Capítulo 7

Maxwell…

Fiquei surpreso em como Heloise cresceu, ela se tornou uma linda mulher. Não posso negar que, assim que o nosso olhar se cruzou, senti algo estranho… uma atração inegável, mas saber quem era ela, me condenei internamente. Eu a conheci quando era criança e me sentir atraído por uma menina é perturbador.

Sei que agora ela é adulta, mas sempre irei me lembrar das vezes que via aquela menina correndo pela fazenda. 

Passei a tarde toda no trabalho pesado da fazenda, quando a avistei na cachoeira. Não resisti e, como um ímã, fui puxado para perto do local onde ela estava e fiquei hipnotizado. Ela parecia uma sereia nadando…

Quando saiu da água e vi aquele corpo magro, mas com curvas, fiquei excitado e mais uma vez me repreendi.

Numa breve conversa, nos pegamos presos numa intensa e estranha troca de olhar e uma onda de calor percorreu cada partícula do meu corpo. O meu coração disparou, a minha boca ficou seca e seus lindos olhos escuros refletiam uma serenidade jamais sentida antes, talvez algo que eu nunca senti em toda a minha vida. Há um brilho em seus olhos que refletem a luz da cachoeira, uma mistura de alegria e um toque de timidez. Nunca lidei com mulheres tímidas e Heloíse é a doçura e timidez em pessoa. 

Voltei para a fazenda com uma confusão estranha na cabeça e uma sensação estranha no peito.

Deixei meu cavalo no estábulo e segui para a casa grande. Pela janela da varanda, vi minha irmã e meu filho sentados na sala brincando. 

Lucas adora a sensação dos blocos em suas mãos. A concentração em seu rosto era evidente enquanto ele tentava construir uma torre alta.

— Olha só! Você está fazendo uma torre incrível, Lucas! — diz Sarah, com entusiasmo.

Esses momentos de brincadeira são mais do que apenas diversão, são oportunidades de explorar suas habilidades motoras e sociais.

Entrei em casa, estava cansado após um longo dia de trabalho e um sorriso se formou em meu rosto. 

— Oi, meu pequeno! — cumprimentei com brilho nos olhos. — O que vocês estão construindo?

Lucas virou-se lentamente para mim, um brilho de alegria em seus olhos surgiu. Ele levantou uma peça do bloco como se estivesse apresentando sua obra-prima.

— Torre! — disse Lucas com uma voz clara e cheia de orgulho.

Agachei ao lado de Lucas e admirei a sua construção, acariciando seus cabelos.

— Uau! É a maior torre que já vi! Você é um arquiteto incrível! 

— Nosso pequeno é o melhor! — diz Sarah sorridente. — Mas eu acho que o seu pai precisa de um banho, né Lucas? Está um cheirinho de suor... — zomba.

— Banho... pai!

Rimos.

— Eu vou tomar um banho rápido e já volto para ajudar você com a lição de casa, tá bom?

Lucas assentiu levemente com a cabeça, acariciei o seus cabelos e fui para o meu quarto.

Durante o banho, já me sentia renovado, mas com os pensamentos uma verdadeira bagunça. Eu não tirava Heloíse da cabeça e as reações que ela provocou em mim.

Vesti uma roupa limpa e voltei para a sala, onde Lucas ainda estava brincando com os blocos e Sarah o observava atentamente.

— Pronto para a lição? — perguntei ao entrar na sala.

Lucas olhou-me e sorriu suavemente. O meu coração se encheu de amor ao ver o entusiasmo dele ao perceber que eu estava ali para ajudá-lo.

Fomos até a mesa, puxei uma cadeira e o chamei.

Ele trouxe os materiais escolares que estavam prontos para a lição, cadernos abertos com exercícios simples de matemática e algumas folhas coloridas.

Comecei explicando as tarefas uma por uma, usando métodos visuais que ajudavam Lucas a entender melhor os conceitos. Usava pequenos objetos como lápis e até mesmo os blocos que estavam ali perto como ferramenta didática.

— Se temos três blocos aqui e você me dá dois, quantos blocos sobram? 

Lucas olhou atentamente para os blocos espalhados sobre a mesa antes de responder:

— Um!

— Exatamente! 

Esses momentos entre pai e filho, não é apenas sobre fazer lição de casa é uma oportunidade preciosa de criar laços através da aprendizagem. 

Nunca fui um homem paciente, mas estou aprendendo com meu filho.

Sarah nos olha e sorri.

Enquanto ele faz o dever, meus pensamentos vão para o momento que vi Heloíse ao descer daquele carro. O meu coração disparou só de lembrar e senti um frio estranho na barriga.

— Está tudo bem, mano? — pergunta Sarah, me tirando dos meus devaneios.

— Está sim! Por que não estaria? — questiono, balançando a cabeça para afastar os pensamentos. 

— Parece distante!

— Não é nada!

Foquei em ajudar Lucas e assim que terminamos, Sarah o ajudou a guardar o material e fomos para a sala de estar. 

O aroma da deliciosa refeição preparada por Zanja, nossa cozinheira, pairava no ar. Um dos pratos era macarrão ao molho de tomate, o preferido de Lucas.

Sarah preparou o prato dele, decorado com um toque de queijo ralado por cima e um pouco de manjericão fresco.

Ele olhou para a comida com curiosidade e um sorriso tímido se formou em seu rosto. Ele é um garoto que gosta de rotinas e previsibilidade, e aquele momento familiar o deixava confortável.

Nos servimos e comecei a conversar sobre o meu dia no trabalho, compartilhando histórias engraçadas sobre os animais da fazenda. Lucas escutava atentamente, embora às vezes olhasse para o prato em busca de uma nova maneira de organizar seu macarrão.

Sarah interagia com entusiasmo, fazendo perguntas a Lucas sobre suas atividades na escola e os desenhos que ele havia feito recentemente. Estamos sempre atentos para inclui-lo nas conversas, criando um espaço seguro onde pode se expressar sem pressões.

— E você, Lucas? O que você desenhou hoje? — perguntou Sarah.

Lucas hesitou por um momento, mas então começou a descrever uma cena do seu desenho favorito: uma floresta cheia de animais coloridos.

— Tem um leão… e… e muitos pássaros! — disse ele, gesticulando animadamente enquanto falava.

Enquanto as conversas fluíam, notei que Lucas estava começando a ficar mais agitado. Ele tinha o hábito de brincar com os talheres quando estava ansioso ou sobrecarregado, então decidi intervir:

— Filho, você gostaria de me ajudar a contar quantos pedaços de queijo temos no prato?

Lucas olhou para o pai e rapidamente se concentrou na tarefa proposta. Contar era uma atividade que ele gostava muito e isso ajudou a redirecionar sua atenção.

— Um… dois… três… quatro! — contou Lucas em voz alta, enquanto eu sorria orgulhoso.

Após o jantar, Sarah trouxe uma sobremesa que ela mesma havia preprado, cupcakes decorados com glacê colorido. O brilho nos olhos de Lucas ao ver os cupcakes era contagiante.

— Você pode escolher o seu favorito! — disse ela, enquanto colocava os bolinhos na mesa.

Lucas observou atentamente as opções antes de escolher um cupcake azul decorado com estrelas prateadas. Ele parecia radiante ao fazer sua escolha.

A refeição terminou em harmonia, repleta de amor e compreensão. Aprendi que para Lucas, esses jantares não são apenas sobre comida, mas também experiências significativas que contribuem para sua segurança emocional e desenvolvimento social, momentos preciosos que moldam suas memórias familiares com carinho e alegria.

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Comments

Fátima Ribeiro

Fátima Ribeiro

Queria saber a idade da irmã do Max .

2025-04-08

5

Lili Monteiro

Lili Monteiro

É Max a mocinha da fazenda ao lado tá ocupando mais espaço na sua mente do que na própria fazenda kkkkkkkkk

2025-04-08

3

Vania Benicio

Vania Benicio

Nossa que essa história realmente é um aprendizado sobre o autismo, como realmente conviver, ajudar e compartilhar esses momentos tão significativos!
Muito amor, compreensão e partilha!!

2025-04-10

0

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