Sufocada

Quando Diana despertou lá pelas 14:00 ela nem lembrava do que tinha acontecido.

Levantou-se da cama e foi para o banheiro. Entrou no chuveiro e quando virou viu sua camisa suja se sangue no cesto. Rapidamente como num fleche ela lembrou tudo.

Terminou o banho o mais rápido que pôde e desceu.

Ao entrar no quarto viu dona Branca tentando alimentar o homem. Que como uma criança tentava desviar da colher. O que acabou me fazendo rir um pouco.

-- Boa Tarde. Ele falou.

-- Boa tarde. Como está de sentindo?

-- Não muito bem, mas vivo. Pedro respondeu.

-- Passou bem a noite? Diana sentou-se ao lado da cama e comecei a verificar os sinais vitais dele.

-- Acho que passei o melhor que deu. Ele esboçou um leve sorriso.

-- Entendi. Quando olhei mais de perto pude ver que ele olhou para o lado. Como se me mostrasse algo

-- Quando olhei Bruno estava dormindo na poltrona. Todo embolado.

-- Ele passou a noite acordado com o amigo. Já dormiu agora pela manhã. Disse dona Branca.

-- Aliás meu nome é Pedro. Já falei neh. Desculpe por tudo que causei noite passada.

-- Não tem problema. Mas o que houve com você. Não é todo dia que recebo alguém na minha casa assim.

-- Problemas de família. Melhor não meter você nisso. Respondeu Pedro.

-- Gostaria de saber que tipo de família é a sua?

-- Uma muito estranha. Respondeu Bruno. Acredite você não vai querer saber. O único que ainda se salva é Pedro e a tia.

-- Então vocês são parentes? Perguntei.

-- Deus me livre. Respondeu Pedro.

Os dois riram.

-- Não somos parentes mas esse imbecil é como se fosse meu irmão. Pedro falou.

-- E você como está? Mas em que diabos você se meteu? Perguntou Bruno se levantando e vindo em nossa direção.

Pedro e Bruno se entreolharam.

Percebi que eu precisava sair.

-- Bom. Independente de qualquer coisa, você precisa descansar pra ferida não infeccionar. Falei e leventei-me. Mas antes de sair. Bruno se posicionou na minha frente.

-- Posso conversar com você depois? Ele falou.

Respirei fundo.

-- Tudo bem. Após o almoço falo com você. Respondi.

Ele meio que ficou surpreso. Percebi pela sua reação e logo após um lindo sorriso. Acabei deixando escapar um sorriso de canto de olho. Puta merda. Já estou me rendendo. Apenas virei as costas e saí.

Mas antes que saísse conversei com dona Branca sobre como estava a alimentação dele. E os remédios também.

-- Minha criança, o paciente está bem. Mas o amigo só bebeu água. Pelo menos desde que eu cheguei foi a única coisa que o vi comendo. Disse dona Branca.

-- Hum. Respondi.

-- Chame-o para comer também. Não custa nada. Até porque ele passou a maior parte do dia ao lado do amigo. Só redou pra ir ao banheiro. Ela continuou falando.

-- Tudo bem! Vou convidá-lo. Está satisfeita? Falei em tom de brincadeira. O que tirou uma leve gargalhada dela.

-- Continua birrenta. Disse ela e saiu cozinha á fora, carregando uma bandeja com sopa.

Olhei pra trás. Porque estávamos na porta conversando bem baixinho.

Vi que Bruno e Pedro conversavam seriamente.

Resolvi atrapalha-los mesmo assim

-- Não quero interromper o casalzinho aí, mas você precisa descansar. Falei apontando para Pedro. E você precisa almoçar. Apontei para Bruno.

Imediatamente Bruno se levantou da beirada da cama de Pedro. E se entreolharam. Como duas crianças que ficaram surpresas com alguma coisa.

-- Por mim tudo bem descansar um pouco. Pedro falou dando uma leve risada. Vai lá amigo. Você precisa comer mesmo. Tá parecendo que o doente aqui é você.

-- Está bem. Já que os dois insistem, eu vou. Bruno falou. Dava pra ver em seus olhos que o convite o alegrara.

Apenas assenti com a cabeça para Pedro e virei em direção a porta.

Pude ver os dois comemorando antes de sair. Acho que pode ser que sejam como irmãos mesmo. Não pude evitar e dei uma risada silenciosa.

E fomos caminhando em direção a cozinha. Em silêncio. Quase podia ler seus pensamentos.

Não podia negar que eu estava contente de estar com ele.

-- Aceita um pouco de whisky antes da refeição? Pedi pra colocarem pra dois. Vai levar alguns minutos.

-- Claro! Como quiser. Respondeu Bruno.

Após alguns segundos o entreguei o copo com a bebida.

Percebi que ele sorria, olhando para o copo e esfregando o dedão da mão direita sobre a borda.

-- Algum problema com a bebida? Falei.

-- De maneira nenhuma. Ele respondeu. E deu uma golada.

-- Quer mais um? Perguntei.

-- Claro! Sempre.

O servi e ele sorriu novamente.

-- Qual a piada Bruno? Falei quase irritada.

-- Não é piada. Desculpe a forma como reagi. É que... Você ainda lembra como gosto da bebida. Ele falou.

Imediatamente corei.

Porra. Como pude dar essa mancada.

-- Sério? Nem lembrava que você tomava assim. Respondi tentando disfarçar.

-- Sei. Diante de todos esses whisky você escolhe me servir gim e tônica com limão. Ele sorriu. Dessa vez ironicamente.

Mas antes que eu pudesse falar algo. Fui salva pelo gongo. Ou melhor. Pela dona Branca.

-- O almoço está á mesa senhorita. Ela falou. Gentil como sempre.

-- Já falei pra parar de me chamar de senhorita dona Branca. Estamos apenas nós aqui. Não precisa de toda essa cordialidade. Respondi.

-- A mesa está muito bela senhora. Bruno falou olhando para ela.

-- Obrigado senhor. Ela sorriu grata pelo reconhecimento.

-- Dona Branca sempre foi muito zelosa e gentil. E sempre muito carinhosa com todos. Sou grata por tê-la comigo. Falei olhando pra ela e lhe lançando um beijo.

-- Minha criança. Você sabe que eu lhe daria o mundo se me pedisse. Mas vou deixá-los almoçar em paz. Com sua licença e bom apetite.

Assentimos com a cabeça.

Durante o almoço o clima ficou um pouco tenso. Às vezes pegava ele me encarando. Por outras ele me pegava olhando pra ele. E assim seguiu pelos próximos quinze minutos.

-- De verdade Diana. Você acha que ele vai ficar bem mesmo?

Ele falou assim do nada.

-- Vamos ver como ele vai reagir até amanhã. Se a febre não voltar e nem os machucados incharem mais. Ele ficará bem.

-- Obrigada! Por isso. Sei que você tem todos os motivos do mundo pra me odiar. E que eu não mereço um pingo da sua consideração. Mas saiba que eu sou muito grato por você ter feito isso por ele.

-- Já que entramos nesse assunto. Coloquei os talheres sobre os pratos.

-- Já sei. Ele falou. Quer saber o que aconteceu, não é.

-- Óbvio! Você achou o quê? Que eu não ia questionar nada?

-- Na verdade eu bem que queria poder te contar. Mas não quero te meter mais em problemas. Por favor não insista. Ele disse. Parecia um pouco preocupado.

-- Acho que é um pouco tarde pra isso, não? Falei.

-- Pensa assim. É uma amigo que precisava e ainda precisa de ajuda. Se ele amanhecer sem problemas como o que você falou. Amanhã eu levo ele daqui. Tudo bem? Disse Bruno.

Terminamos o almoço e já passava das 16:00.

Estávamos indo para a sala quando meu telefone toca.

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-- Alô? Sim. É ela. Entendo. Mais quantos deram entrada?

Apontei para o vinho e Bruno nos serviu.

-- Faz assim. Liga pra o Dr. Gonzales e a Dra Patrícia. Se eles não atenderem você me retorna. Ok? Onde estou é longe perderia muito tempo voltando. Faça como lhe falei. Se não der certo me ligue de volta. E desliguei o telefone.

-- Algum problema. Perguntou Bruno me entregando a taça de vinho e sentando-se em uma das poltronas.

Tomei de um gole só. E coloquei a taça sobre a mesa de centro.

O encarei por alguns segundos. O que o deixou um pouco sem graça.

-- Que foi? Ele falou

-- Sabe que me ligou Bruno?

-- Não? Ele respondeu.

-- O hospital. Deram entrada a duas horas atrás uns doze homens em estado grave. Não dá pra estipular a gravidade. Mas o que está melhor, está com a mandíbula quebrada e o braço também.

Bruno ficou um pouco inquieto e bebeu todo o vinho de um gole só.

-- Não sei o que dizer. Ele falou. Sinto muito.

Antes que eu pudesse falar algo fomos interrompidos pelo telefone residencial. E logo após dona Branca entra na sala.

-- Senhorita. Seu pai quer falar com a você. Disse ela.

-- Não quero e não vou falar com ele. Respondi.

-- É sobre sua mãe.

-- O que tem ela? Já voltou de férias. Ou o quê, precisa da mansão pra alguma festa ridícula.

-- Não sei lhe informar. Mas a senhorita deveria atender. Parece grave.

Respirei fundo.

-- Alô?

-- Olá minha doutora favorita. Como você está. Nunca me atende, nem me responde.

-- Tainá. Algum problema? O que é tão grave pra você estar ligando pra mansão?

-- Estou com saudades. E amanhã a noite resolvi chego aí. Resolvi te visitar um pouco.

-- Como assim me visitar amanhã. Não pode ser. Levantei-me da poltrona e olhei para Bruno.

-- É que eu estou indo para o hospital de volta. Teve um problema e estão precisando de mim por lá.

-- Não tem problema. Te espero em casa. Se ainda não tiver terminado. Beijão querida. Até amanhã.

Agora sim! Era só o que me faltava!

-- É melhor seu amigo passar a noite muito bem. Porque pela manhã vocês tem que sair daqui. Falei para Bruno.

-- Pensei que você tinha me dito que sua mãe tivesse morrido no parto! Indagou Pedro.

-- Sim. Tainá é minha madrasta desde os meus 7 anos. Então ela gosta de espalhar que tem dois filhos. Eu e meu irmão. Que é filho dela com meu pai.

-- Pera aí. Você tem irmão? Como eu não sabia disso? Ele falou surpreso e irritado. Uma coisa dessa não se esconde.

-- Se você por acaso tivesse me deixado entrar em sua vida você saberia muitas coisas sobre mim, não acha?

Vi que ele engoliu seco.

-- Eu sei! Me perdoe por isso. Foi a única coisa que ele disse.

-- Te perdoar? Pelo quê exatamente? Você poderia me especificar.

-- Eu sei. Eu fui um idiota, imbecil, que não vi a mulher incrível que tinha ao meu lado. Me deixei pelo medo de me prender a alguém. E acabei perdendo você.

-- Você faz ideia do que eu passei? Eu me entreguei a você. Ao nosso relacionamento. Faz ideia do quanto que me doeu o que você me fez. Quanto tempo levou pra eu poder me olhar no espelho e não me sentir horrível.

Percebi que tinha alterado o tom de voz. E despejei em cima dele tudo que estava entalado em mim.

-- Eu... sinto muito. Muito mesmo. Ele falou. Eu não sabia que eu era tão importante pra você assim.

-- A única coisa que você sabe dizer é sinto muito. Sinto muito. Sinto muito.

Eu já havia perdido a linha estava ao choro. Tudo o que eu havia guardado até aquele dia. Eu tinha botado pra fora.

Eu já nem falava mais. Só chorava. Me encostei no canto da parede e tentei controlar a respiração pra tentar parar de chorar. Mas não conseguia de maneira nenhuma.

-- Por favor. Diana se acalme. Me desculpe, foi um erro vir aqui. Não queria te deixar assim.

Quando percebi Bruno já estava em minha frente. E tentava me acalmar. Passava as mãos em meu cabelo. E eu comecei a esmurrar o peito dele. Foi quando ele me abraçou.

Eu tentava bater no peito dele com as duas mãos. Mas ele me apertava contra o peito dele. Eu continuava chorando. E ele me abraçava.

-- Se acalme. Por favor. Eu não queria te fazer chorar. Nunca. Nunca. Me desculpe. Eu não vou te largar até você se acalmar.

Aos poucos fui me acalmando. Ele percebeu e folgou um pouco o abraço. O suficiente pros meus braços enroscarem em sua cintura. Acho que em todo o nosso tempo juntos. Aquela foi a primeira vez que nos abraçamos assim. Eu não queria mais soltá-lo e nem ele a mim.

Eu não sabia o que seria dali pra frente. Eu só queria que o tempo parasse pra nós. Naquele momento.

🧾Nota da autora!

" Digam-me queridas(os) o que estão achando do enredo dos capítulos? 🤗

Sei que demoro um pouco pra publicar, mas prometo que tentarei publicar sempre que possível.✍️

Tenho muitas surpresas pra vocês. rsrs 🌹🥀

Beijos de luz minhas lindezas e lindos. 😘😘😘

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Comments

Conceiçao

Conceiçao

Ainda pouco entendo aos poucos

2024-11-04

0

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