Capítulo 12

Maxwell...

Voltei para a fazenda e não conseguia parar de pensar em Heloíse, não sei onde estou com a cabeça. Essa garota é muito mais nova do que eu, mas desde que chegou esta mexendo comigo de uma maneira que ninguém nunca foi capaz. Com apenas um olhar, sinto toda a tempestade de medo e angústia dentro de mim se acalmarem e confesso que essa situação, está me assustando.

Ao chegar em casa, almocei com meu filho e irmã, ela estava um pouco mais animada. Sarah, ficou me olhando com curiosidade, quando avisei a funcionária que amanhã teríamos uma visita no almoço.

— O que foi? — perguntei.

— Vamos ter visita? Desde quando? Não me diga que é aquela chata da Florença!

— Não sei qual a sua implicância com Florença, mas não é ela! Como agradecimento, convidei Heloíse...

Ela sorriu.

— Que legal! Nossa dessa vez você deu uma dentro!

Revirei os olhos e ela riu.

— Ela foi incrível comigo! Ela está muito linda, né?

— Sim, uma linda mulher! — digo em pensamento, mas saiu em voz alta.

A minha irmã deu um sorriso de canto e percebi que pensou algo errado.

— Pode esquecer e tirar esse sorrisinho do rosto! Heloíse é uma menina, tem quase a sua idade!

— Ah, velhinho! Fala sério, Max! Desde quando o coração tem idade para se apaixonar? Heloíse é uma mulher adulta, linda, independente...

— Mas cresceu na riqueza, é uma mulher elegante e nós somos simples demais e meu coração está fechado para balanço! E tem o meu filho...

Sarah dá de ombros desacreditada com o que digo. No entanto, ela não entende que não quero colocar uma mulher em casa que vá desfazer do meu filho. Se a própria mãe o rejeitou, não permitirei que ninguém nunca mais o rejeite.

— A minha prioridade é e sempre será Lucas!

— Também precisa ser feliz, se encontrar mano! Desde que te conheço nunca te vi agindo com espontaneidade! Nem mesmo com ela... sempre foi assim... fechado!

— Não quero mais falar disso, Sarah! Estou bem assim e não preciso de mais ninguém!

Após o almoço, decidimos ir brincar com Lucas no jardim. As flores coloridas dançavam ao vento, e o canto dos pássaros criava um ambiente alegre e tranquilo. Preparei uma atividade que envolvia blocos de construção e figuras de animais. Sei que Lucas adora criar cenários e histórias com seus brinquedos. Comecei a construir uma pequena fazenda com os blocos, enquanto incentivava Lucas a participar.

— Que tal fazermos uma fazenda cheia de animais? — sugeri, segurando um dos animais de brinquedo de plástico.

Lucas olhou atentamente para mim e depois para os blocos espalhados ao seu redor. Ele parecia hesitante no início, mas a minha empolgação parecia contagia-lo. Juntos, começamos a empilhar os blocos, criando cercas e estábulos. Cada nova construção era acompanhada por risadas e comentários animados, Sarah falava pelos cotovelos, como sempre.

Ela nos observava sob uma sombrinha na mesa de pedra do quintal. Com um copo de suco gelado em mãos, ela sorria ao ver a nossa interação. Sarah sempre diz que, esses momentos são um exemplo perfeito de como o amor e o apoio podem fazer toda a diferença na vida de Lucas.

Sabemos que essas experiências são essenciais para ajudá-lo a desenvolver habilidades sociais e motoras.

À medida que continuamos a brincar, comecei a criar histórias em torno da fazenda que estávamos construindo. Inventei personagens divertidos para cada animal: uma vaca chamada "Mimi" que adorava dançar e um porquinho chamado "Pipoca" que sempre estava se metendo em encrenca.

— E agora precisamos de um cavalo para ajudar Mimi! Que tal você escolher um bloco grande para fazer o estábulo? — perguntei.

Lucas olhou para os blocos e então escolheu um bloco azul brilhante. Ele colocou-o cuidadosamente no lugar certo, como se estivesse criando algo muito especial. O seu olhar era de concentração e alegria, ele estava se envolvendo na brincadeira.

E assim foi a nossa tarde.

No final da tarde, ela o levou para tomar banho e eu fui ver como estavam as coisas na fazenda. Passei o dia todo longe e gosto de ficar sabendo de tudo, principalmente se houver algum problema.

Assim que me certifique de que tudo estava bem, decidi dar um passeio a cavalo.

Quando me dei conta, estava em frente a propriedade dos Connor. Vi Heloíse na varanda, até tentei passar despercebido, mas ela me viu e fez tchauzinho.

Sem graça, me aproximei e ela com um lindo sorriso nos lábios veio ao meu encontro descendo lentamente a escada.

— Perdido por aqui? — perguntou divertida.

— Estava dando um passeio! Gosto de andar por aí com o cair da noite!

— É linda, né? — pergunta com um sorriso radiante, olhando para o céu que começa a escurecer.

— Maravilhosa! — digo analisando cada detalhe de seu rosto, parecendo enfeitiçado por ela.

...Droga! Falei alto demais!...

Ela me olhou e percebendo o meu olhar, ficou sem graça e colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha.

Pigarreio e desvio o olhar.

— Quer tomar um vinho? — pergunta timidamente.

Mais uma vez ela me surpreende.

— Não quero incomodar, Joaninha!

— Não vai! É bom que assim não me sinto tão sozinha! — diz acariciando a cara do meu cavalo.

Desci do cavalo, o amarrei e ela pediu para os funcionários trazerem água e comida para ele.

Fiquei sentado na varanda, ela entrou e fiquei me perguntando o que vim fazer aqui. Ela já está tomando conta dos meus pensamentos e ainda me coloco nessa situação.

Heloíse voltou com Romana, traziam vinho, duas taças e uma tábua com frios. A mulher me cumprimentou e logo nos deixou a sós.

Heloíse sentou-se de frente para mim, abri a garrafa e nos servi.

— Me desculpe, Heloíse, não quis ser evasivo... invadindo a sua fazenda!

— Não foi! Somos vizinhos, nossas propriedades fazem divisa!

— Vinho muito bom! — digo, após saborear um gole que dei.

— Meu pai tem os melhores na adega! Quando quiser conhecer...

— Gostaria sim!

Ficamos em silêncio por alguns minutos, olhando para a noite linda que se formava a nossa frente.

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