Ela estava dando tudo de si em seus treinos, acordava cedo e ia direto para o ferro velho, onde passava o dia inteiro dando tudo de si. Replicava técnicas que via em livros e em tutorias da internet mas seu rendimento não parecia estar melhorando, era como se estivesse estagnada e não fosse mais possível evoluir.
Os genes daqueles que possuíam alguma peculiaridade davam condições sobre humanas a seus corpos, independente de qual dom a pessoa tivesse nascido, sendo assim, um corpo bem treinado valia tanto quanto uma poderosa peculiaridade e era nisso que Jess se apoiava já que não via como projetar luz pudesse ser efetivamente útil.
O sol estava quase se pondo no horizonte, Jess estava terminando sua sessão de incontáveis socos na lataria de um caminhão, esse estava aguentando mais tempo que os outros e tinham apenas alguns amassados, mas quem não estava tão resistente eram suas mãos, no último soco ela escutou um estalo e uma enorme dor em seu punho, ela puxou a mão com cuidado e sentou no chão.
Todo se punho estava ensanguentado e com muitos cortes, ao ponto de quase não ter mais pele em ambas as mãos, mas essa dor era irrelevante, o que havia feito ela parar foi seu punho que estava torto, ela conseguia ver seu osso por dentro estava fora do lugar, sentia ali uma dor enorme e latejante, mas a garota não se desesperou, ela iria o colocar de volta no lugar e depois passaria num médico, ela levantou a cabeça fechando os olhos enquanto pôs a mão no meio das pernas, começou a respirar fundo mas antes que pudesse fazer o movimento, ouviu alguém a mandando parar.
Era uma voz familiar, aquele gosto salgado era inconfundível, não precisou sequer olhar para saber que era o rapaz ruivo do outro dia. Ainda sentada ela olhou para o lado e o viu vindo em sua direção, usava as mesmas roupas e novamente tinha uma garrafa em sua mão. Por que ele estava ali? Talvez estivesse a espionando? Era um tarado? Um stalker? Ele era estranho e sua aparência não lhe ajudava muito em sua primeira impressão, Jess ficou com um pouco de medo e não queria que ele se aproximasse mas com o punho deslocado não teria muito o que ela fazer.
Ele se abaixou ao seu lado e pegou seu braço com delicadeza, passou seu dedo indicador por onde o osso estava saltado e com o que pareceu um simples empurrão, ele voltou ao lugar e parou de doer, apesar de um enorme hematoma ter ficado ali.
- Não está mais doendo... - falou ela olhando para seu punho ainda nas mãos dele.
- Não por que não está mais doendo que esteja tudo bem. Fui eu quem aliviei a dor, mas é melhor pegar mais leve por um tempo. - Ele disse agora olhando para sua mão que estava tão avariada quanto seu punho, ela puxou seu braço para longe dele, com uma pitada de vergonha, não gostava que suas feridas fossem vistas, sentia como se sua fraqueza fosse exposta, por isso treinava sozinha num local completamente isolado.
- Eu preciso continuar treinando, não posso parar. Enquanto esse estiver ruim eu treino o outro.
- Pelo que lembro você quer ser uma super heroína, certo? - Ela concordou com a cabeça enquanto ele dava um gole em sua garrafa. - Aceita? - perguntou ele a oferecendo.
- Não, obrigada! - Disse de forma enfática, não teria coragem de tomar algo do mesmo local em que ele havia colocado a boca.
- Super heróis são constituídos por três pilares; Mente, corpo e peculiaridade. Ao que parece você está desenvolvendo apenas um deles. - Parando para pensar, ele estava certo, mas era mais fácil treinar o corpo do que os outros dois, pois não tinha a mínima ideia do que ajudaria ela a lhes desenvolver melhor.
- Mas como eu faço isso?
- Vá para casa, descanse e volte aqui em cinco dias. - Dando outro gole em sua bebida, ele se levantou e estendeu a mão para ajudar ela a se levantar também. Por mais que ele não parecesse ser um especialista no assunto, havia demonstrado que sabia ao menos um pouco mais que ela própria, como não estava mais vendo evolução em sua própria rotina exaustiva de treinos, ela aceitou seguir suas recomendações para ver no que daria.
Os cinco dias que ela passou repousando em casa foi uma verdadeira tortura, sua ansiedade a queria fazer voltar a treinar o mais rápido possível, o tempo não colaborava e parecia passar cada vez mais devagar. Até que finalmente chegou o quinto dia, onde ela sequer dormiu a noite, seu corpo estava tão acostumado a suas árduas rotinas que era como se ele implorasse a todo momento para ela sair daquele apartamento e continuar a treinar.
Ela pulou da cama de manhã cedo, um banho rápido seguido de um pedaço de pão seco foi tudo que ela teve paciência para fazer, sem maquiagem ou pentear os cabelos, ela simplesmente saiu correndo de casa, para ir até o ferrovelho.
Ao chegar lá ficou muito decepcionada pois ele não estava lá, ela sentou e esperou por um bom tempo, estava com vontade de chorar, havia se deixado enganar por um bêbedo que não deveria nem lembrar que havia dito aquilo para ela. Segurando as lágrimas ela se levantou do chão e como um alívio em seu coração, ela viu ele chegando pelo caminho formado entre as pilhas de lixo, usava a mesma sandália e calça curta, mas desta vez uma capa preta adornava sua silhueta.
- Você me disse para chegar cedo! - Esbravejou ela irritada com seu atraso de horas.
- E parabéns, você chegou cedo. Eu não disse que eu chegaria cedo, apenas disse para você chegar.
Ao menos ele havia aparecido, pensou ela consigo mesma, tentando achar algo bom nessa situação.
- Me diga, qual sua peculiaridade genética?
Ela jamais havia feito uma triagem genética, algo que é de suma importância para aqueles que desejam seguir no ramo dos super heróis. Como a cadeia genética do DNA é composta por um número quase infinito de proteínas, suas combinações geram as mais diversas peculiaridades que se possam imaginar e o motivo da importância da triagem genética é conseguir identificar qual a peculiaridade específica daquela pessoa, pois muitos dons podem ser extremamente parecidos mas possuírem diferenças chaves que tornam seu desenvolvimento diferentes uns dos outros.
Em exemplos simples, existem aqueles podem gerar chamas, aqueles podem apenas dominar chamas, os que podem criar e dominar ao mesmo tempo, aqueles que podem gerar chamas através de outros processos, como micro explosões e etc. Cada pequena diferença, por mais que possam ser parecidas as peculiaridades, muda completamente sua funcionalidade.
A tia de Jéssica, que era uma empresária, via o mundo dos negócios muito mais atraente que a vida de super herói, por tanto quando assumiu a tutela de sua sobrinha, não se preocupou em fazer uma triagem genética pois seus planos eram que ela fizesse uma faculdade comum e seguisse uma vida "normal", sem riscos.
- Minha mãe era uma Lunomantica categoria três, mas eu não sei o meu. - Disse de forma envergonhada.
- Isso não é problema por agora. Por enquanto vamos focar na sua cabeça.
Ela imaginava que eles ficariam horas e horas lendo livros e aprendendo coisas como na escola mas a realidade eram coisas muito mais práticas e úteis, que fez com que Jess ficasse impressionada e a cada dia mais empolgada com os treinos.
Ele apresentou a ela coisas novas que jamais havia sequer pensado, como analisar e entender seu oponente, como agir nas mais diversas situações e etc. Coisas tão importantes quanto saber lutar, algo que ela jamais teria entendido se não fossem seus ensinamentos práticos, Klaus mostrou a ela que era alguém que realmente entendia muito do assunto, assim como Jess mostrou que pegava tudo que lhe era ensinado com muita facilidade.
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Atualizado até capítulo 29
Comments
Lágrimas
É meio foda isso
2023-05-15
0
Lágrimas
Se eu fingi que entendi eu ganho um ponto, né?
2023-05-15
0
Lágrimas
Não quero ofender, mas que esforço inútil. Você não vai melhorar desse jeito, mana. cê só tá se ferindo atoa.
2023-05-15
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