Foi uma notícia surpreendente para Jess saber que tanto Aiko quanto Marie também estariam na Coração Valente, apesar de reconhecer seu imenso potencial, acreditava que pessoas de má índole não eram aceitas nesse tipo de lugar, as coisas não eram como ela imaginava.
Se preocupar com a aprovação ou não das duas outras garotas não foi algo que ficou em sua cabeça por muito tempo pois tinha diversas coisas para fazer já que seu tempo era escasso até ter que se apresentar na academia.
Comprou uniformes e malas novas para poder levar tudo que era seu, não deseja jamais ter de voltar ali e ver sua tia novamente, seu destino estava longe desse apartamento sem empatia e amor.
Um email lhe foi enviado, avisando sobre a data e o dia que teria de comparecer a uma clínica para fazer a tão aguardada triagem genética.
A clínica era comum, tudo muito branco e limpo excessivamente, tudo ali dava a impressão de ser artificial, até mesmo as pessoas com largos sorrisos no rosto mas que seus olhos contavam outra história. Locais como esse sempre a incomodavam, não se sentia bem com toda essa artificialidade, mas hoje ficaria ali quantas horas fossem precisas para poder fazer sua triagem.
O médico que colheu sua amostra genética era um homem negro e jovial muito simpático e pediu que ela aguardasse na sala de espera que logo o exame estaria pronto, como se tratava de uma guia da Coração Valente os resultados saiam quase que na mesma hora.
Ela se sentou nas cadeiras brancas em frente a sala do doutor, a ansiedade e euforia haviam camuflado a fome do jejum de doze horas que agora voltava com força, fazendo sua barrica roncar alto. Ela ficou com vergonha do estrondo que seu corpo havia feito, queria se enterrar num buraco e só sair quando ninguém estivesse olhando.
Ela deu uma leve olhada para o lado, onde uma garota baixinha e de roupas muito largas estava sentada, seus cabelos eram curtos e bagunçados, seus cadarços estavam desamarrado e a roupa tinha alguns rasgos. Todas as suas vestes pareciam grandes demais para ela, a excessão dos allstares vermelhos desgastados que eram proporcionais ao corpo. A menina estava com uma mochila marrom enfeitada com diversos broches de filmes e séries famosas, que ela abriu e tirou um potinho de tampa vermelha de dentro.
- Você não comeu nada, né? - perguntou a garota abrindo seu pote e revelando dois pedaços de pizza fria cujo o aroma fez as pernas de Jess amolecerem. Sem jeito ela respondeu a garota que claramente havia ouvido os sons de sua barriga.
- Infelizmente não, estou de jejum desde ontem a noite.
- Toma, pega.
- Não posso, você também vai precisar comer.
- Eu nada, só vim buscar os resultados, já fiz faz tempo.
Com toda educação e formalidade que tinha, ela aceitou os dois pedaços de pizza que sumiram em cinco bocadas, revelando o tamanho da fome que ela estava sentindo. O sabor do queijo sempre se sobressaia as outras coisas, um laranja brilhante era seu gosto.
- Estava bom? - perguntou a menina.
- Sim, bem laranja.
- Laranja? - ela se virou para Jess sem entender o que ela queria dizer, se sentindo envergonhada por ter falado demais, ela então mudou de assunto.
- Prazer eu sou Jéssica, mas pode me chamar de Jess.
- E eu sou a Tamar, muitos me chamam de tampinha mas poucos vivem o suficiente para repetir.
Ela riu da brincadeira da menina que parecia ser muito despojada.
- E seus exames demoraram muito para sair?
- Era pra sair no mesmo dia mas tiveram que fechar a clínica por questões de segurança, tinha uma garota que veio fazer triagem genética, tá ligada? Mas os aparelhos não aguentavam aí trouxeram algo lá da gringa, como também não sabiam se ia aguentar acharam melhor isolar o local e não deu outra, parece que ela torrou todos os equipamentos.
- Caramba! - Falou ela chocada, deveria ser alguém muito poderosa e se ainda estava fazendo uma triagem, era alguém novo. - Será que ela está na Coração Valente também? Para ser forte assim.
- Você também tá? - Perguntou Tamar dando um sorriso debochado - Eu também estou. Mas a enfermeira disse que essa garota não vai para lá, esse poder é perigoso e descontrolado demais para ela ser uma super heróina, F pra ela.
Até chegarem os resultados de Tamar, as duas ficaram papeando por quase meia hora, ela era uma garota divertida, sentia que se dariam muito bem na academia.
Assim que a garota foi embora, Jess foi chamada para o consultório pelo médico, ela se sentou na cadeira em frente a ele, ansiosa para saber a resposta exata de sua peculiaridade.
- Vejamos, Jéssica Kali - Falou pegando alguns papéis e dando uma bela analisada neles. - Você é uma lunomantica pura. Não temos muitas pesquisas voltará na área de como a peculiaridade se desenvolve em pessoas defeituosas, mas aparentemente os genes defeituosos não chegaram a afetar os filamentos de sua peculiaridade, agora precisamos medir a intensidade.
As vezes ela esquecia em como as pessoas poderiam ser preconceituosas, ela não esperava esse tipo de coisa vindo de um médico e se sentiu decepcionada com o termo que ele havia se referido a ela, mas isso não era culpa dele em si, ele era um reflexo de toda a sociedade e as pessoas que não lhe viam como alguém estragada é que eram as exceções.
Por fim ele a levou para uma sala de testes, onde vários sensores foram presos em seu corpo e ela foi deixada numa sala branca de frente a duas antenas metálicas e ao seu lado uma vidraça temperada onde o médico a observava de outra sala com um microfone em frente a boca.
- Tá certo, Jess. Agora crie o máximo de luz que puder e não a libere.
Ela fez como ele ordenou e ergueu seus braços enchendo os punhos com uma força luminosa, era difícil conter elas sem deixar raios escaparem, exigia muita força e quando ele deu o aviso que já era suficiente, ela se sentiu aliviada e dissipou a energia de suas mãos, em seguida ele mandou ela disparar com o máximo de poder que poderia na direção das antenas que eles mediram sua força.
Ela encarou aquelas antenas e respirou fundo antes de lançar com as duas mãos o raio de energia mais poderoso que já soltará em sua vida, enquanto fazia isso, lembrou da menina que havia quebrado os equipamentos com seu poder e se perguntou se poderia ser capaz de fazer o mesmo.
Quando foi ordenado para que parasse, ela abaixou as mãos se sentindo completamente exaurida. O médico abriu a porta atrás dela segurando algumas folhas nas mãos.
- Por mais que seja uma lunomantica pura, você atingiu a escala mais baixa possível, é de nível um. Talvez daqui alguns anos com muito esforço você consiga chegar no nível dois.
Ela não o respondeu, ficou desapontada com seu desempenho e o tamanho de sua fraqueza. Havia treinado tanto, literalmente dado seu sangue para evoluir e melhorar, para chegar aqui e atingir apenas o mínimo possível. Ela seria a pessoa mais fraca que já havia frequentado a acadêmia em toda a sua história, os alunos do futuro usariam seu nome para tirar sarro daquele que tirasse as menores notas.
Ela só havia entrado por ter sido indicado, se dependesse do seu mérito, assim como fez Rainbow, teriam rasgado sua inscrição na mesma hora.
- Pode levar os resultados para sua acadêmia. Espero que eles não recusem sua matrícula depois disso, mas o erro também foi deles em aceitar alguém com os genes assim. Se for uma academia pequena, provavelmente vão achar que é possível e você tem conserto, então não perca as esperanças.
- Não era uma academia pequena... Era a Coração Valente. - Disse ela insegura.
- O que? Vejo que o prestígio caiu muito mesmo após a Crise de Valores, estão fadados ao fracasso.
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Atualizado até capítulo 29
Comments
Lágrimas
Como disse antes, tinha que ser homem ein. Aí como eu odeio essa racinha
2023-05-20
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Lágrimas
Por um momento esqueci que ela tinha sinestesia, e que foda
2023-05-20
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Lágrimas
Tadinha, vai virar vilã
2023-05-20
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