensamento trouxe uma mistura de emoções.

Ricardo sempre fora atencioso, mas esse gesto a tocou profundamente, revelando uma dimensão de seu carinho que ela não havia percebido antes. Com um sorriso tímido, ela agradeceu, ainda surpresa e comovida com a ternura do momento, sentindo-se genuinamente apreciada e protegida.

Marina tinha um carinho imenso por Kira, tratando-a como se fosse sua própria filha. Sempre atenciosa e protetora. Marina fazia questão de demonstrar seu afeto em cada gesto e palavra.

Naquela tarde, enquanto seu marido havia saído para resolver alguns assuntos, Marina aproveitou para passar um tempo precioso com Kira e Isabella, que não via há algum tempo.

Sentadas embaixo da laranjeira, as horas passaram rapidamente enquanto conversavam sobre a vida, relembravam momentos passados e compartilhavam sonhos futuros.

— Agora, falando em boas notícias, eu tenho um convite para vocês — disse Marina, com um brilho de entusiasmo nos olhos.

Isabela levantou uma sobrancelha curiosa.

— Um convite? O que é?

Marina se inclinou para frente, com um brilho de excitação nos olhos.

— No próximo fim de semana, vamos ter um evento aqui no chalé. Vou fazer uma celebração para comemorar o aniversário do seu tio. Mais importante, é uma oportunidade para reunir a família e amigos queridos. Eu adoraria muito ter a presença de vocês.

Kira arregalou os olhos de surpresa.

— Isso soa maravilhoso Marina. Havia esquecido que era esse fim de semana — falou animada.

— Será um jantar ao ar livre, com música e muita conversa boa. Quero que seja um momento de alegria e conexão para todos. — Marina gesticulou animada. — Pensei que seria um ótimo momento para nós três nos reunirmos e passarmos mais um tempo juntas.

Isabela colocou a xícara de chá sobre a mesa e sorriu para Kira.

— Kira, vai ser incrível. Você vem, não é? — Isabela perguntou, olhando para ela.

Kira hesitou, olhando para Marina e Isabela com uma expressão preocupada.

— Eu também adoraria participar. Mas você sabe que não gosto de multidões. E como vai ser algo mais íntimo, não sei se ficaria bem eu vir.

Marina, percebendo a hesitação de Kira, pegou sua mão carinhosamente.

— Mas querida, este evento será diferente. Não será uma multidão grande e barulhenta. Sei que você já passou por situações constrangedoras, mas aqui será um ambiente acolhedor. Queremos muito a sua presença.

Kira tentou de todas as maneiras evitar o evento, mas a insistência de Marina e o entusiasmo de Isabela acabaram por convencê-la.

— Bom, já que eu não tenho opção, né? — Kira sorriu, rendida, enquanto as duas comemoravam a vitória.

Marina parecia aliviada e feliz ao ouvir as respostas positivas.

— Que bom! Fico muito contente em saber que vocês poderão vir. Vai ser um evento simples, mas cheio de significado. — Marina levantou a xícara para um brinde. — Ao fim de semana e às boas memórias que vamos criar!

As três ergueram suas xícaras e brindaram.

— Mas nós sabemos que seus eventos nunca são simples, né, tia? — Isabela falou, sorrindo em tom de brincadeira. Marina apenas consentiu com um sorriso.

— Às boas memórias! — disseram em uníssono.

A conversa continuou animada, com Marina e Isabela gargalhando enquanto relembravam histórias da infância. Kira sorria, admirando o carinho e a conexão entre elas. O jardim estava cheio de risadas e histórias compartilhadas, criando um ambiente acolhedor e cheio de afeto. Marina sabia que aquele evento seria mais do que uma simples celebração; seria uma oportunidade para fortalecer laços e criar novas memórias.

Enquanto o sol começava a se pôr, tingindo o céu de tons quentes e dourados, Marina sentiu que o fim de semana prometia ser algo realmente especial.

Marina ouvia atentamente cada palavra das duas, os seus olhos brilhando de alegria e amor, feliz por estar rodeada por pessoas tão queridas e por poder oferecer-lhes um ambiente de conforto e acolhimento. Como se fossem suas próprias filhas. E Ricardo ter preparado tudo aquilo e naquele lindo lugar, fez com que Marina o amasse mais ainda.

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