A Dor da Separação

Alice caminhava sem rumo pelas ruas da cidade, tentando conter as lágrimas que ameaçavam transbordar. Cada passo parecia pesar toneladas, como se o chão estivesse prestes a desmoronar sob seus pés. O ar estava frio, mas não se comparava ao gelo que sentia dentro do peito.

O que mais doía não era o fato de Davi ter estado com outra pessoa, mas sim a sensação de que ele não lutou por eles. Como ele pôde deixá-la ir tão facilmente? Como pôde permitir que a solidão o levasse para os braços de outra?

Ela parou em um banco da praça, tentando recuperar o fôlego. Seu telefone vibrou. Uma mensagem de Davi:

“Alice, me perdoe. Nunca quis te machucar. Me deixa explicar melhor?”

Seus dedos pairaram sobre a tela. Parte dela queria ignorá-lo para sempre, mas outra parte ansiava por respostas. Respirou fundo antes de digitar:

“Não agora. Preciso de tempo.”

Ela apertou o botão de envio e guardou o telefone. Tempo. Mas será que tempo realmente resolveria aquilo?

Nos dias seguintes, Alice se jogou no trabalho. Evitou Davi ao máximo, recusando suas ligações e ignorando suas mensagens. Seus amigos perceberam que algo estava errado, mas ela não queria falar sobre aquilo. Não queria admitir para ninguém que seu coração estava partido.

Certa noite, sua melhor amiga, Helena, apareceu em seu apartamento sem aviso prévio, segurando uma garrafa de vinho e uma sacola com seu prato preferido.

— Tá na hora de você parar de se esconder — disse Helena, entrando sem pedir permissão.

Alice suspirou.

— Eu não tô me escondendo. Só tô tentando seguir em frente.

Helena arqueou uma sobrancelha.

— Ignorando tudo não é seguir em frente. Você precisa enfrentar isso, amiga.

Alice cruzou os braços, relutante.

— E o que você quer que eu faça? Que vá até o Davi e peça pra ele me explicar de novo como foi fácil pra ele me substituir?

Helena se aproximou e segurou suas mãos.

— Eu quero que você entenda o que realmente aconteceu. Você ainda ama ele?

Alice desviou o olhar, sentindo um nó na garganta. Sabia a resposta, mas dizer em voz alta a tornava mais real.

— Sim — admitiu baixinho.

Helena sorriu com tristeza.

— Então, talvez seja hora de ouvir o que ele tem a dizer. Não significa que você tem que perdoá-lo, mas pelo menos vai tirar esse peso do peito.

Alice suspirou. No fundo, sabia que Helena estava certa. Fugir não faria a dor desaparecer.

No dia seguinte, depois de muito pensar, Alice decidiu mandar uma mensagem para Davi.

“Podemos conversar?”

A resposta veio quase de imediato.

“Claro. Onde você quer se encontrar?”

Ela hesitou antes de responder.

“No parque, onde costumávamos ir.”

Seu coração bateu acelerado enquanto se dirigia ao local. Ao chegar, encontrou Davi já esperando por ela, sentado no mesmo banco onde tantas vezes compartilharam momentos felizes.

Ele se levantou ao vê-la, os olhos carregados de arrependimento.

— Alice…

Ela ergueu uma mão, indicando que queria falar primeiro.

— Eu só preciso entender — disse, sua voz firme, mas suave. — Foi tão fácil assim para você me substituir? Eu fui embora e, de repente, você encontrou outra pessoa?

Davi passou a mão pelos cabelos, claramente angustiado.

— Não foi fácil. Foi horrível, na verdade. Eu sentia sua falta todos os dias. Mas eu também me sentia… perdido. Sozinho. E então essa pessoa apareceu, e eu deixei acontecer. Não porque eu quisesse te esquecer, mas porque eu estava tentando preencher o vazio.

Alice sentiu uma dor aguda no peito. Era difícil ouvir aquelas palavras, mas pelo menos eram honestas.

— E o que você sente agora? — perguntou, a voz embargada.

Davi segurou seu olhar.

— Eu te amo. Sempre te amei. Mas não sei se ainda tenho o direito de pedir para você me amar de volta.

Alice fechou os olhos por um momento, permitindo-se absorver aquelas palavras. O amor ainda estava ali, mas o estrago também.

Ela abriu os olhos, olhando para ele com tristeza.

— Eu preciso de tempo, Davi. Não sei se consigo confiar em você de novo tão cedo.

Davi assentiu, respeitando sua decisão.

— Eu vou esperar. O tempo que for preciso.

Alice se levantou, sentindo o coração pesado. A dor ainda estava ali, mas, pela primeira vez em dias, ela sentiu que poderia, um dia, encontrar um caminho para a cura.

Ela se afastou sem olhar para trás, deixando Davi sentado no banco, observando-a partir. O futuro deles ainda era incerto, mas, pelo menos, agora a verdade estava dita.

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