Alguns dos alunos foram para suas casas nos finais de semana, mas Jess que não tinha para onde voltar, foi uma das que ficou na escola, assim como Tamar, cuja a família não tinha condições de pagar uma passagem de ida e volta para ela. Outros dois que também ficaram mas por opção foram Rainbow e James, e o mais peculiar de todos, Shira, afirmou que estava com preguiça demais para ir ver os pais, por isso decidiu ficar na escola.
- E se nós fossemos jantar fora? - Disse Manu se jogando no sofá no micro espaço que havia entre sua amiga e o garoto que ela estava cada dias desgostando mais, James.
- Role de burguês não é comigo não. - Falou Tamar que estava deitada no sofá da frente, olhando para o teto.
- Nós fazemos uma vaquinha para pagar sua parte, Tata. - Normalmente ela se sentia constrangida em receber ajuda de outras pessoas, mas o mofo puro como Jess falava as coisas, fez com que ela aceitasse sem dizer nada.
- Vocês são loucos, sair para comer desde que inventaram as entregas, eu vou é ficar deitado enquanto como.
Por mais que tentassem, convencer o garoto que Tamar jurava ser a pessoa mais preguiça da Terra, de sair de para fazer algo era uma missão que eles não estavam preparados para lidar e o fracasso foi certo. Os quatro foram para um dos restaurantes próximos a Academia, muitos olhares eram atraídos para a mesa que eles pegaram, todos ali sabiam que jovens nessa época do ano, só podia se tratar dos notórios alunos da Coração Valente, o que mais parecia gostar desse tipo de atenção, era James, que fazia de tudo para ser notado.
Um local tão movimentado quanto esse normalmente deixava Jess muito confusa e desorientada, devida a quantidade de estímulos que sofria ao mesmo tempo, más ter sua amiga Manu por perto sempre fazia tudo ficar amenizado, sua presença abafava qualquer outra sensação que ela sentia, sendo infinitamente mais se manter concentrada enquanto ela estava próxima.
A mesa era redonda e eles haviam se dispostos nos lugares pelas pontas do círculo, que eram onde as cadeiras estavam, mas James após alguns minutos, arrastou a sua para perto de Jess, passando seu braço em volta do pescoço da garota.
- A próxima pode ser só nos dois. - Disse ele próximo ao seu ouvido, ela corou e afirmou de forma positiva com a cabeça, o sorriso branco e perfeito dele a fazia se arrepiar, se perguntava o por que de alguém como ele estar interessado nela, sua baixa autoestima a impedia de acreditar que ele realmente estava interessado nela.
Enquanto isso, do outro lado da mesa, Manu se abaixou na direção de Tamar e sussurrou tapando a boca para ela;
- Me ajuda, eu acho que vou vomitar com tanta melosidade.
- É o primeiro romance da Jess, não seja a amiga ciumenta, Rainbow.
- Mas olha para eles, sério!
- Segura, amiga, é a noite dos pombinhos.
A noite se resumiu com as duas de um lado, onde Emanuelle criticava tudo que era possível em James e Tamar escutava como uma boa amiga, sem discordar de nada, e do outro, dois jovens cujo o flerte já havia avançado para os toques e não havia dúvidas que até o final da noite evoluiria para o primeiro beijo de Jéssica.
Na hora de ir embora, o casal caminhava atrás, longe dos demais, com os braços entrelaçados e sussurrando coisas entre eles, e a cada cochicho, Rainbow revirava os olhos e não via a hora de tudo aquilo acabar, sua amiga merecia alguém melhor e mais interessante que o 'senhor perfeitinho sem tempero'. Ao virarem num beco escura, já próximos da academia, no meio daquela escuridão havia um homem alto, com a silhueta de um corpo atlético, que era notório mesmo na escuridão. Seus cabelos longos iam até o ombro, com uma barba rala que lhe dava um ar desleixado, Tamar parou instintivamente e segurou sua amiga pelo braço.
- Que caralhos aquele cara tá fazendo parado ali.
- O que foi, meninas? - Falou James de forma debochada, passando por elas. - É só um mendingo, ou algo do tipo, se estiverem com medo dele o que vão fazer quando virem um vilão de verdade? - O homem olhou diretamente para eles, ouvindo o que aquele garoto descuidado falava, Jess também parou, mas ele tentou insistir em continuar andando, puxando ela aos poucos, ao notar que a resistência da garota ficou maior, ele olhou na direção daquele homem estranho, iria mandar ele se retirar, e caso ele recusasse, seria uma ótima oportunidade para ele mostrar o quão forte era, mas o homem que antes estava encostado veio caminhando na direção deles, com a cara fechada.
- Vilões de verdade, garoto? - Ele não poderia recuar agora, passaria vergonha na frente das garotas, James soltou do braço dela e caminhou de encontro a ele.
- Cai fora.
- O que você sabe sobre vilões de verdade, garoto? - Os dois pararam frente a frente, ele era muito maior que o estudante calouro, seu porte era o de quase dois homens, mas mesmo assim ele não recuou, estava confiante que conseguiria por esse metido para correr.
Antes que pudesse fazer algo, a mão daquele homem brilhou com uma luz pálida e dourada, formando uma manopla de energia em seu punho. Ele golpeou o garoto de cima para baixo, sem muita força, James que já era acostumado a brigas, tentou bloquear o soco que vinha em direção ao seu rosto com o braço, o estalo de ossos se partindo foi ouvido pelas garotas que estavam mais atrás, que ao verem a cena, entraram em choque, ele caiu no chão com o braço partido em dois como se fosse um pedaço de madeira, seu ombro estava afundado para dentro e pescoço parecia uma mola que prendia por pouco a cabeça no corpo, ele já caiu sem vida no chão, assassinado de forma grotesca e violenta, algo que adolescente algum estaria preparado para presenciar.
- E vocês? - O homem levantou o olhar na direção das garotas apavoradas, os cabelos de Rainbow ficaram vermelhos e ela tomou a frente de Jess, disparando uma rajada de lazer na direção dele que se protegeu com sua manopla até ela cessar o ataque. - Agora vocês vão lutar? Acham que conseguem dar conta? Que no final vão dar um jeito de me vencer e serem as alunas mais badalas da academia?
O pobre James não sabia mas esse homem já havia matado mais pessoas do que poderia se lembrar, era comum para ele, e esse era apenas mais um adolescente esquentadinho e burro que ele massacrou em um beco, não havia nada de especial nele, assim como não havia naquelas garotas, ele mataria a próxima, a que se julgava valente e forte o suficiente para lhe enfrentar, enquanto as duas outras fugiriam histéricas.
- SOCORRO! SOCORRO! CHAMEM A POLÍCIA, PRECISAMOS DE AJUDA!- Começou a gritar Tamar a todo pulmão, o que surpreendeu ele, o fazendo parar de cara feia.
- O que você tá fazendo, pirralha? - As luzes dos prédios em volta começaram a acender, o barulho de janelas abrindo podiam ser ouvidas, o homem então deu risada. - Você não é uma idiota, como seus colegas. - O homem deu as costas e saiu andando a passos rápidos, antes de virar a rua, ele deu uma última olhada em Tamar, que havia corrido ao lado de Jess e Rainbow, abraçando as duas amigas.
Quem estava visivelmente pior era Jéssica, cujo os olhos estavam estralados e no rosto um semblante de desespero, Manu segurou seu rosto e tentou chamar seu nome, desesperada com a situação, suas mãos tremiam enquanto tentava confortar sua amiga, mas não poderia se deixar levar pelo medo, era sua obrigação ajudar sua melhor amiga que estava em estado de choque.
Ela levou seus lábios e tocou sua bochecha, mesmo ela própria não entendia suas ações, apenas acreditava que isso a ajudaria e de fato o fez, foi como um estalo para Jess, o toque de seus lábios, foi como injeção de calor em seu espírito e corpo, ela se agarrou no pescoço da amiga, afundando o rosto em seu ombro enquanto chorava, murmurando coisas que eram impossíveis de se entender, enquanto ela tentava lhe confortar, dizendo que tudo ficaria bem e passava a mão em suas costas.
Não haviam se passado mais que cinco minutos desde o sumiço do assassino, quando as sirenes de polícia puderam ser ouvidas e o primeiro e chegar na área foi um dos renomados super heróis da região, o Broto Selvagem, cuja a máscara e roupas eram verdes escuras e se mesclavam com a escuridão da noite, naquele beco mal iluminado, já experiente, ao ver o garoto morto no chão e as meninas em prantos, tinha uma boa ideia do que se tratava. Quem parecia menos impactada era a jovem que estava em pé, diferente das outras duas que choravam juntas abraçadas ao chão. Ele esticou sua mão e uma pequena plantinha surgiu de uma fenda da calçada, ela se abriu em belas pétalas rosadas, uma flor de pessegueira, com uma quantidade certa de amônia que foi liberada em seu desabrochar, que ao ser respirada pelas duas meninas, as fez caírem num sono instantâneamente, uma nos braços da outra.
- O que você fez? - Perguntou Tamar, de forma quase inaudível, agora que a adrenalina havia passado, ela sentia um embrulho no estômago, vendo aquela cena grotesca do garoto deformado sem vida.
- Fiz elas se acalmarem. Quando acordarem será mais fácil de digerir, a chance de trauma diminui muito. Vocês são alunas da Coração Valente?
- Sim, como você sabe?
- Presumi pela cena e por sua atitude.
Alguns carros de polícia aportaram nas duas entradas do beco, infelizmente não havia nada que pudesse ser feito, pois o pior já havia acontecido.
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Atualizado até capítulo 29
Comments
Lágrimas
BROTO SELVAGEM, que saudade cara
2023-05-20
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Lágrimas
Não sei nem como ainda se dizem amigas
2023-05-20
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Lágrimas
KSKSKSKSKS, PERDÃO mano, mas que bosta ein
2023-05-20
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