Capítulo 2

Maxwell…

Sou Maxwell Nasser, tenho 36 anos, solteiro, formado em agronomia e agropecuária. Atualmente, dono de uma das maiores empresas de soluções em defensivos agrícolas e de nutrição foliar, fonte de energia para o solo. 

Construí a minha empresa com muito esforço, mas a deixo nas mãos do meu melhor amigo Eduardo. Gosto mesmo é de morar no campo, colocar a mão na massa, trabalho duro é comigo mesmo. Só vou à empresa assinar documentos ou para reuniões importantes que precisam da minha presença.

Tenho 1,90 de altura, corpo forte e definido que fala de um passado repleto de desafios físicos. Os músculos bem trabalhados são como troféus de uma vida de trabalho árduo, moldados por horas dedicadas a atividades que exigem resistência e força. Cabelos lisos pretos que caem de maneira quase rebelde sobre a testa. A cor escura contrasta com a clareza dos meus olhos azuis, uma tonalidade tão clara que parece refletir a luz do céu em um dia ensolarado. Esses olhos, no entanto, carregam uma carga emocional que vai além da beleza, são janelas para uma alma marcada por experiências profundas. Olhar para eles é como mergulhar em um oceano de sentimentos contidos, onde a dor e a determinação coexistiam.

Contenho um rosto que exibi traços rústicos, a minha pele branca é levemente bronzeada pela exposição ao sol, mãos calejadas pelo trabalho e cicatrizes discretas: marcas de batalhas passadas, tanto físicas quanto emocionais. Não me importo com a estética convencional, a minha aparência bruta reflete a minha natureza direta e sincera.

O amor foi uma chama ardente em meu coração, mas agora é uma memória distante, algo que prefiro esquecer. O fechamento emocional que impus a mim mesmo é uma defesa contra a vulnerabilidade que senti por ser perigosa demais para explorar novamente. Agora, meu foco está em cuidar do meu filho e da minha irmã, ambos são as minhas prioridades absolutas.

Sou um homem bruto, rústico e sistemático. 

Vou contar um pouco sobre a minha vida, óbvio que somente o que me recordo. Me lembro apenas de acordar na fazenda de Christopher, um homem que acolheu eu e minha mãe, quando chegamos à cidade.

Eu tinha 10 anos quando chegamos e não me recordo de nada do que aconteceu, é como se o passado tivesse sido apagado da minha memória. 

Movidos por íntima compaixão, abriram as portas da fazenda para nós. Empregaram a minha mãe e me colocaram numa escola particular, para que tivesse o melhor estudo, assim como todos os outros filhos dos funcionários. Eu fui um dos poucos que me esforcei e cheguei longe, mas devo tudo ao Christopher que foi um grande amigo na caminhada.

Quem vejo a minha linda e enorme fazenda, cheia de gado e enormes plantações, não sabe a metade da correria para conciliar trabalho e estudos.

Ele me ensinou tudo o que sei hoje na prática, a primeira terra que eu arei, a primeira soja que plantei, primeiro cavalo que andei, primeira vez que tirei leite... serei eternamente grato por tudo o que fez por mim.

Minha mãe se casou novamente, meu padrasto é um bom homem e sempre cuidou muito bem de nós, porém, com a morte da minha mãe, ele decidiu ir embora. Ainda mantemos contato, mas ele nunca aceitou um tostão do meu dinheiro e nem que eu ajudasse em casa. Também sou grato a ele, pelos anos de alegria que deu a minha mãe. 

Nos últimos dias dela, ficava pedindo para eu me cuidar e cuidar da minha irmã que estávamos em perigo. Quando decidiu me contar sobre o passado não aguentou e veio a óbito. Fiquei ainda mais agoniado, pois toda a minha vida tive pesadelos e quando ela morreu, piorou. Gostaria de entender o que realmente aconteceu, mas a minha memória está totalmente apagada, só me recordo da vida aqui em Alberta.

Mesmo tendo me tornado milionário, isso não impediu de ter decepções. Conheci Lexie, na faculdade, ela era uma mulher linda, educada e culta. Nos envolvemos e namoramos por anos, até que ela ficou grávida. Aquele foi um momento maravilhoso, um novo ciclo em nossas vidas. Quando Lucas tinha cerca de dois anos, começamos a perceber que ele não estava atingindo alguns dos marcos de desenvolvimento esperados. Enquanto outras crianças já estavam começando a formar palavras e explorar o ambiente ao seu redor, Lucas se mostrava menos interessado em se comunicar verbalmente. Ele frequentemente preferia brincar sozinho, imerso em seus próprios pensamentos, enquanto outros meninos e meninas da sua idade interagiam entre si.

Notei que Lucas tinha uma maneira particular de brincar, mas sua mãe não aceitava e isso era motivo para frequentes discussões. Ele se concentrava intensamente em objetos específicos, como animais de plástico ou blocos de montar, repetindo padrões e sequências sem se importar muito com o que estava acontecendo ao seu redor. Embora isso fosse fascinante, a falta de interesse em jogos sociais e na interação com outras crianças começou a nos preocupar.

À medida que nosso pequeno crescia, as preocupações aumentaram. Quando ele completou três anos, ainda não falava frases completas e frequentemente usava palavras isoladas ou sons para se comunicar. A comunicação não verbal também parecia estar ausente, Lucas raramente fazia contato visual e evitava expressões faciais que geralmente indicam emoções.

Além disso, notamos reações intensas a estímulos sensoriais. Barulhos altos ou ambientes movimentados o deixavam visivelmente agitado. Em festas de aniversário ou em parques cheios de crianças brincando, ele frequentemente se retirava para um canto tranquilo, cobrindo os ouvidos e parecendo sobrecarregado.

Preocupados com o desenvolvimento emocional e social dele, decidimos procurar a opinião de um pediatra. Durante a consulta, compartilhamos nossas observações sobre o comportamento dele e expressei as minhas preocupações sobre seu desenvolvimento de fala e habilidades sociais.

O pediatra sugeriu uma avaliação mais aprofundada com um especialista em desenvolvimento infantil. Essa recomendação foi um passo importante na jornada da família, embora Lexie não aceitasse que isso era o melhor para ele. Foi uma fase complicada, foram várias brigas, pois ela dizia que nosso filho não era doente para passar por tantos médicos e foram alguns meses de brigas, para aceitar que precisávamos entender o que havia com o nosso filho.

Mesmo a contra gosto dela, a avaliação foi realizada por uma equipe multidisciplinar composta por psicólogos, terapeutas ocupacionais e fonoaudiólogos. O processo envolveu observações diretas do comportamento dele, entrevistas conosco e testes padronizados para avaliar seu desenvolvimento cognitivo, social e comunicativo.

Durante as sessões de avaliação, os especialistas notaram vários comportamentos característicos do espectro autista. Lucas demonstrou dificuldades em compreender normas sociais simples e frequentemente não respondia quando seu nome era chamado. Além disso, sua fixação por objetos específicos foi evidente durante as atividades propostas pelos avaliadores.

Após semanas de avaliação cuidadosa, os resultados saíram. Foi diagnóstico com autismo nível 2 de suporte. Ao questionar sobre a palavra suporte, explicou que ela enfatiza ajuda, é um processo contínuo de aprendizagem e adaptação, que requer paciência, empatia e uma disposição para ouvir e entender.

É uma condição na qual a criança enfrenta desafios significativos na comunicação social e demonstra padrões restritos e repetitivos de comportamento. O médico explicou que isso explicava muitas das dificuldades que Lucas enfrentava nas interações sociais e na comunicação verbal.

Lucas Nasser, 8 anos.

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Comments

Tatiana Silva

Tatiana Silva

A ignorância atrapalha tanto o desenvolvimento da criança,minha sobrinha descobriu com mais de 20 anos,imagino que a vida dela seria mais fácil se melhor assistida como é hoje.

2025-04-07

12

Sheila Fontana

Sheila Fontana

Magia,minha linda você descreveu meu Heitor /Heart/estou fazendo avaliações de qual suporte de Tea ele tem,ele é autista não verbal,percebemos a 1ano esses sinais,agora só falta a consulta do psiquiatra para começar a ver quais as melhores terapias prs ele,hoje ele está com 2a+6m meu príncipe ❤️

2025-04-08

9

Vania Benicio

Vania Benicio

Tenho um filho autista de seis anos, graças a Deus, descobrir quando ele tinha três anos, antes mesmo dos três anos, fui observando o comportamento dele e fui em busca de ajuda, o levei a pediatra que o acompanhava e ela me indicou um neuropediatra, que deu o diagnóstico, mesmo assim ainda fui em busca de outros profissionais, ele é acompanhado por terapeuta ocupacional, psicóloga, fonoaudióloga, psicopedagoga, nutricionista, pois ele também foi diagnosticado com TDHA,TEA e seletividade alimentar... graças a Deus algumas etapas ele já conseguiu ultrapassar.
Parabéns autora,por está abordando esse tema nessa história, pois a empatia é visível e lamentável, por pessoas preconceituosas,sem noção, chego a ter pena desse tipo de pessoas ridículas.
Graças a Deus, meu filho estuda,interage com outras pessoas... é uma benção nas nossas vidas!

2025-04-09

1

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