O capitão de polícia

As garotas estavam deitadas em seus leitos na enfermaria, elas haviam sido deixadas afastadas dos demais por orientação do diretor Ruffus, devido ao trauma que poderiam ter sofrido.

O mesmo foi a primeira pessoa a ir no quarto em que elas estavam, acompanhado da orientadora e de Gregory. Os três entraram juntos pela porta, chamando atenção das meninas que estavam caladas.

- Desculpem interromper seus descanso, minhas jovens. - Falou dando um sorriso amigável, que ficava perdido em sua longa e volumosa barba grisalha, ele se sentou no pequeno banco que estava entre as camas de Manu e Jess, seu atenção se voltou para a segunda garota, que sequer conseguia olhar para eles.

- O que você está sentindo, Jéssica? - Perguntou a orientadora.

- Ele simplesmente morreu... Ele caiu no chão... E morreu... Eu não consigo acreditar nisso. - Ela levantou seu olhar, estava segurando o choro, as lembranças daquele momento violento estavam ainda muito recentes em sua memória.

- Seu velório será na quarta feira, alguma de vocês deseja comparecer? - As três confirmaram que sim, era o mínimo que poderiam fazer por ele. Rainbow se culpava por não ter feito nada, ela sempre havia acredito que era especial de alguma maneira, que quando chegasse a hora de salvar alguém, ela seria capaz, mas quando aconteceu, ela foi inútil, não conseguiu salvar um companheiro que morreu bem na sua frente. E se fosse Jess, no lugar dele? Ela teria perdido sua atual melhor amiga por sua incapacidade de ser uma super heroína?

- A senhorita Mary Brown está muito preocupada com vocês, ela veio para a Academia assim que ficou sabendo. - Falou Gregory, sabendo que nessas horas, cada gesto daqueles que são próximos a nós, fazem a diferença. - Eu sei que seus sentimentos e sua cabeça devem estar uma bagunça agora, vocês são jovens e inexperientes e infelizmente presenciaram isso. Vocês fizeram a coisa certa em gritar, não se sintam culpadas ou algo do tipo, vocês encontraram um vilão poderoso e um companheiro morreu, por mais que doa, vocês não podem se deixar abalar por isso. Nenhuma de vocês foi culpada de qualquer coisa, se tivessem tentado enfrentar aquele homem, vocês ou suas amigas teriam morrido também e isso é um fato.

- Muito bem. - Disse o diretor se levantando - a polícia quer falar com vocês agora, se ele lhes incomodar, basta chamar que pediremos para o capitão se retirar. - Os três deixaram a sala e logo em seguida um homem que era baixinho o suficiente para se passar por um aluno da academia entrou no quarto delas, suas roupas cinzas com detalhes marrons deixavam claros que ele era da polícia.  Seus cabelos pretos e lisos tinham um penteado despojado que as vezes lhe caía sobre o olho, era jovem e bonito, apesar dos olhos serem inexpressivos.

Ele encostou a porta e olhou para as meninas, elas devolveram o olhar e assim ficaram por alguns minutos até ele finalmente quebrar o silêncio.

- Eu sou o capitão de polícia Ivancov. - Ele se aproximou de Jess e retirou uma foto de um dos bolsos de seu casaco, mostrando a ela. - Esse foi o homem que atacou vocês? - Não havia dúvidas de que era ele, a foto parecia ter sido retirada de alguma câmera de segurança, mas não tinha como confundir alguém que as marcou para sempre.

- Sim, é ele. - Respondeu Jess, encarando aquela foto. O policial guardou ela em seu bolso novamente.

- Ele é um mercenário que veio do leste Europeu. - O modo como ele falava parecia sem saco e desinteressado naquilo, o que incomodava Manu. - Não tem como saber se foi intencional seu encontro com ele ou uma mera coincidência, mas perambular próximo a Acadêmia Coração Valente para alguém que é procurado internacionalmente indica que ele estava planejando algo.

- Planejando o que? - Perguntou Rainbow.

- Não tem como saber até pegarmos ele. Por via das dúvidas, vamos estar escoltando vocês e a acadêmia.

- Você acha que ele vai vir atrás de nós de novo? - Perguntou Tamar.

- Espero que sim.

- Como assim espero que sim? - Gritou Manu com ele, já irritada com seu jeito de se portar e sua última fala havia sido a gota d'água.

- Assim eu arranco a cabeça dele, fica mais fácil.

- Você não viu do que ele é capaz... - Falou Jess num tom baixo, se lembrando da força descomunal que aquele homem tinha.

- E vocês não viram do que eu sou capaz. Agora vocês estão seguras. - Ele ajeitou seu cabelo para trás pois o mesmo estava agora caindo sobre seus olhos. Nenhuma delas havia sentido confiança em suas palavras, não tinham certeza de que se sua segurança dependesse daquele homem baixinho, elas realmente ficariam seguras.

Nenhuma delas queria conversar muito, todas estavam presas em seus próprios pensamentos e conflitos internos nesse momento, mas a que mais havia se fechado claramente era Jess, que sequer respondia quando alguém a chamava. E quando a escuridão da noite chegou, o silêncio melancólico tomou conta do quarto em que estavam. Emanuelle se levantou e foi até a cama de Jess, caminhando nas pontas dos pés que estavam descalços, ela levantou seu lençol e se deitou junto com a amiga.

Aquele toque quente que a fazia sentir cheiro de morangos e chocolates era muito calmante, ela se virou para a amiga, ambas com a cabeça coberta pelo lençol, uma pequena luz amarela brilhou na ponta do dedo de Manu para que elas pudessem olhar nos olhos uma da outra.

- O que você está fazendo? - Perguntou Jess.

- Eu vim deitar com minha melhor amiga que precisa de ajuda e companhia.

- Melhor amiga? - Ouvir isso acendeu uma pequena faísca no buraco que eram os sentimentos dela neste momento.

- Sim, e nós seremos melhores amigas para sempre.

Ela soltou um sorriso involuntário ao ouvir aquilo, especialmente para alguém que era acostumada a lidar com todos seus problemas sozinha, ter alguém disposto a lhe confortar de uma maneira íntima embrulhava a sensação terrível que existia em seu peito.

- Eu sempre quis ser sua amiga. - Ela disse olhando em seus olhos, seus rostos próximos o suficiente para uma sentir a respiração da outra, era como se uma rede protetora feita de amizade e amor estivesse bloqueando tudo de ruim que existisse lá fora.

- Eu também sempre quis ser sua amiga, mas você era sempre tão quieta que eu achava que estava te incomodando quando falava com você.

- Eu ficava sem jeito quando você falava comigo, você é tão legal e divertida, você até entrou para a Coração Valente -.

- Você também entrou! - Interrompeu Manu, que odiava ver sua amiga se pondo para baixo e se auto menosprezando.

- Mas você entrou por mérito, eu fui indicada por alguém que eu não sei quem é. Eu roubei a vaga de alguém que realmente merecia.

- Cala a boca, Jessita, você acha mesmo que eles tão investigaram e te estudaram muito para admitir sua entrada? Estamos falando da maior Acadêmia de heróis do mundo, amiga! Todos que estão aqui foram muito bem selecionados e estão aqui por algum motivo que alguém muito bom nisso conseguiu enxergar e mesmo que eu odeie a Aiko e ache que ela não deveria estar aqui, confio que quem a escolheu enxergou algo que eu não consigo ver naquela pilha de bosta asiática.

Ela deu uma pequena risadinha ao ouvir Manu xigando ela com tanta naturalidade, mesmo que racionalmente as palavras de sua amiga fizessem sentido, seu coração ainda não conseguia aceitar que alguém havia realmente a avaliado de forma rigorosa, pois se alguém tivesse de fazer isso teria reprovado sua entrada, ela não tinha dúvidas disso. Agora confortável com a melhor presença possível em sua cama, Jess sentiu todo o cansaço e estresse desse último dia, apagando completamente em questão de minutos.

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Comments

Lágrimas

Lágrimas

É um trágico ponto

2023-05-20

0

Lágrimas

Lágrimas

Tô podendo substituir intencionalmente "amiga" com "namorada"? Pq isso tá muito homossexual, cruzes

2023-05-20

0

Lágrimas

Lágrimas

Não se virarem namoradas

2023-05-20

0

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