Heloíse...
Aqui estou eu, voltando para a fazenda onde passei anos morando. Após o sequestro de Nathan, meus pais resolveram ficar em Toronto com meu irmão até tudo se resolver e eu decidi que precisava ficar um tempo sozinha.
Ao olhar pela janela e observar as nuvens se formando como um manto suave sobre a terra, fui tomada por lembranças da infância. Recordei dos dias ensolarados passados na fazenda com meus pais e irmãos, onde corria livre entre os campos, rodeada por animais e pela simplicidade da vida rural. As memórias de risadas com a família, tardes de brincadeiras e os cheiros familiares da natureza me envolvem em um abraço reconfortante, mas também trazem uma pontada de tristeza ao lembrar que aqueles tempos foram deixados para trás. Contudo, desde que entrei no avião, há uma sensação estranha no ar, um pressentimento de que algo está prestes a mudar. É como se o destino estivesse preparando uma nova fase em minha vida. Sinto isso em cada fibra do meu ser, talvez seja o retorno à minha terra natal ou a possibilidade de redescobrir partes esquecidas de mim mesmo.
Conforme o avião começa a descer em direção ao aeroporto de Alberta, observo as vastas extensões verdes se aproximando. A visão da fazenda se revela entre as ondulações do campo.
Ao aterrissar, percebi que não é apenas o lugar que mudou, mas eu também mudei. As lições aprendidas durante minha ausência e as experiências vividas moldaram uma nova versão de mim.
Ao sair do terminal e sentir o ar fresco e limpo de Alberta, respirei fundo, tentando absorver tudo ao meu redor. Cada aroma familiar revisita memórias adormecidas, o cheiro da terra molhada após a chuva, o perfume das flores silvestres que crescem ao longo das trilhas, e até mesmo o som distante dos animais nas fazendas.
Estou sentindo que essa é uma oportunidade única: um momento para redefinir quem sou e como desejo viver a minha vida daqui para frente.
Esqueci de avisar os funcionários da fazenda para me buscarem, então saí em busca de um Uber. Um sentimento estranho pairava no ar, como se tudo estivesse prestes a mudar e estou pronta para abraçar essa nova fase, com todas as suas incertezas e promessas.
Caminhava pelas ruas, reconhecendo o local com meu coração quentinho, até que vi a cafeteria que eu e minha amiga costumávamos frequentar depois das aulas do colégio.
Quando fui atravessar a rua, um carro veio para cima de mim e pensei que ali seria o fim, mas freiou e por sorte não fui atingida.
Minha mala caiu no chão, meu coração quase saiu pela boca e minhas pernas ficaram bambas.
Respirei fundo, tentando me recuperar do susto.
O homem saiu do carro imediatamente...
— Você está bem?
Ao levantar o rosto e ver aquele rosto em minha frente, meu coração disparou ainda mais, minha boca ficou seca e minhas mãos começaram a sua frio.
...Era ele! Maxwell Nasser... e estava ainda mais lindo do que eu me recordava!...
Parece estar mais alto, musculoso e sexy.
O homem a minha frente paralisou, uma de suas sobrancelhas levantou e parecia confuso, não sei explicar.
— Max? — perguntei e minha voz saiu quase que num sussurro.
Ele pareceu ainda mais confuso.
Eu cresci e fiquei bem diferente, provavelmente não se recorda de mim.
— Heloíse... —digo.
Ele sorri desacreditado e ao mesmo tempo impressionado.
— Filha do Christopher e da Sophia?
— Sim!
— Joaninha? Como cresceu?
Revirei os olhos, pois odiava quando me chamava de joaninha. Me fazia sentir uma bebê, ele dizia que me deu esse apelido, porque toda vez que eu estava por perto, algo bom acontecia.
...Resumindo, virei amuleto de proteção e sorte! Aff!...
Ele disfarçou o olhar intenso que cruzava ao meu, me deixando sem ar e disse:
— Me desculpe... você se machucou?
— Não, foi apenas um susto! Estou bem... devia estar mais atenta!
— Eu que falhei!
Sorri ainda o encarando.
...Como sou idiota! Não posso acreditar que voltei para Alberta e estou me deixando levar pela beleza desse homem! Foco mulher! Foco!...
— Bem, vou ver se acho um uber... — dizia intentando abaixar para pegar a minha mala, mas sou interrompida.
— Espera, eu te ajudo!
Ele pegou a minha mala e colocou em cima do passeio.
— Não precisa de Uber, eu faço questão de te levar!
— Não quero atrapalhar!
Ele nega com a cabeça e coloca a minha mala no banco de trás do passageiro do veículo.
— Tem certeza, que não vou incomodar?
— Absoluta!
Mesmo com aquele jeito bruto, rústico e sistemático, ele abriu a porta do carro para eu entrar.
Assim que assumiu a direção, ligou o carro e seguiu viagem.
— E então, joaninha, o que anda fazendo?
— Eu... acabei de me formar em veterinária e decidi passar uma temporada na fazenda! Sabe aquele momento que sente que precisa se encontrar?
— Sim! Acredito que todos passamos por isso!
— E você conseguiu? — perguntei o olhando, mas manteve seu olhar sério fixo na estrada.
— A minha vida é complicada! Mas tenho certeza, que logo irá se encontrar!
Sorri e foquei meu olhar na estrada.
Estava inebriada pelo cheiro do campo que se misturava ao perfume desse homem.
Eu nunca mais quis saber nada de Max, então não sei se ele se casou, se tem filhos... A única coisa que soube, era que sua mãe havia morrido. Meus pais vieram para o enterro, já eu e meu irmão não quisemos vir, não gosto de enterros, acho muito triste. A verdade, é que não queria vê-lo e me neguei a saber qualquer coisa sobre ele. Coisa de adolescente...
Durante o caminho eu segurava o ar de meus pulmões, evitando fazer qualquer coisa errada perto desse homem. Ele tem uma presença marcante, um olhar forte e fico atordoada perto dele.
Até chegar na fazenda, nossa conversa foi sobre a minha família. Queria saber se todos estavam bem e as novidades.
Ele não parava de me chamar de joaninha e isso estava me incomodando, ele não percebe que cresci.
— Chegamos!
— Obrigada, Max! — digo olhando para ele.
Nos olhamos fixamente, ele ainda parecia surpreso e desacreditado de que aquela menina havia crescido e se tornado uma mulher.
Desviei o olhar e ele imediatamente desceu, abriu a porta para mim e em seguida, retirou a minha mala.
Jack e Romana, os funcionários mais antigos da fazenda saem da casa grande e ficam surpresos e felizes ao me verem.
Nos cumprimentamos com um abraço apertado, agradeço Max e ele vai embora.
Entrei na casa grande conversando com Jack e Romana e olhando para o carro de Max que sumia do nosso campo de visão.
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Atualizado até capítulo 63
Comments
Hewellyn Ferreira
QUE SEQUESTRO FOI ESSE AUTORAAAAAAAAAA?
2025-04-09
5
Tatiana Silva
Agora mais do que nunca 😉
2025-04-08
5
Sou cacheada965☺️
eu amo esse casal, Chris e Sofia🥰
2025-04-07
6