Maxwell…
Após o jantar, nos acomodamos na sala.
Sentei-me no tapete ao lado de Lucas e Sarah, no sofá, mexendo em seu celular.
— Sua festa de formatura está chegando, né? — perguntei, capturando a sua atenção.
— Sim! Estou ansiosa…
— Já decidiu qual faculdade cursar?
— Estou entre psicologia e pedagogia ainda!
— Quando irá comprar o seu vestido de formatura?
— Vou combinar com a Luara de irmos essa semana! Não quero deixar para a última hora, ela está meio estranha e estou dando espaço a ela!
— Aconteceu algo?
— Não sei, ela se afastou nos últimos dias! — diz e dá de ombros.
Percebi que algo chamava a atenção de minha irmã no celular, mais do que deveria. Ela pediu licença e foi até a varanda, atendeu a ligação de alguém e já ativei meu modo alerta.
Deixei Lucas brincando e fiquei irritado ao ouvir Sarah se despedir de alguém e dizer: te amo.
— O que você está fazendo? Com quem você está falando? — perguntei.
Sarah vai completar dezoito anos em alguns dias, mas devo protegê-la.
Ela levanta os olhos, surpresa com a repentina invasão de privacidade.
— Estou apenas conversando com algumas amigas. Relaxa!
Franzi a testa e meu coração disparou ao ouvir a palavra “relaxa”. Já fui adolescente e essa palavra parece um convite ao perigo. O pensamento dos pesadelos que me atormentam todas as noites ecoa em minha mente, relembrando-me de como o mundo pode ser cruel e imprevisível.
— Eu e algumas amigas estávamos combinando de sair amanhã à noite!
— Você sabe que não é seguro sair à noite… E se algo acontecer?
Ela, novamente suspira, como se estivesse se sentindo sufocada pela minha preocupação excessiva de irmão. Ela tentou argumentar que a vida continua e que precisa de liberdade, mas suas palavras parecem não me alcançar.
— Eu só vou garantir que você esteja segura! Você e Lucas são tudo o que tenho… prometi à mamãe…
— Entendo que você se preocupa comigo… Mas preciso viver minha vida! Tem que me dar espaço e liberdade! Já vou fazer dezoito anos e nunca me deixa fazer nada! Sempre inventa alguma coisa!
— Não quero que ninguém te machuque, te magoe...
— E vai continuar me colocando numa bolha? Eu não sou mais criança, Max! E não estou pedindo a sua permissão, posso tomar minhas próprias decisões! — altera a voz.
— Você não entende! Eu não posso simplesmente ficar parado enquanto você se coloca em perigo! Você não vai e pronto! Enquanto estiver debaixo do meu teto eu dou as ordens!
Ela cruza os braços, seu rosto se contorce em frustração.
— Você está sendo irracional! Proibindo-me de sair como se eu fosse uma criança! Isso não é amor, é controle!
— É exatamente por amor que eu estou fazendo isso! Eu te proíbo de sair de casa à noite e sabe se lá com quem!
— Você não pode me proibir de viver minha vida! Isso é absurdo! — responde, a raiva e a dor transparecem em sua voz.
Essa é a primeira vez que Sarah me enfrenta e discutimos dessa maneira.
********************
As vozes de seu pai e de sua tia começaram a elevar-se, Lucas tentou ignorar o som crescente, mas logo percebeu que a discussão estava se intensificando. Uma onda de desconforto começou a invadir seu corpo.
Os olhos do menino se arregalaram, enquanto ele parava de montar sua torre. Seu coração começou a bater mais rápido, e uma sensação estranha apertou seu estômago, um sinal claro de que algo não estava certo. Ele olhou em volta, buscando conforto, mas tudo parecia diferente agora. As vozes altas criavam uma pressão quase palpável ao seu redor.
A discussão entre os adultos tornou-se um turbilhão de sons. Ele ouvia palavras como "não" e "você sempre", que soavam como trovões em sua mente. O som da briga misturava-se com o barulho do relógio na parede, que parecia marcar cada segundo como uma eternidade.
Lucas começou a balançar-se levemente para frente e para trás, um mecanismo que ele usava para tentar se acalmar. Ele cobriu os ouvidos com as mãos, mas isso não parecia ser suficiente para bloquear o barulho. Uma onda de ansiedade tomou conta dele, ele queria gritar para que tudo parasse, mas as palavras não vinham.
Antes que ele percebesse, lágrimas começaram a escorregar por seu rosto. Ele não entendia completamente o motivo daquela angústia.
Nesse momento, Lucas sentiu-se impotente. Levantou-se abruptamente, derrubando alguns dos brinquedos ao seu redor enquanto corria em direção ao canto da sala, um espaço onde se sentia um pouco mais seguro. Ele se encolheu contra a parede, tentando encontrar alívio no pequeno espaço.
Com o som dos brinquedos caindo, encerraram a discussão e preocupados entraram na sala e viram o estado do pequeno.
Com preocupação se aproximaram lentamente, falando suavemente e garantindo que Lucas estava seguro e amado.
— Filho, não se preocupe... está tudo bem! Me desculpe, não queríamos gritar!
— Olhe para tia Lucas!
Para Lucas, cada elemento, desde os sons até as emoções, podem ser avassaladoras. A intervenção dos adultos é crucial para ajudá-lo a navegar por suas emoções complexas.
Tanto Maxwell, como Sarah se sentem culpado pela crise do garoto.
Assim que conseguem fazê-lo se acalmar, Maxwell o leva para o quarto. Ajuda Lucas a vestir o pijama, lhe conta uma história e o menino logo adormece.
***************
Maxwell...
Fiquei preocupado com Lucas e me sentindo culpado.
Assim que ele dormiu, o cobri com o edredom e sai do quarto.
Sarah estava na corredor, de braços cruzados e cabeça baixa. Ao me ver levantou seu olhar com preocupação.
— Como ele está?
— Está bem, nem demorou para dormir!
— Me desculpe, Max... eu não queria!
— Eu sei que não, mana! Eu também perdi o controle e você tem razão, não posso te prender! Pode sair com as suas amigas, mas peço que tome cuidado e não se afaste do motorista que vou mandar para te acompanhar!
— Mas...
— Se quer ir, essa é a minha condição!
Ela solta todo o ar pela boca, se dando por vencida.
— Está bem!
Deixo um beijo no alto da sua cabeça e vou para o meu quarto.
Deito em minha cama e logo adormeço...
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Atualizado até capítulo 63
Comments
Vania Benicio
A vida de Sarah não é fácil também, perdeu a mãe,o pai foi embora deixando a responsabilidade sobre Max que já está sobrecarregado com a situação do filho que foi excluído pela mãe, então Max simplesmente criou toda responsabilidade, assim como Sarah uma adolescente que vive também essa situação do sobrinho, foi criada sobre proteção do irmão, não tem conhecimento suficiente sobre os perigos e maldades que podem cruzar o seu caminho.
2025-04-10
4
Lia Esposito❤️
Também não é assim Max! deixa a menina sair, é só levar e buscar. Ou marcar a hora, não precisa largar de vez, mas o que não pode é ser autoritário desse jeito. Larga de ser idiota, eu hein!
2025-04-10
2
Helena
o que tá acontecendo com a Sarah? o cuidado do irmão pode ser exagerado,mas ele tem razão ao dizer que existe pessoas muito ruins e maldosas.
2025-04-08
4