Calor

Como ele pode me ligar e pedir isso. Não acredito que tive coragem de mandar meu endereço. E pior ainda ele está um andar abaixo. Nem me olhou direito.

Deve que já me esqueceu. Se é que um dia se interessou.

Me joguei na cama de costas com os braços abertos. Soltei meus cabelos. Minha cabeça doía. Passei as mãos no rosto e respirei fundo.

Escutei a voz de Bruno falando com alguém ao telefone. Tentei ouvi o que falava mas não entendi nada.

Levantei e quando olhei no espelho eu estava tão suja de sangue quanto ele.

Tirei minha blusa, e minha calça... meus cabelos estavam precisando de uma hidratação... rsrs

Fiquei um tempo me encarando no espelho. Minhas orelhas estavam evidentes, meus cabelos secos, meu corpo cansado e minhas mãos com sangue nas unhas.

Preciso me livrar disso logo. Terminei de tirar a roupa e entrei no chuveiro.

Já era quase quatro da manhã. Teria folga nos dias que viriam, mas ainda assim teria que me ocupar. Já que me obrigaram a tirar folga.

Lavei os cabelos e tinha esquecido a sensação de liberdade que dava. rsrs.

Talvez eles tenham razão. Tenho trabalhado muito. Preciso de um tempo pra mim. Fazia muito tempo que eu não relaxava assim. Minha banheira estava perfeita. Fiquei um tempão deitada na banheira. Voltei ao mundo quando meu celular tocou.

Era Bruno. Havia esquecido de tudo que passara a algumas horas atrás.

-- Tem alguma coisa errada. Ele está tremendo muito. E não para de gemer. Ele falou.

Levantei-me rapidamente peguei alguma coisa que estava a vista me vesti e desci correndo. Nem deu tempo de enrolar o cabelo.

Quando entrei vi Bruno tentando segurar Pedro que estava tendo uma convulsão.

-- Me ajude a colocá-lo de lado. Gritei. Já pegando no quadril dele e puxando em minha direção. Para que seu corpo ficasse totalmente lateralizado.

Assim que a convulsão parou. Examinei e vi que estava com muita febre. Puxei a caixa que havia deixado na beira da cama. Puxei uma ampola de diclofenaco e inseri o liquido na seringa.

-- Sabe se ele tem alergia a diclofenaco? perguntei a ele.

-- Que eu saiba não!

-- Ótimo. Falei.

Fiquei alguns minutos observando ele e aproveitei e já examinei os pontos que havia feito. E olhei alguns curativos. Assim que sua pressão começou a melhorar o cobri novamente.

Levantei e olhei pela janela. Já estava quase amanhecendo.

-- Bom vou descansar. Você também deveria. E virei-me.

Quando olhei, Bruno me olhava daquele jeito que eu conhecia bem. E sabia no que daria.

-- Qual o seu problema? Por que me olha assim? Falei irritada. Como pode me olhar assim com seu amigo entre a vida e a morte?

-- Bom. Fica difícil tentar pensar em outra coisa. Ele falou sorrindo e passando a mão na barba e me olhando.

Não posso negar que esse homem me afeta. E ele fica bem charmoso quando ta sorrindo. E quando vi o volume subindo. Me deu um frio na barriga.

-- Você tem problema? Estou falando com você? Tentei fingir ao Máximo que estava muito irritada.

Ele colocou uma mão no bolso. E a outra estava alisando a barba. E veio caminhando em minha direção lentamente.

Me tremi toda, vendo aquele homem vindo em camera lenta em minha direção. E eu tinha esquecido o quanto ele era imponente e gostoso. Isso mesmo, gostoso. Ai Jesus!

Ele chegou bem perto. Colocou as mãos em meus ombros. Um em cada lado. E foi me empurrando para trás, lentamente. Me olhando fixamente nos olhos. Eu o conhecia, e ele me conhecia. Comecei a ficar com a boca seca. E ele me encarava sedutoramente.

Derrepende ele me virou e me vi no espelho.

-- Puta que pariu!

Isso mesmo! A primeira coisa que peguei pra vestir foi meu jaleco. Ali estava eu. Nua. Com apenas o jaleco. E com os cabelos molhados.

-- É dificil se concentrar assim! Não Acha? Bruno sussurrou em minha orelha esquerda.

Um arrepio de tesão e desejo subiu em minha espinha. E acho que ele percebeu. Porque pude sentir seu membro encostar em minha bunda.

O encarei de volta no espelho. E dava pra ver que queríamos muito um ao outro.

-- Que lugar é esse?

Uma voz nos despertou do que parecia um transe.

Rapidamente puxei uma toalha e me enrolei.

Bruno como num salto, pulou e já estava a beira da cama.

-- Que bom que está vivo! Falou Bruno.

-- Tudo dói! Onde eu estou?

-- Na casa de uma... Amiga. Falou Bruno olhando para mim.

-- Essa é Diana! Diana esse é Pedro!

Pedro fez que fosse levantar. Então me aproximei.

-- Prazer! Não se esforce. Você perdeu muito sangue e pode romper os pontos também. Falei em tom autoritário o fazendo deitar de volta. Descanse. Você precisa recuperar suas forças.

Ele apenas assentiu com a cabeça. E deitou.

Derrepente alguém bateu na porta.

-- Dona Diana. Está tudo pronto!

--Perfeito! Obrigada Branca.

-- É sempre um prazer servi-la. E ter você de volta em casa é uma honra. E ainda mais com visitas.

-- Obrigada! Essa é dona branca. Se precisarem de algo é só pedir a ela. Falei olhando pra Bruno e Pedro.

Branca apenas assentiu sorridente como sempre.

-- Descanse. Logo Branca voltará e limpará seus ferimentos. Falei para Pedro. E tem uma mesa de café da manhã. Se quiser comer. Falei para Bruno.

-- Vou descansar em meu quarto. Se algo piorar Branca me chamará. Acabei de falar e ela entrou carregando uma nova bacia de água e alguns produtos.

-- Com licença. Falei e sai do quarto.

-- Espera! Bruno falou. E veio atrás de mim.

-- Precisa de alguma coisa? Falei

-- Precisamos conversar!

-- Precisamos mesmo! Começa me dizendo por que me ligou? Quem é esse homem? Vamos me responda? Falei irritada.

-- Eu...

-- Quer saber? Eu estou cansada demais para discutir. Falei e saí deixando ele plantado.

Subi as escadas pisando forte pra ele perceber que eu estava irritada.

Entrei no quarto e bati a porta com tanta força que me assustei e ri também.

-- Que isso agora Diana? Que meninice é essa? Falei pra mim mesma.

Esse homem vai me deixar louca. E eu quero muito ele. Mas odeio muito ele. Mas quero transar com ele. Mas quero matá-lo.

Desde que tudo aconteceu. Não queria ver ninguém. Ou sair pra algum lugar. Ou vir pra casa.

Então me afundei no trabalho.

Enquanto precisassem de mim. Eu estaria pronta. Poucas vezes vim em casa. Só o necessário. Ou quando o pai me obrigava a vim a algum jantar ou reunião.

Fiz alguns cursos. E realizei alguns projetos. Só pra não pensar nele. Onde quer que eu ficasse um momento a sós. Eu o via.

Sentia seu cheiro. Sonhava com suas mãos. Desejava vê-lo. Já tinha me acostumado com sua presença e seu cuidado.

Então quando ele me mandou mensagem aquele dia me chamando pra ir numa boate nova que estava inaugurando.

Eu decidi não trabalhar a noite. E fui ao seu encontro. Naquele dia, eu ia pedir pra morarmos juntos. Já dormíamos juntos todas as noites que eu não estava de plantão. E acordavamos abraçados. Já estávamos acostumados com a presença um do outro.

Quando cheguei na boate e vi ele beijando outra mulher. Eu simplesmente congelei. Não sei o por que. Mas congelei.

Ele se aproximou todo sorridente como se nada tivesse acontecido.

Entendi naquele momento que havia cometido um grande erro. Eu apenas o olhava sem reação.

E quando ele soltou que não havia motivo pra eu ficar chateada, porque não havia nada entre nós.

Eu quase enfartei. Minha vontade era gritar. Espernear. Bater nele.

Mas eu simplesmente resolvi ir trabalhar.

E nem um beijo de despedida deixei ele me dar.

Quando virei as costas a ele. As lágrimas desceram sem minha autorização. E continuaram descendo. Mesmo eu tentando segurá-las ao máximo.

No dia seguinte ele me ligou e mandou mensagem. Não respondi.

No outro também. E nos dias que se passaram também. E nos meses que se passaram também. Até que um dia. Elas simplesmente pararam.

Eu tentei me ocupar o máximo que pude. Mas hoje tudo foi jogado na minha cabeça. Como se tudo que eu tivesse evitado. Tivesse sido guardado em um só balde. E agora resolveram despejar em mim.

Com o sol já batendo em minha sala do quarto. Entrei no banho novamente. Dessa vez de chuveiro. Voltei e me joguei na cama.

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Comments

Celia aparecida Dos Santos da Silva

Celia aparecida Dos Santos da Silva

nossa tá ficando interessante não é mesmo

2022-03-13

1

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